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Levando poesia brasileira para China

Sete poetas brasileiros foram convidados para representar o Brasil no International Youth Poetry Festival in China, que acontece entre 18 e 24 de julho

Por Redação Bravo
Atualizado em 18 jul 2024, 10h11 - Publicado em 18 jul 2024, 09h00
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Colagem: as estrelas da bandeira chinesa e da brasileira sobre uma pintura do mar acompanhada dos caracteres de um poema (Arte/Redação Bravo!)
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Sete jovens poetas brasileiros foram convidados para participar do International Youth Poetry Festival in China, organizado pela Associação Chinesa de Escritores. O evento reúne escritores dos países que formam o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), contando com a participação de 80 poetas: 30 chineses e 50 de outras nações.

Os poetas brasileiros convidados são Ana Rüsche, Cida Pedrosa, Júlia de Carvalho Hansen, Lubi Prates, Luiza Romão, Rodrigo Luiz P. Vianna e Thiago Ponce de Moraes. Eles têm a missão de apresentar a diversidade e a riqueza da poesia contemporânea brasileira.

“Ser convidado a participar do Youth Poetry Festival na China é uma honra e uma alegria. Todos os encontros que tive com poetas chineses até hoje, seja nos livros, seja nos festivais, me legaram uma impressão incrível da vastidão e da força da poesia chinesa. O trabalho poético de tantos poetas chineses contemporâneos e clássicos, sobretudo da poeta Yu Xuanji (844-869), me emprestaram imagens e me ensinaram paisagens que agora poderei experimentar in loco, com a sensibilidade expandida por esses poemas”, declarou Thiago Ponce de Moraes, autor de “Dobres sobre a luz”, finalista do Prêmio Jabuti 2016.

“Estar no Youth Poetry Festival na China é participar de um grito de resistência, principalmente porque os países escolhidos formam os BRICS e hoje pautam uma nova geopolítica mundial. A China lidera este processo e é muito bom realizarmos trocas culturais. Levar minha literatura tão nordestina, vinda do Sertão de Pernambuco, para o outro lado do mundo é uma felicidade”, compartilhou Cida Pedrosa, autora de “Solo para Vialejo”, obra vencedora do Prêmio Jabuti 2020.

A programação acontecerá entre 18 e 24 de julho de 2024, em Pequim e Hangzhou.

A convite da Bravo!, seis dos sete poetas brasileiros que participarão do International Youth Poetry Festival in China, compartilharam seus poemas inéditos, que agora apresentamos aos leitores.

O QUE EM MIM VISITO é vasto
é tanto um pasto aberto
na paisagem
quanto uma imagem
que infinita insiste    esta
e que invisto em despistar

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mas já está finalmente
pegada ao olho
que só através dela vê
e por isso
ao ver fracassa
antes de ler relê

[Thiago Ponce de Moraes]

———————-

de repente,
tudo que eu nunca fui
se gruda na minha cara e
me transforma no que sou.

tento colocar coragem
quando você me grita
um medo, de animais,
do balanço, fogos de artifício,
quando você abraça a
minha perna

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e eu digo “calma”,
o que nunca soube,
“está tudo bem”: menos ainda,
“o cachorro é fofo”, mesmo que eu
já tenha sido mordida,
ou “olha o céu se acendendo,
podemos dançar ao som do estrondo”,
coisas que criam em mim
não apenas um vocabulário novo,
mas vários sentidos
para o que é ser

mãe.

[Lubi Prates]

———————-

TRADUZIDO
ao madarim
este poema
nem parece
saiu de mim

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[Luiza Romão]

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em um dia como hoje
que é hoje
aconteceram coisas que não estarão neste poema
e que já não estão visto
que na medida em que
você lê estas linhas eu não as escrevi
há fatos e o que eu contaria
deles mas o que
importa é que já passaram
e que deram
motivo para este poema

[Rodrigo Luiz P. Vianna]

———————-

Sou como uma concha
daquelas roladas
na areia da praia

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oscilei pra cá
me arrastei pra lá
fui tragada pra fora

fui arrancada pra dentro
me desgastei até ganhar
essa aparência de ossinho

dente de peixe
machado de siri
lâmina de bem-te-vi

fragmentos do que vou sendo
eu o trechinho de coisas
em que o acontecido esfacelou

o passar dos anos
comigo também
foi afiando a foice.

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[Júlia de Carvalho Hansen]

———————-

no início era. são nossas runas na internet, minha irmã digitou
inscrevemos em nuvens nossa própria existência.

leio ruínas com minha letra cansada.
agora as pedras possuem plástico por dentro, o papel
mal existe, as palavras voam em vocábulos velozes,
onde aterrar, onde era mesmo o
verbo?

[Ana Rüsche]

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