6 livros de filosofia para ler e repensar as complexidades da vida
Nesta lista, Bravo! reuniu obras essenciais de pesquisadores e filósofos que refletiram sobre as múltiplas camadas e desafios da condição humana

Em poucos minutos rolando o feed de qualquer rede social, fica clara a sensação de angústia que atravessa diferentes gerações. Seja por questões políticas, sociais, existenciais ou pela destruição do meio ambiente – que ameaça a própria sobrevivência humana – ninguém está muito bem. Não existe um remédio capaz de curar todos os males, mas as palavras sempre ajudam, seja na forma de terapia, de uma escuta qualificada que pode vir de um amigo, ou através da literatura e filosofia. Nesta lista, reunimos obras essenciais de pesquisadores e filósofos que refletiram sobre as múltiplas camadas e desafios da condição humana. Conheça-os:
O segundo sexo (Nova Fronteira, 2020), Simone de Beauvoir
Publicado em 1949, O segundo sexo marcou a história do pensamento feminista ao questionar os papéis atribuídos às mulheres na sociedade. Com abordagem filosófica e existencialista, Simone de Beauvoir descontrói a ideia de que o feminino é um destino natural, afirmando que “ninguém nasce mulher: torna-se mulher”. Esta edição especial celebra os 70 anos da obra com textos inéditos de pensadoras brasileiras, como Djamila Ribeiro e Mirian Goldenberg, além de fotos da autora e uma entrevista com sua herdeira. Um livro essencial para compreender as raízes e os desdobramentos do feminismo contemporâneo.

Por uma outra globalização (Record, 2021), Milton Santos
O geógrafo Milton Santos propõe uma reflexão crítica e acessível sobre os caminhos da globalização e seus efeitos no mundo contemporâneo. Publicado em 2000, o livro desafia a ideia de que o modelo atual é inevitável, e aponta a força da ideologia na manutenção de uma ordem desigual. Ao rejeitar o academicismo excessivo, Santos fala diretamente ao leitor comum e defende que a transformação do planeta pode vir de baixo — dos povos periféricos, dos excluídos, do pensamento livre.

O contrato natural (Editora Instituto Piaget, 1991), Michel Serres
Em O Contrato Natural, o filósofo Michel Serres propõe a criação de um novo pacto entre a humanidade e a Terra. Diante da crise ambiental provocada pela ação humana, Serres defende que não basta um acordo entre os homens: é preciso incluir o planeta como parte ativa nesse contrato. Em vez de manter o embate contínuo contra a natureza, o autor convoca à construção de uma relação de diálogo e paz, indispensável para a sobrevivência coletiva.

Futuro ancestral (Companhia das Letras, 2022), Ailton Krenak
Ailton Krenak reúne textos escritos entre 2020 e 2021 para questionar a forma como pensamos o tempo, a natureza e o porvir. Contra ilusões futuristas que ignoram o presente, Krenak propõe um pensamento que une passado e futuro a partir da sabedoria dos povos originários. Para ele, o futuro verdadeiro é aquele que reconhece suas raízes: um futuro ancestral, inspirado por rios, florestas e saberes antigos. Com linguagem poética e pensamento insurgente, o autor nos convida a reencantar o mundo e repensar o que significa existir em coletivo.

O mestre ignorante – Cinco lições sobre a emancipação intelectual (Autêntica, 2023), Jacques Rancière
Jacques Rancière recupera a história real de Joseph Jacotot, educador do século XIX que, diante de uma situação inusitada de ensino, rompe com os modelos pedagógicos tradicionais e propõe uma ideia radical: todos são igualmente inteligentes. A partir dessa experiência, Jacotot desenvolve um método de emancipação intelectual baseado na confiança na capacidade de aprender sem depender de um mestre explicador. Com linguagem filosófica e acessível, Rancière convida o leitor a repensar os fundamentos da educação, propondo a igualdade não como um objetivo, mas como um ponto de partida.

O espírito da esperança: Contra a sociedade do medo (Editora Vozes, 2024), Byung-Chul Han
O filósofo Byung-Chul Han propõe uma reflexão profunda sobre o papel da esperança em tempos de crise e incerteza. Em contraponto à cultura do medo que domina o presente, Han defende uma esperança íntima e transformadora, capaz de abrir caminhos mesmo em meio ao colapso. A obra analisa os impasses contemporâneos com lucidez, mas oferece uma perspectiva encorajadora sobre o potencial humano para renascer da adversidade. A edição conta ainda com imagens do artista Anselm Kiefer, que dialogam visualmente com os temas abordados.
