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100 livros essenciais da literatura brasileira: ‘A Moreninha’

Sucesso estrondoso da obra no século 19 posicionou Joaquim Manuel de Macedo como o escritor mais lido entre fins da década de 1840 e início da de 1850

Por Redação Bravo!
Atualizado em 26 jun 2024, 11h24 - Publicado em 25 jun 2024, 10h00
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Cronista de sua época, Macedinho, como era carinhosamente chamado, foi um autor popular (Ademir J. Souza/reprodução)
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No Brasil de meados do século 19 havia uma distância cultural entre as elites, que buscavam copiar os valores e costumes europeus, e o povo em geral, que se pautava por estéticas e hábitos rejeitados pelas primeiras. Na literatura, romances e folhetins eram lidos quase que exclusivamente por mocinhas e rapazes da corte e por senhoras casadas com representantes da alta burguesia: políticos, banqueiros, comerciantes etc.

Esperava-se com ansiedade a chegada do paquete, que trazia as novidades da Europa: romances de Eugène Sue, Alexandre Dumas, Walter Scott. Assim, o nosso Macedinho (como o escritor Joaquim Manuel de Macedo era carinhosamente chamado) foi um dos primeiros a lançar-se nesse bem-sucedido filão e, sem dúvida, tornou-se o mais amado nos primórdios de nossa literatura.

Quem foi Joaquim Manuel de Macedo?

Nascido em junho de 1820, em Itaboraí, Rio de Janeiro, Joaquim Manuel de Macedo graduou-se em medicina, mas, em vez de dedicar-se a esse ofício, tornou-se professor (deu aulas no Colégio Pedro 2º e foi preceptor dos filhos da princesa Isabel), político (elegeu-se várias vezes deputado pela ala conservadora do Partido Liberal) e, claro, escritor. Morreu em 11 de abril de 1882, deixando uma obra extensa, entre romances, peças de teatro, poesia e livros que hoje despertam grande interesse histórico, como Um Passeio pela Cidade do Rio de Janeiro (1878).

Qual é a história do livro A Moreninha?

Lançada em 1844, A Moreninha foi sua primeira e mais importante obra de ficção. O livro fez sucesso tão grande e inesperado que levaria Macedo a escrever outros 17 romances, entre melodramáticos, cômicos e históricos. Nenhum, porém, com notável evolução de estética ou de conteúdo. Neles, o escritor demonstrou claramente uma tentativa de seguir a “receita” do seu sucesso.

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Em A Moreninha, Augusto, um estudante de medicina, aposta com seus colegas que jamais se apaixonaria por mulher alguma por mais de 15 dias e, caso um dia isso ocorresse, escreveria um romance sobre a relação. Em pouco tempo, apaixona-se por Carolina, irmã do amigo Felipe, um dos colegas com quem tinha feito a aposta.

Entretanto, Augusto tinha jurado, quando criança, amor eterno a uma menina cujo nome não sabia. Por isso, a relação com Carolina evolui com dificuldade, até que, ao final da história, a moça revela ser sua paixão de infância, e os dois finalmente se casam. E o romance que tinha prometido é escrito: A Moreninha.

De acordo com o crítico Antonio Candido, em Formação da Literatura Brasileira, o valor social e literário da obra de Macedo está no “fato de ele se ter esforçado em transpor a um gênero novo entre nós os tipos, as cenas, a vida de uma sociedade em fase de estabilização, lançando mão de estilo, construção, recursos narrativos os mais próximos possíveis da maneira de ser e falar das pessoas que o iriam ler”.

Embora, no plano estético, ainda segundo o crítico, haja “incoerência à vontade” e “verossimilhança ocasional”, Macedo foi o escritor mais lido entre fins da década de 1840 e início da de 1850. Um dos fundadores do romance brasileiro, foi considerado nosso principal ficcionista até o êxito de O Guarani (1857), de José de Alencar.

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Este texto foi originalmente publicado em 2009 como parte no Ranking especial da Revista Bravo!: 100 livros essenciais da literatura brasileira

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