“Meridiana”, novo romance de Eliana Alves Cruz faz retrato complexo da mobilidade social
Capa da nova revista da Bravo! digital, a autora reafirma seu papel como uma das vozes mais importantes da literatura contemporânea
O nome de Eliana Alves Cruz ganhou um lugar de destaque no cenário literário brasileiro com o aclamado Solitária (Companhia das Letras), romance que não apenas a consolidou como uma das vozes mais potentes de sua geração, mas também abriu as portas para que sua obra fosse traduzida e lida em países como França, Canadá e Estados Unidos.
O sucesso estrondoso, no entanto, é apenas um capítulo na trajetória da autora, que agora retorna ao centro das atenções com seu mais recente e aguardado lançamento: Meridiana. Nele, a escritora mergulha em uma narrativa complexa e multifacetada para tecer um
retrato da classe média negra no Brasil abordando temas como a luta por dignidade, a busca por um lugar no mundo e os laços afetivos que resistem às pressões sociais e aos preconceitos. O título, que chega às livrarias a partir de 14 de outubro, explora as transformações e os desafios de uma família que migra da favela para um condomínio de classe média.
Por meio de seis vozes narrativas, Cruz constrói uma história que expõe as fissuras e os contrastes que marcam as relações a partir da perspectiva de cada um dos membros da família. Em entrevista exclusiva à revista Bravo!, Eliana Alves Cruz fala do livro, revela os bastidores de sua criação e discute a importância de uma literatura que, sem medo, coloca o Brasil para se reconhecer.
Bravo! Meridiana é seu quinto livro. Você já sabia o que queria abordar nesta obra?
Eliana Alves Cruz: Eu sempre acho que um livro engravida de outro. No processo de escrita, as ideias vão aparecendo e se cruzando à vivência de cada autor e
autora. Durante a escrita do Solitária, tive que fazer uma reflexão não apenas sobre o tema central, que era o emprego doméstico no Brasil, mas sobre todo aquele
universo. Solitária se passa em um edifício de uma cidade grande qualquer do Brasil, o Golden Plate. As duas personagens principais convivem ali: Eunice é a empregada que leva Mabel para o trabalho – e a menina vai crescendo ali, como uma filha da faxineira. De repente eu vi que ainda tinha coisa para falar porque a Mabel passa para a universidade de Medicina. Então, comecei a pensar como seria essa passagem. ‘Se ela tiver três plantões, ela vai precisar de uma empregada
doméstica. Se ela tiver filho, talvez ela precise de uma babá. Como vai ser esse relacionamento?’
B! Como foi o processo de escrita desse livro? Quais foram seus desafios?
EAC O próprio tempo presente. Como é uma história contemporânea, a gente está num tempo sempre em mutação. Não tenho o distanciamento histórico como,
por exemplo, quando eu escrevo uma história sobre o século XIX, como é o caso da Água de Barrela, do Crime do Cais Valongo ou o outro livro, Nada Digo de Ti, que
se passa no século XVIII.
Como eu não tinha esse distanciamento de análise e espaço, eu reescrevi frases que saiam em um tom caricato, outras com um tom irreal… Por exemplo, tinha toda uma história sobre encarceramento. Depois de muitas reescritas, em conversa com o meu editor, decidimos tirar essa parte. E quando eu falo tirar, estou falando de 40 páginas, ou melhor, do livro todo, porque não é só aquele trecho. São todos os outros personagens, tramas que têm que ser recalculadas, enfim, é um trabalho alucinante.
Quer ler a entrevista completa? É só baixar o app GoRead, a maior banca digital do país, e acessar quando quiser!
Look capas Eliana:
casaco – Leandro Castro @leandrocastrum
trench coat de baixo – Normando @normandooficial
brincos e anéis – Carla Amorim @carlaamorim_joias
salto – Alexandre Birman @alexandrebirman
Entrevista: @claudialima
Foto: @franklindalmeida
Edição de arte: @laisbrevilheri
Styling: @brunoptl
Beleza: @angelmoraes
Assistentes de foto: @alexandredellfino e @igorvianag
Produção de MODA: @junymartinsb
Direção de núcleo: @helenagalante
Agradecimentos: Estúdio TUMDRA (@tum.dra), Sassá Sushi (@sassasushi) e Dona Celina (@donacelina_artesanal)
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