5 livros curtos de até 100 páginas para você voltar a ler ainda hoje
Na seleção, estão obras de autores contemporâneos de destaque, como Annie Ernaux e Édouard Louis

Retomar o hábito da leitura pode ser mais leve quando se começa por obras curtas, mas de impacto. Selecionamos cinco títulos com menos de 100 páginas que podem ser lidos em poucas horas e oferecem experiências literárias impactantes. Incluindo obras de autores contemporâneos de destaque, como Annie Ernaux e Édouard Louis.
O Papel de Parede Amarelo (José Olympio, 2016), de Charlotte Perkins Gilman
Charlotte Perkins Gilman narra a história de uma mulher fragilizada que, sob tratamento médico, se muda com o marido para uma fazenda antiga, esperando recuperação emocional. A mansão e seus jardins parecem perfeitos, mas o quarto em que o casal se instala, com seu sombrio papel de parede amarelo, revela uma estranha inquietação. Publicado em 1892, o conto tem sido lido como uma história de terror ou de distúrbio mental, mas vai além: confronta as relações de poder entre homens e mulheres, expondo a política sexual do século XIX.
O Lugar (Fósforo Editora, 2021), Annie Ernaux
Esse é o livro que projetou Annie Ernaux e marcou o início de um projeto literário que a consagraria nas décadas seguintes. Nessa autossociobiografia, a autora revisita a vida do pai para refletir sobre família e classe social, combinando memória e análise sociológica. A obra, considerada um clássico moderno, influenciou diretamente escritores como Édouard Louis e Didier Eribon.
A festa de Babette (SESI-SP Editora, 2020), Karen Blixen
Na obra, Karen Blixen narra a chegada de uma misteriosa francesa a um vilarejo na costa da Noruega. Fugitiva do massacre da Comuna de Paris em 1871, Babette se oferece como cozinheira a duas irmãs puritanas, filhas de um pregador local. Anos depois, ao ganhar na loteria, prepara um banquete luxuoso em homenagem ao pai das mulheres, transformando a vida austera da comunidade. Conto mais conhecido da autora de “A fazenda africana”, a história ganhou adaptação cinematográfica dirigida por Gabriel Axel, vencedora do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1988.
Quem matou meu pai (Todavia, 2023), Édouard Louis
Édouard Louis constrói uma narrativa breve e intensa sobre a relação com o pai, marcada por frieza, autoritarismo e homofobia. Entre memórias da infância na cidade do interior e visitas ao pai doente em busca de reconciliação, o autor transforma experiências pessoais em crítica social, denunciando desigualdade, opressão e a inércia da classe política. Com um tom de manifesto, o livro reflete sobre vergonha, abandono e os impactos das estruturas sociais na vida familiar.
O Homem que Plantava Árvores (Editora 34, 2018), de Jean Giono
Um jovem perdido no sul da França encontra um velho pastor, Elzéard Bouffier, que dedica sua vida a plantar árvores. Silencioso e persistente, ele transforma lentamente a paisagem desolada em uma região fértil e cheia de vida. Essa fábula inspiradora mostra como gestos simples e constantes podem provocar mudanças profundas e duradouras.