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Bravo! Indica: 12 livros de novembro 

Esses lançamentos reúnem histórias que falam de origem, mudança e pertencimento, e mostram como a literatura continua a refletir nossas próprias contradições

Por Redação Bravo!
Atualizado em 6 nov 2025, 11h27 - Publicado em 5 nov 2025, 09h00
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Toni Morrison no documentário 'The Pieces I Am', de Timothy Greenfield-Sanders (Magnolia Film/reprodução)
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Em novembro, a Bravo! reúne dez livros que projetam diferentes vozes, geografias e estilos literários. Da sátira histórica de Bernardine Evaristo ao lirismo introspectivo de Jon Fosse, passando pela biografia de Zuzu Angel e pelos versos inéditos de Ruth Guimarães, a seleção destaca obras que exploram memórias, identidades e transformações pessoais. Esses lançamentos reúnem histórias que falam de origem, mudança e pertencimento, e mostram como a literatura continua a refletir nossas próprias contradições. 

Raízes loiras (Companhia das Letras, 2025), de Bernardine Evaristo

Bernardine Evaristo inverte a lógica da história para imaginar um mundo em que negros escravizam brancos. A trama acompanha Doris Scagglethorpe, menina inglesa de dez anos sequestrada e levada para a fictícia Grande Ambossa, onde perde o nome e a liberdade. Publicado originalmente em 2008, o romance combina sátira e crítica social para questionar as bases da raça, da cultura e do poder. Autora premiada com o Booker Prize por Garota, mulher, outras.

Recitatif (Companhia das Letras, 2025), Toni Morrison

Único conto escrito por Toni Morrison, duas meninas — Twyla e Roberta — se conhecem em um abrigo e criam uma amizade marcada pela solidão e pela espera das mães. Separadas ainda na infância, elas se reencontram em diferentes fases da vida, e a relação entre as duas passa a refletir tensões de raça e classe na sociedade norte-americana. Morrison conduz a narrativa sem revelar qual das personagens é negra e qual é branca, transformando o texto em um experimento sobre percepção e preconceito.

E os cães se calaram (Temporal, 2025), de Aimé Césaire

Escrita entre 1941 e 1956, a peça foi a primeira incursão teatral do autor Aimé Césaire e chega agora, quase 70 anos após sua edição original na França, em tradução integral para o português. Síntese de poesia, mito e política, a obra acompanha o Rebelde, figura que se recusa a se submeter ao colonizador e é condenado à morte. Em torno dele, personagens como a Mãe, a Amante e o Eco compõem um drama sobre a luta contra a opressão colonial, entre o sacrifício e a liberdade. Considerada um marco do teatro negro e da dramaturgia anticolonial, a peça expressa o núcleo da escrita de Césaire: a voz insubmissa de um povo que resiste ao silêncio imposto pela colonização.

Quem é essa mulher: Uma biografia de Zuzu Angel (Todavia, 2025), Virginia Siqueira Starling

A jornalista Virginia Siqueira Starling reconstrói em sua biografia a trajetória de Zuzu Angel, estilista que marcou a história da moda brasileira e se tornou símbolo da resistência à ditadura militar. A narrativa acompanha sua ascensão internacional, o reconhecimento artístico e a transformação de sua vida após o assassinato do filho, Stuart Angel, militante político. Com base em pesquisa e depoimentos, Starling apresenta Zuzu como uma mulher múltipla — mãe, artista, empresária e militante — que transformou a dor em luta e usou a moda como forma de denúncia. 

Via Gemito (Todavia, 2025), Domenico Starnone

No romance autobiográfico que lhe rendeu o Prêmio Strega de 2001, o escritor italiano Domenico Starnone revisita a relação conturbada entre um pai e um filho. O primeiro, um ferroviário arrogante e sonhador, dedicava-se à pintura com fervor quase obsessivo. O segundo, marcado pela vergonha e pela dúvida, tenta reconstruir a figura paterna a partir de lembranças que já não sabe se são verdadeiras. Entre memórias fragmentadas e afetos contraditórios, o livro investiga os limites entre lembrança e invenção, explorando o quanto a narrativa pessoal pode distorcer o passado.

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Heptalogia (Fósforo, 2025), Jon Fosse

O escritor norueguês Jon Fosse conduz o leitor para dentro da mente de Asle, um pintor viúvo que vive isolado à beira de um fiorde na Noruega. A narrativa se constrói como um monólogo interior ininterrupto, em que tempo e espaço se confundem em um fluxo de consciência marcado por lembranças, orações e silêncios. Nesse percurso, surge outro Asle — um duplo, também pintor, mas atormentado pelo alcoolismo —, figura que espelha e fragmenta a identidade do protagonista.

Tadáskía: ave preta mística, lua coelho negra (Cobogó, 2025), Tadáskía

O livro reúne dois trabalhos da artista visual, escritora e educadora Tadáskía. Nestas obras, a artista transita entre poema e desenho, explorando temas como transformação, familiaridade e desconhecido — uma busca pela fagulha mística que se revela e se oculta entre animais e outras presenças. Ave preta mística integra “Projects: Tadáskía” (2024), sua primeira exposição individual nos Estados Unidos, realizada no Museum of Modern Art (MoMA).

Nas ruas de Sag Harbor (HarperCollins, 2025), de Colson Whitehead

Sag Harbor, verão de 1985. Benji Cooper acredita estar prestes a um novo começo. Após um ano escolar como um dos poucos alunos negros em uma escola de elite em Manhattan, ele segue para as férias em Sag Harbor — uma comunidade afro-americana nos Hamptons. É sua oportunidade de abandonar o apelido de infância, o aparelho nos dentes e o estigma de “nerd”, reinventando-se antes da faculdade. No entanto, em um ambiente onde as expectativas de raça, classe e masculinidade o colocam em constante conflito interior, descobrir quem realmente é revela-se uma tarefa muito mais complexa do que ele imaginava.

A herança da mãe: Um folhetim (Carambaia, 2025), de Minae Mizumura

Mitsuki Katsura, professora universitária em Tóquio e com pouco mais de cinquenta anos, vê sua vida virar do avesso de um dia para o outro. Descobre que o marido — também professor, a quem conheceu em Paris — mantém um caso com uma mulher mais jovem. Ao mesmo tempo, precisa assumir os cuidados da mãe, uma figura egocêntrica e exigente, cuja saúde frágil demanda atenção constante. Publicado originalmente em formato de folhetim no jornal de maior circulação do Japão, A herança da mãe recupera esse gênero literário popular no século XIX para refletir sobre os paradoxos da cultura japonesa contemporânea.

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Eu te amo, cretino (Seja Breve Edições, 2025), Milly Lacombe 

Ambientado durante a pandemia de Covid-19, Eu te amo, cretino, novo romance de Milly Lacombe, acompanha Marina e Otávio, um casal forçado ao confinamento dentro de casa e de si mesmos. Entre discussões intermináveis, frustrações e tentativas de reconciliação, eles revelam as fissuras e os afetos de uma relação à beira do colapso. Misturando tragédia e comédia, o livro transforma o cotidiano do isolamento em um retrato íntimo e feroz do amor em tempos de incerteza.

As Aventuras de Kara’i Tukumbó (Editora Bruna Lauer, 2025), de Djagwa Tukumbó

O escritor, ativista e artesão indígena Djagwa Tukumbó apresenta “As Aventuras de Kara’i Tukumbó – O Espírito das Águas”, novo capítulo da saga infantojuvenil que combina fantasia e sabedoria ancestral. Com ilustrações de Sabrina Araujo, a história traz o herói Tukumbó, agora mais velho, que precisa enfrentar sua primeira missão como guardião: as águas estão contaminadas, a floresta arde em chamas e os animais adoecem. Inspirado pelo grande espírito das águas, ele busca uma forma de restaurar o equilíbrio entre os povos e a natureza.

Folhas soltas (Primavera Editorial, 2025), Ruth Guimarães

A poesia de Ruth Guimarães volta a ganhar voz em Folhas soltas, lançado pela Primavera Editorial. O livro reúne poemas inéditos e dispersos da autora, revelando facetas pouco conhecidas de uma das grandes narradoras do interior paulista. Dividido em cinco partes, percorre temas como amor, dor, fé e ancestralidade, reafirmando a sensibilidade que marcou toda a sua obra.

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