Ana Maria Vasconcelos e Silvana Tavano são premiadas no Oceanos 2025
Longarinas, de Ana Maria Vasconcelos, e Ressuscitar mamutes, de Silvana Tavano, foram escolhidos após avaliação de mais de 3 mil obras inscritas
O Prêmio Oceanos 2025 anunciou nesta terça-feira (9), em São Paulo, os vencedores das categorias poesia e prosa: Longarinas, de Ana Maria Vasconcelos (7Letras), e Ressuscitar mamutes, de Silvana Tavano (Autêntica Contemporânea). Os dois títulos chegaram ao resultado após três etapas de avaliação, que envolveram a leitura de 3.142 obras inscritas por 488 editoras de Brasil, Portugal e países africanos de língua portuguesa.
Realizado anualmente, o Oceanos é hoje uma das principais referências para a literatura em língua portuguesa. A cada edição, o prêmio reúne escritores de diferentes gerações e geografias, destacando produções que refletem a amplitude e o vigor da criação literária nos territórios que partilham o idioma.
A cerimônia ocorreu no auditório da Biblioteca Mário de Andrade, que celebra 100 anos em 2025. Além do anúncio, o público acompanhou uma apresentação dirigida pelo escritor e músico Luca Argel, que criou melodias inspiradas nos 10 livros finalistas. No palco, as composições ganharam voz com Iara Rennó e percussão de Victória dos Santos.
Os finalistas abrangeram nomes de diferentes frentes da literatura lusófona. Representando Portugal, Rui Cardoso Martins (As Melhoras da Morte), Teresa Veiga (Vermelho delicado) e Ricardo Gil Soeiro (Lições da Miragem). Da África, Mia Couto (A cegueira do rio), José Eduardo Agualusa (Mestre dos Batuques) e Francisco Guita Jr. (As Coisas do Morto). Do Brasil, Maria do Carmo Ferreira (Coram populo – Poesia reunida) e Fabiano Calixto (O pito do pango & outros poemas), além das duas autoras premiadas.
Convidado especial da noite, o escritor e ativista indígena Daniel Munduruku ressaltou a necessidade de ampliar a escuta às produções dos povos originários, fundamentais para compreender múltiplas identidades brasileiras. “Isso é necessário para que a sociedade brasileira enxergue a si mesma pelo convexo do espelho e possa, assim, perceber o quanto tem perdido ao deixar tão ricos olhares fora da construção de uma identidade que se faz da nossa ancestralidade”
Conheça os dois títulos premiados:
Longarinas (7 Letras, 2024), Ana Maria Vasconcelos
O quarto livro de Ana Maria Vasconcelos explora a poesia em sua forma mais concisa. Em micropoemas que se articulam como vigas de uma estrutura, a autora trabalha a passagem do tempo, o inacabamento e a observação do mínimo. O título remete ao desenho que sustenta uma construção — imagem que orienta também a composição dos versos na página. As cenas são breves, guiadas pela atenção ao detalhe, e mantêm um equilíbrio que parece sempre à beira de se romper. A poeta dialoga com tradições e referências literárias, incorporando ecos de autores que pensaram o desejo e a escrita. Nesse conjunto, a palavra funciona como transporte de sentidos: cada poema registra o que resta — da memória, da experiência e do próprio ato de escrever — como tentativa de preservar algo que está sempre prestes a se apagar.
Ressuscitar mamutes (Autêntica Contemporânea, 2024), de Silvana Tavano
A obra acompanha uma narradora que revisita a própria história familiar enquanto observa os avanços científicos de seu tempo. Entre memórias do passado e hipóteses sobre o futuro, o romance entrelaça experiências de luto, relações entre mães e filhas e tensões que marcam vínculos afetivos. A obra combina ficção, ensaio e elementos de divulgação científica para refletir sobre a possibilidade de reconstituir o que já não existe — seja um mamute extinto, seja um relacionamento interrompido. Nesse cruzamento entre imaginação e memória, a autora investiga a força do afeto e o desejo de preservar o que o tempo insiste em apagar.
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