Avatar do usuário logado
Usuário
OLÁ, Usuário
Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br

5 livros que ajudam a entender a violência de gênero em suas múltiplas faces

Reunimos obras que contribuem para o debate público e que poderiam — e deveriam — integrar o repertório de leitura de mais homens

Por Redação Bravo!
12 dez 2025, 09h00 •
king kong fran
Rafaela Azevedo no espetáculo "King Kong Fran", texto que foi publicado pela Cobogó (divulgação/divulgação)
Continua após publicidade
  • Nas últimas semanas, episódios sucessivos têm exposto com clareza a dimensão da violência de gênero no Brasil. Os números mostram um cenário persistente e alarmante. No primeiro semestre deste ano, foram registrados 718 feminicídios e mais de 33 mil casos de estupro, média de 187 por dia. Apesar disso, o tema ainda recebe atenção insuficiente por parte das autoridades.

    Diante desse contexto, reunimos cinco livros que oferecem perspectivas fundamentais para compreender a violência de gênero em suas diferentes expressões. São obras que contribuem para o debate público e que poderiam — e deveriam — integrar o repertório de leitura de mais homens.

    Insubmissas lágrimas de mulheres (Malê, 2016), Conceição Evaristo

    O livro reúne contos marcados por escrita precisa e profunda carga emocional, formando um retrato de solidariedade e afeto entre mulheres, especialmente mulheres negras. As histórias provocam deslocamentos, reflexões e um sentimento de comunhão que só a literatura potente é capaz de produzir, reafirmando a importância de Conceição Evaristo no cenário literário brasileiro.

    Triste tigre (Amarcord, 2025), Neige Sinno

    A publicação reúne o relato de Neige Sinno em uma investigação literária direta e rigorosa sobre a violência sexual que atravessou sua infância e adolescência, marcada pelos abusos cometidos pelo padrasto entre seus sete e quatorze anos. Anos depois, já adulta, ela rompe o silêncio, denuncia o agressor e acompanha o processo que o leva à condenação. O livro organiza memórias, documentos e reflexões acumuladas ao longo de décadas, abordando as dificuldades de nomear um trauma e os limites da linguagem diante do horror. Sinno dialoga com autores como Nabokov, Woolf, Toni Morrison e Virginie Despentes, questionando como representar a figura do abusador e o que pode — ou deve — ser dito sobre ele.

    Lutas e metamorfoses de uma mulher (Todavia, 2023), Édouard Louis

    Depois de encontrar uma foto da mãe jovem, sorridente e cheia de vida, o autor se vê diante de um contraste marcante com a imagem que sempre teve dela: alguém envolta em tristeza e desgaste. A partir desse retrato, ele reconstrói a trajetória dessa mulher que, apesar de ter enfrentado situações que poderiam tê-la destruído, manteve uma força silenciosa. Aos 45 anos, ao decidir deixar o segundo marido — “Pronto. Eu consegui” —, ela finalmente se reconhece como livre.

    Continua após a publicidade

    Teoria King Kong (N-1 Edições, 2023), Virginie Despentes

    No livro, parte de seu projeto autobiográfico, Édouard Louis narra o processo de emancipação da mãe, marcada por anos de restrições e apagamentos, e acompanha sua luta para afirmar o próprio direito de existir plenamente. O livro apresenta um relato direto e contundente em que Virginie Despentes revisita sua própria trajetória — da juventude punk à prostituição, da experiência da violência sexual ao trabalho como cineasta. Ao expor sem reservas aspectos íntimos de sua vida, ela questiona padrões, estereótipos e pressões ligados à imagem e ao comportamento. Lançado na França com grande repercussão, o texto se tornou referência por sua abordagem crítica e provocadora sobre gênero, corpo e liberdade.

    King Kong Fran (Cobogó, 2023), Rafaela Azevedo

    O monólogo King Kong Fran utiliza a figura clássica da Mulher-gorila para abordar, de forma crítica e bem-humorada, questões relacionadas à sexualidade e à construção social do gênero. Interpretada por Rafaela Azevedo, a personagem Fran provoca o público ao revelar o avesso dos estereótipos associados ao feminino, subvertendo com ironia a lógica machista que sustenta muitos desses imaginários. A peça cria situações que comentam os papéis atribuídos às mulheres tanto na vida cotidiana quanto no universo circense, expondo a naturalização de constrangimentos como objetificação, assédio, violência, silenciamento e pressão estética.

    Compartilhe essa matéria via:
    Publicidade
    TAGS: