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Escolhas da Bravo: os livros de junho

Destacamos a Coleção Dalton Trevisan, em homenagem ao centenário do autor, o novo livro de Micheliny Verunschk, e o livro de memórias do cacique Raoní

Por Redação Bravo!
5 jun 2025, 07h00
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 (Arte/Redação Bravo!)
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Junho já chegou, nos deixando de queixo caído com a velocidade com que o ano tem passado. As resoluções de janeiro ainda fazem sentido? E a promessa de ler mais, segue firme? Mesmo que a realidade não corresponda às expectativas, o que importa é mergulhar com profundidade nas leituras, e não a quantidade de livros lidos. A boa notícia é que este mês traz ótimos lançamentos. Destacamos a Coleção Dalton Trevisan, da editora Todavia, em homenagem ao centenário do autor, falecido no ano passado, o novo livro de Micheliny Verunschk, Depois do trovão, e o livro de memórias do cacique Raoní, Memórias do Cacique.

Cronofagia (Editora Appris, 2025), Carla Brasil

Em Cronofagia, estreia literária da multiartista Carla Brasil, o tempo se transforma em matéria poética — um inimigo invisível que engole tudo, inclusive o sujeito contemporâneo. Com 37 poemas que mesclam lirismo, sarcasmo e brutalidade, a autora confronta a ansiedade digital, a exaustão da produtividade e o vazio de um mundo acelerado. Prefaciado por Ruy Guerra, o livro funde palavra e imagem para criar uma obra provocadora, que recusa o conforto e reivindica o direito de sentir.

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Cronofagia (Editora Appris, 2025), Carla Brasil (Instagram Carla Brasil/reprodução)

Almerinda Gama: A sufragista negra (Todavia, 2025), Cibele Tenório

Vencedor do Prêmio Todavia de Não Ficção, o livro de Cibele Tenório resgata a trajetória de Almerinda Gama — nordestina, negra, feminista e sufragista — que por décadas foi apagada da história oficial. Mais do que um retrato de uma pioneira na luta pelos direitos das mulheres no Brasil, a obra revela as múltiplas facetas dessa pianista, poeta, jornalista e escritora cuja vida se entrelaça com a própria formação do país.

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Almerinda Gama: A sufragista negra (Todavia, 2025), Cibele Tenório (Todavia/divulgação)

Ressaca (Todavia, 2025), Ottessa Moshfegh

McGlue, um marinheiro acorda preso no porão de um navio em 1851, acusado de assassinar seu melhor amigo. Embriagado e com um ferimento na cabeça, ele não se lembra do crime — e passa a reconstruir, aos poucos, a turbulenta amizade entre os dois. Com linguagem enxuta e pulsante, o romance mergulha nos labirintos da memória, culpa e violência.

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Ressaca (Todavia, 2025), Ottessa Moshfegh (Todavia/divulgação)
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A chamada (Todavia, 2025), Leila Guerriero

Leila Guerriero reconstrói a história de Silvia Labayru, militante argentina sequestrada pela ditadura enquanto estava grávida. Torturada, estuprada e obrigada a espionar as Mães da Praça de Maio, Silvia sobreviveu, mas carregou o peso da culpa e da acusação de traição. A partir de longas conversas iniciadas em 2021, Guerriero compõe o retrato intenso e ambíguo de uma mulher marcada para sempre por uma única ligação telefônica e pelas escolhas que a seguiram.

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A chamada (Todavia, 2025), Leila Guerriero (Todavia/divulgação)

Contos para os nossos filhos: uma seleção (Todavia, 2025), Gonçalves Crespo, Maria Amália Vaz de Carvalho, Raquel Euzébio e Elizabeth Cardoso (org.)

Publicado originalmente em 1882 e sucesso editorial em Portugal, Contos para os nossos filhos reúne dez fábulas de Gonçalves Crespo e Maria Amália Vaz de Carvalho inspiradas em clássicos dos Irmãos Grimm e de Hans Christian Andersen. Com organização de Elizabeth Cardoso e ilustrações de Raquel Euzébio, o livro ganha agora sua primeira edição brasileira como parte da Coleção Repare — que resgata a presença de autores negros na formação da literatura para as infâncias no Brasil.

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Contos para os nossos filhos: uma seleção (Todavia, 2025), Gonçalves Crespo, Maria Amália Vaz de Carvalho, Raquel Euzébio e Elizabeth Cardoso (org.) (Todavia/divulgação)

Coleção Dalton Trevisan (Todavia, 2025)

Para celebrar o centenário de Dalton Trevisan, um dos mestres da literatura curta no mundo, tem início em junho de 2025 a publicação de sua obra completa. Os seis primeiros volumes — incluindo O vampiro de Curitiba, Desgracida e a antologia inédita Educação sentimental do vampiro — marcam o lançamento da Coleção Dalton Trevisan, que trará ao longo dos próximos anos todos os 37 livros publicados em vida pelo autor. Com novo projeto gráfico e seções especiais com cartas, bilhetes e diários, a coleção busca apresentar Trevisan a uma nova geração de leitores.

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Coleção Dalton Trevisan (Todavia, 2025) (Todavia/divulgação)

Batida só (Todavia, 2025), Giovana Madalosso

Em Batida só, novo romance de Giovana Madalosso, uma jornalista sofre um ataque na rua e desmaia antes que algo pior aconteça. Ao acordar no hospital, descobre que tem uma arritmia grave. A partir desse diagnóstico, a autora — aclamada por Suíte Tóquio — constrói uma narrativa sensível e intensa sobre vulnerabilidade, conexões humanas, espiritualidade e a urgência de distinguir o essencial daquilo que simplesmente não se pode evitar.

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Batida só (Todavia, 2025), Giovana Madalosso (Todavia/divulgação)

Com a palavra, as pretas (Edições Sesc São Paulo | Editora Zahar, 2025), Awa Thiam

Marco do feminismo negro francófono, o livro reúne depoimentos de mulheres negras e discute temas como opressão de gênero, raça e classe, além de questões específicas enfrentadas por mulheres africanas, como mutilação genital e casamento forçado. A senegalesa Awa Thiam propõe um feminismo próprio, com voz e estratégias de luta emancipatórias.

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Civilização ou Barbárie (Edições Sesc São Paulo | Editora Zahar, 2025), Cheikh Anta Diop

Resultado de décadas de pesquisa, a obra do historiador senegalês Cheikh Anta Diop propõe uma releitura da história da humanidade a partir das civilizações africanas, defendendo o Egito negro como base para a reconstrução cultural e científica da África moderna.

Que não se repita – A quase morte da democracia brasileira (SEJA BREVE, 2025), Eugênio Bucci

Em Que não se repita – A quase morte da democracia brasileira, Eugênio Bucci revisita os anos do governo Jair Bolsonaro com lucidez e contundência. Da gestão desastrosa da pandemia à tentativa de golpe de Estado, o livro reconstitui episódios marcantes de um período em que a democracia brasileira esteve por um fio. Com trechos impactantes e ironia afiada, Bucci nos lembra que o absurdo vivido não deve ser esquecido.

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Que não se repita – A quase morte da democracia brasileira (SEJA BREVE, 2025), Eugênio Bucci (SEJA BREVE/divulgação)

O bom mal: contos reunidos (Fósforo, 2025), Samanta Schweblin

Em O bom mal, personagens vulneráveis se deparam com situações perturbadoras que surgem no cotidiano aparentemente comum, transformando de forma irreversível suas vidas. Animais, mulheres mais velhas e figuras à margem da sociedade ganham protagonismo em histórias que exploram a fragilidade do real, a solidão, a culpa e o luto, mas também os laços afetivos e a memória.

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O bom mal: contos reunidos (Fósforo, 2025), Samanta Schweblin (Fósforo/divulgação)
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Manhã e noite (Zain, 2025), Jon Fosse

Em Manhã e noite, Jon Fosse conduz o leitor por uma jornada profunda e silenciosa pelos limiares da existência, explorando os espaços mais sutis da experiência humana. O protagonista, Johannes, pescador que encarna a complexidade e a vulnerabilidade humanas, vive os extremos da vida em um romance dividido em duas partes que entrelaçam passado, presente e futuro em cenas que mesclam lembranças e saltos temporais. Tempo e espaço se confundem, criando um ambiente onde personagens transitam entre a vida e a morte, e onde o real se revela fluido. Publicado em 2000, o livro também foi adaptado pelo próprio autor para o libreto da ópera homônima de Georg Friedrich Haas, estreada em Londres em 2015.

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Manhã e noite (Zain, 2025), Jon Fosse (Editora Zaïn/divulgação)

Brimos à mesa (Fósforo, 2025), Diogo Bercito

Brimos à mesa, de Diogo Bercito, investiga a influência da culinária árabe na cultura brasileira, mostrando como pratos tradicionais foram adaptados ao paladar e ingredientes do Brasil. Com base em pesquisa histórica e entrevistas, o livro narra a trajetória dos quitutes árabes no país, destaca restaurantes famosos e oferece um receituário para o leitor experimentar em casa. A obra revela a importância da comida na preservação da identidade árabe-brasileira e sua forte presença na gastronomia nacional.

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Brimos à mesa (Fósforo, 2025), Diogo Bercito (Fósforo/divulgação)

Rio dos deuses; de Candice Millard (Companhia das Letras, 2025), Candice Millard

Em Rio dos deuses, Candice Millard narra a expedição de 1856 enviada pela Royal Geographical Society para descobrir a nascente do rio Nilo, protagonizada pelo soldado Richard Burton e pelo jovem aristocrata John Speke, cujas personalidades opostas geram conflitos e traições. O livro destaca também Sidi Mubarak Bombay, um homem africano que, após ser escravizado e libertado, tornou-se o guia essencial para a sobrevivência e sucesso da missão. A obra vai além da descoberta geográfica, explorando as complexas personalidades e relações desses personagens históricos marcados por falhas e fascínio.

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Rio dos deuses; de Candice Millard (Companhia das Letras, 2025), Candice Millard (Companhia das Letras/divulgação)

Cointeligência (Intrínseca, 2025), Ethan Mollick

Cointeligência, de Ethan Mollick, é um guia acessível e instigante sobre o impacto prático da inteligência artificial em nossas vidas. A partir do surgimento do ChatGPT, o autor defende que entramos em uma nova era de colaboração entre humanos e máquinas — uma “cointeligência”. Com uma abordagem clara e provocadora, Mollick mostra como usar a IA de forma consciente, produtiva e ética, sem abrir mão da nossa humanidade.

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Cointeligência (Intrínseca, 2025), Ethan Mollick (Intrínseca/divulgação)

Querida tia (Intríseca, 2025), Valérie Perrin

Querida tia, novo romance de Valérie Perrin, mistura ternura, mistério e humor. Ao descobrir que sua tia, supostamente morta há três anos, acaba de falecer de fato, Agnès embarca em uma viagem ao passado. Na pequena cidade onde cresceu, encontra amigos, lembranças e uma mala com gravações deixadas por Colette. Através dessas memórias, Agnès reconstrói a história familiar e tenta entender por que a tia escolheu desaparecer e viver em segredo por tanto tempo.

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Querida tia (Intríseca, 2025), Valérie Perrin (Intrínseca/divulgação)

Trincheira Tropical (Companhia das Letras, 2025), Ruy Castro

Ruy Castro revela uma história inédita sobre a capital do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial, explorando o período de 1935 a 1945. O livro mostra como a guerra afetou o cotidiano dos brasileiros antes mesmo do país declarar guerra ao Eixo em 1942, com racionamento, blecautes, abrigos antiaéreos e a influência de ideologias nazistas e fascistas. Castro também narra as disputas políticas entre integralismo, comunismo e democracia sob a ditadura de Getúlio Vargas, além da mobilização popular para a entrada do Brasil no conflito. Com sua narrativa marcante, o autor finaliza o relato acompanhando os 25 mil soldados brasileiros da FEB no front italiano, muitos deles enfrentando a guerra sem nunca terem visto o mar.

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Trincheira Tropical (Companhia das Letras, 2025), Ruy Castro (Companhia das Letras/divulgação)

Depois do trovão (Companhia das Letras, 2025), Micheliny Verunschk

Depois do trovão, da autora premiada Micheliny Verunschk, investiga a formação do Brasil marcada pela violência ao retratar a Guerra dos Bárbaros, conflito nos séculos XVII e XVIII em que a Coroa portuguesa financiou expedições para exterminar povos indígenas do Nordeste. O romance acompanha Auati, filho de indígena e frei jesuíta, que é levado jovem para participar dessas missões e acaba se reinventando como Joaquim Sertão. A história explora os dilemas de alguém que é ao mesmo tempo vítima e perpetrador da violência, refletindo sobre os efeitos da guerra na identidade humana.

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Depois do trovão (Companhia das Letras, 2025), Micheliny Verunschk (Companhia das Letras/divulgação)

Memórias do Cacique (Companhia das Letras, 2025), Raoni Mẽtyktire

Memórias do cacique traz a trajetória de Raoni, um dos mais influentes líderes indígenas contemporâneos, narrada por ele mesmo. Cacique e pajé do povo Mẽtyktire-Mẽbêngôkre, também conhecido como Kayapó, Raoni compartilha sua visão sobre a vida, a floresta e o mundo atual, revelando a complexidade da cultura, cosmologia e luta de seu povo. O livro é fruto de entrevistas inéditas feitas por seus netos entre 2020 e 2023, em que Raoni, falando em sua língua materna, narra histórias e mitos tradicionais. O material foi cuidadosamente traduzido e organizado por uma equipe de tradutores Mẽbêngôkre, coordenada pelo antropólogo Fernando Niemeyer.

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Memórias do Cacique (Companhia das Letras, 2025), Raoni Mẽtyktire (Companhia das Letras/divulgação)

As malditas (Companhia das Letras, 2025), Camila Sosa Villada

As malditas é um romance de Camila Sosa Villada que narra a luta de mulheres travestis por felicidade e reconhecimento, enfrentando violência e preconceito. Inspirado em experiências reais, acompanha a protagonista desde a infância até sua vida em Córdoba, onde descobre a força da comunidade travesti. Com uma linguagem potente que mistura realidade e poesia, o livro celebra resistência, dor e esperança.

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As malditas (Companhia das Letras, 2025), Camila Sosa Villada (Companhia das Letras/divulgação)

Minhas Janelas (Companhia das Letras, 2025), Paulo Mendes Campos

Esta coletânea reúne crônicas retiradas dos livros Cisne de feltro, Alhos & bugalhos, Artigo indefinido e O gol é necessário. Nelas, Paulo Mendes Campos mistura ensaios pessoais, memórias da infância em Minas, relatos do cotidiano no Rio de Janeiro e reflexões sobre a escrita. Junto a autores como Rubem Braga e Clarice Lispector, ele ajudou a transformar a literatura brasileira, tornando-se uma das principais vozes da era de ouro da crônica.

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Minhas Janelas (Companhia das Letras, 2025), Paulo Mendes Campos (Companhia das Letras/divulgação)

O peso e a graça (Penguin-Companhia, 2025), Simone Weil

O peso e a graça é uma compilação póstuma dos escritos pessoais da filósofa francesa Simone Weil, reunindo suas ideias mais profundas e que a consagraram como uma voz marcante do século XX. Militante pacifista e reflexiva, Weil unia ensaios políticos e meditações filosóficas influenciadas pela mística. Organizado por Gustave Thibon, o livro reúne anotações sobre temas como a “atenção” e o ateísmo, explorando uma jornada espiritual complexa e paradoxal.

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O peso e a graça (Penguin-Companhia, 2025), Simone Weil (Penguin-Companhia/divulgação)

Outras vidas que não a minha (Alfaguara, 2025), Emmanuel Carrère 

Em Outras vidas que não a minha, Emmanuel Carrère explora os limites do romance ao narrar histórias reais de dor e superação. Após presenciar o devastador tsunami no Sri Lanka em 2004, ele acompanha a tragédia de um casal francês que perdeu a filha pequena. De volta à França, lida com a luta contra o câncer de uma jovem mãe. Mais do que um relato de destruição, o livro revela a resistência e a humanidade de pessoas comuns que recusam sucumbir ao abismo.

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Outras vidas que não a minha (Alfaguara, 2025), Emmanuel Carrère (Alfaguara/divulgação)

O esquema (Alfaguara, 2025), Jessé Andarilho

Em seu novo romance, Jessé Andarilho apresenta Daniel Piloto, um jovem malandro e carismático que faz de tudo para se dar bem na vida: de entregar quentinhas a pilotar Kombi no subúrbio carioca. Quando, por acaso, vira símbolo de honestidade na TV, sua trajetória toma um rumo inesperado: entra para a política e vê os esquemas crescerem em escala e risco. Com humor e ritmo ágil, o autor constrói um retrato vibrante da sobrevivência no Brasil, onde esperteza e ambição andam de mãos dadas.

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O esquema (Alfaguara, 2025), Jessé Andarilho (Alfaguara/divulgação)

Só sei que foi assim: A trama do preconceito contra o povo do Nordeste (Autêntica, 2025), Octávio Santiago

Em Só sei que foi assim: A trama do preconceito contra o povo do Nordeste, Octávio Santiago investiga como se construiu o estereótipo que associa o Nordeste ao atraso, à miséria e à ignorância — uma imagem injusta que persiste no imaginário brasileiro. Resultado de sua pesquisa de doutorado, o livro denuncia o racismo regional, uma das formas mais enraizadas e naturalizadas de discriminação no país. Essencial para compreender as raízes e as manifestações atuais desse preconceito, a obra aponta caminhos para desconstruir essa narrativa tão presente na sociedade brasileira.

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Só sei que foi assim: A trama do preconceito contra o povo do Nordeste (Autêntica, 2025), Octávio Santiago (Autêntica/divulgação)

Geografia da abolição: ensaios rumo à libertação (Boitempo, 2025), Ruth Wilson Gilmore

Geografia da abolição: ensaios rumo à libertação reúne mais de três décadas de pesquisa da geógrafa e ativista Ruth Wilson Gilmore, que explora as conexões entre geografia, racismo e encarceramento nos Estados Unidos. A autora revela como o capitalismo racial exclui grupos e territórios considerados descartáveis e propõe uma visão da liberdade não apenas como ideal, mas como um espaço a ser conquistado. Com conceitos inovadores, Gilmore oferece ferramentas para compreender e enfrentar as complexas dinâmicas políticas e sociais do mundo contemporâneo, destacando os paradoxos do uso da palavra “liberdade” em contextos marcados por opressão e violência.

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Geografia da abolição: ensaios rumo à libertação (Boitempo, 2025), Ruth Wilson Gilmore (Boitempo/divulgação)

África Vermelha: resgatando a política negra revolucionária (Boitempo, 2025) Kevin Ochieng Okoth

África Vermelha: resgatando a política negra revolucionária apresenta a crítica do pesquisador Kevin Ochieng Okoth às abordagens atuais do radicalismo negro, que segundo ele perderam contato com as lutas e pensamentos anticoloniais do século XX. Com uma análise profunda das experiências de emancipação africanas e das trajetórias de intelectuais marxistas anticoloniais, o autor defende o resgate do marxismo como ferramenta vital para repensar e impulsionar projetos políticos de libertação no Sul global. Longe de ser uma teoria ultrapassada, o marxismo é apresentado como caminho essencial para construir um futuro radical e transformador, inspirado nas raízes da África Vermelha.

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África Vermelha: resgatando a política negra revolucionária (Boitempo, 2025) Kevin Ochieng Okoth (Boitempo/divulgação)

Stasis: a guerra civil como paradigma político (Boitempo, 2025), Giorgio Agamben

A obra explora o conceito grego antigo de stasis — a guerra civil — e sua centralidade na política ocidental. No segundo livro da tetralogia Homo sacer, o autor propõe uma “stasiologia”, uma teoria da guerra civil, mostrando como ela tem sido, paradoxalmente, tanto fonte de exclusão política quanto mobilização do impolítico, resurgindo hoje como forma global de terror. Agamben examina as duas faces desse fenômeno: o clássico, que vê a guerra civil como parte essencial da pólis, e o moderno, com Hobbes tentando bani-la, mas criando uma cisão interna que a torna inevitável.

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Stasis: a guerra civil como paradigma político (Boitempo, 2025), Giorgio Agamben (Boitempo/divulgação)

Custe o que custar (Ubu Editora, 2025), Malcolm X

Custe o que custar, de Malcolm X, traz suas falas poderosas registradas em comícios no Harlem, debates universitários, fóruns militantes e encontros com revolucionários da África e Ásia. Traduzido por Rogério Galindo, com capa de Elaine Ramos e apresentação de Allan da Rosa, o livro reúne reflexões sobre solidariedade negra, autodefesa, anticolonialismo, internacionalismo, socialismo e a manipulação religiosa como instrumento de dominação. Malcolm X também aborda sua ruptura com Elijah Muhammad, a fundação da OAAU, a denúncia dos Estados Unidos por violações de direitos humanos e a urgência de uma nova organização política para a luta negra.

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Custe o que custar (Ubu Editora, 2025), Malcolm X (Ubu/divulgação)

O capital: livros 1–3 (Ubu Editora), Karl Marx

O capital, de Karl Marx, é uma obra seminal que analisa o sistema capitalista e suas consequências sociais e econômicas. Publicada em 1867, transformou a forma de entender economia, filosofia e política, mantendo-se essencial para compreender a desigualdade hoje. A edição da Ubu traz uma tradução revisada e atualizada, mantendo os três volumes originais e incluindo novos conteúdos, como uma introdução de Fernando Rugitsky e material inédito das revisões feitas por Marx na edição francesa.

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O capital: livros 1–3 (Ubu Editora), Karl Marx (Ubu/divulgação)
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