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Livro mostra como Maria Bethânia virou alvo dos órgãos de repressão na ditadura

Obra de Paulo Henrique de Moura recompõe o período em que Bethânia deixa Salvador para assumir, no Rio, o posto de Nara Leão no espetáculo Opinião

Por Redação Bravo!
23 nov 2025, 09h00
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Uma das fotos da mostra Ocupação Maria Bethânia, no Itaú Cultural  (Itaú Cultural/divulgação)
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Poucos anos antes de se tornar uma das vozes mais reconhecidas da música brasileira, Maria Bethânia já chamava atenção — não apenas do público, mas também dos órgãos de repressão da ditadura militar. É esse percurso inicial, entre a cena cultural baiana e os palcos politizados do Rio de Janeiro, que estrutura Maria Bethânia, primeiros anos — da cena cultural baiana ao teatro musical brasileiro, novo livro do jornalista e pesquisador Paulo Henrique de Moura, lançado neste mês

Resultado de sua dissertação de mestrado na USP, a obra recompõe o período entre 1964 e 1965, quando Bethânia deixa Salvador para assumir, no Rio, o posto de Nara Leão no espetáculo Opinião. Escrito por Armando Costa, Oduvaldo Vianna Filho e Paulo Pontes, e dirigido por Augusto Boal, o musical tornou-se um marco de enfrentamento à recém-instalada ditadura. No palco do Shopping Center Copacabana, a interpretação incisiva de “Carcará” transformou a jovem cantora em revelação nacional, e em figura observada de perto pelos serviços de inteligência do regime.

Maria Bethânia
Maria Bethânia, primeiros anos – da cena cultural baiana ao teatro musical brasileiro (Editora Letra e Voz/divulgação)

Moura reúne documentos inéditos que apontam essa vigilância, motivada pela participação de Bethânia em montagens de teor político, como Arena Canta Bahia e Tempo de Guerra, ambas de 1965, também sob direção de Boal. A pesquisa retorna ainda ao Teatro Vila Velha, em Salvador, onde espetáculos coletivos como Nós, Por Exemplo e Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova antecipavam debates que atravessariam a futura Tropicália.

Para reconstruir esse início de trajetória, o autor consultou acervos e colheu depoimentos de nomes como Rodrigo Velloso, Gilberto Gil, Jards Macalé e da própria Bethânia, compondo um panorama de bastidores raramente registrado. O livro também revisita Mora na Filosofia (1964), dirigido por Caetano Veloso, destacando a relação precoce da cantora com a dramaturgia.

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Sem recorrer à análise celebratória, Moura organiza evidências e testemunhos para mostrar como, ainda no começo da carreira, Bethânia articulava música, palavra e presença cênica, enquanto navegava um cenário cultural marcado por tensão política e controle estatal.

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