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Empresário Pedro Herz, da Livraria Cultura, morre aos 83 anos

Livreiro foi um dos responsáveis por transformar a Cultura em um dos nomes mais fortes do mercado literário

Por Redação Bravo!
Atualizado em 19 mar 2024, 15h57 - Publicado em 19 mar 2024, 11h00

Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, morreu nesta terça-feira (19), aos 83 anos, vítima de um ataque cardíaco. ⁣ A informação foi confirmada pela empresa em nota oficial (leia a íntegra abaixo) e velório está marcado para quarta-feira, 20, às 10h, no Cemitério Israelita do Butantã, em São Paulo, seguido do enterro, às 12h.

“É com profundo pesar que a família Herz comunica o falecimento do renomado livreiro Pedro Herz aos 83 anos, na madrugada de hoje 19/03/2024. Pedro Herz foi um visionário no campo editorial, tendo desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento e promoção da literatura em nosso país. Sua paixão pela leitura e seu compromisso em tornar os livros acessíveis a todos deixaram uma marca indelével na comunidade literária e além. Sua ausência será profundamente sentida, mas seu legado perdurará através das páginas dos livros que tanto amou. Neste momento de luto, a família agradece o carinho e condolências”. 

Herts nasceu na capital Paulista em 28 de maio de 1940 e se formou como livreiro na Suíça. Aassumiu a gestão da Livraria Cultura em 1969 e fez uma revolução nas décadas seguintes ao transformá-la em um dos maiores players do mercado nacional e ponto de encontro cativo dos amantes da literatura.

Entre alguns dos grandes feitos do livreiro estão a conquista do Prêmio Bravo de 2007, na categoria Personalidade do Ano e a criação do Guia Quatro Rodas na Abril. Entre 2006 e 2021, atuou como sócio-efetivo da ONG Cultura Artística, ampliando a atuação educativa e iniciando um projeto de restauração do Teatro Cultura Artística, previsto para ser reinaugurado este ano. 

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Mais tarde, em 2017, Herz publicou a autobiografia O Livreiro (Editora Planeta). Escrita em parceria com a jornalista Laura Grenhalgh, a publicação narra como seus pais, Kurt e Eva Hertz, imigraram para Brasil fugindo da perseguição nazista e decidiram investir na compra de best-sellers para alugá-los em São Paulo. A iniciativa deu origem, em 1947, à Biblioteca Circulante, que posteriormente se tornaria a famosa Livraria Cultura. 

O título também revela encontros marcantes da vida do autor como quando Vinicius de Moraes autografou o livro Falso mendigo em um engraçado episódio de 1978 e também relata o impacto dos protestos pelo fim do regime militar durante o lançamento, na Livraria Cultura, da obra ‘O que é isso companheiro?’.

O livreiro

capa-livro-o-livreiro

Planeta; 1ª edição (16 novembro 2017)

A Livraria Cultura, que já foi uma das maiores do país e chegou a ter 18 lojas, entrou em crise em 2018 e enfrenta uma recuperação judicial desde então. A única loja que resta é a unidade do Conjunto Nacional, localizada na Av. Paulista. 

Luiz Schwarcz, editor, CEO e fundador da Companhia das Letras, destacou o legado do livreiro em comunicado oficial que prestava solidariedade à família. Leia abaixo a íntegra do depoimento:

“Pedro Herz foi um dos maiores livreiros do Brasil. Um livreiro de corpo e alma. Por inteiro. Desenvolveu a livraria criada pela família, na qual sua mãe brilhou por muitos anos. Pedro tinha orgulho do ponto que criou, e o mostrava a escritores que visitavam o Brasil, com muito gosto. Saramago foi um deles, que disse ser a livraria principal da Avenida Paulista um sonho para os que gostavam de livros. O começo e toda a história da Companhia das Letras foram acompanhados por Pedro, como amigo e parceiro. Um cálculo equivocado do crescimento do Brasil e suas possibilidades livreiras entristeceram profundamente seus últimos anos, fazendo com que ele envelhecesse longe da livraria do seu coração. Os méritos de sua vida suplantam no entanto o desenlace final e todos devemos reverenciar o seu exemplo tão importante.” 


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