Mariana Salomão Carrara vence o Prêmio São Paulo de Literatura
A autora venceu com o livro “A Árvore Mais Sozinha do Mundo”, publicado no último ano pela Todavia; esta é a segunda vez que a escritora recebe a distinção
A escritora e defensora pública paulistana Mariana Salomão Carrara é a grande vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura 2025 com o livro “A Árvore Mais Sozinha do Mundo”, publicado no último ano pela Todavia. Esta é a segunda vez que a autora recebe a distinção: em 2023, Carrara venceu com a obra “Não fossem as sílabas de sábado”, também lançada pela Todavia.
Na categoria Romance de Estreia, o vencedor foi “O Último dos Copistas”, de Marcílio França Castro, da Companhia das Letras.
A cerimônia aconteceu na noite de segunda-feira, na Biblioteca do Parque Villa-Lobos. Nesta edição, 323 obras foram inscritas. O júri foi formado por Antonio Carlos Sartini, Chris Ritchie, Diana Navas, Guilherme Sobota, Marcelo Ariel, Andressa Veronesi, Elaine Cristina Prado dos Santos, Felipe Franco Munhoz, Roberta Ferraz e Rogério Pereira.
Cada vencedor receberá o prêmio de R$ 200 mil.
Na obra premiada, Carrara constrói uma narrativa na qual objetos ganham voz — uma árvore que sofre por não saber amar, um espelho que reflete inseguranças, um carro que observa quem transporta e um uniforme que lamenta não conseguir proteger sua dona. Esses elementos se entrelaçam ao cotidiano de uma família de fumicultores do sul do país: Guerlinda e Carlos, ao lado dos filhos Alice, Maria e o sensível Pedrinho.
O livro nasce do interesse da autora por uma possível epidemia de depressão entre agricultores no Rio Grande do Sul, tema que a mobilizou após ler, ainda antes da pandemia, reportagens sobre o aumento de suicídios ligados ao uso de agrotóxicos entre plantadores de fumo.
Em entrevista à Bravo no ano passado, Carrara falou sobre o processo de pesquisa e escrita. “Estava pesquisando o tema do suicídio para Sílabas [Não fossem as sílabas do sábado] em 2019, e por isso surgiu essa matéria da BBC [de Paula Sperb] sobre o tema entre agricultores. Fiquei intrigada com a contaminação gradual por agrotóxicos e comecei a pesquisar, o que realmente chamou minha atenção. Durante a pandemia, pesquisei para esse livro enquanto escrevia outro. Eram páginas, links e trabalhos acadêmicos sobre a ergonomia da colheita, para formar uma noção abrangente sobre o tema”.
Já em “O Último dos Copistas”, de Marcílio França Castro, o romance parte da figura enigmática de Ângelo Vergécio, copista do século XVI cuja caligrafia originou a fonte Garamond, para acompanhar, nos dias de hoje, a amizade entre um revisor e uma ilustradora em uma pequena editora. Unidos por uma obsessão comum em desvendar a vida do antigo copista, eles constroem uma relação platônica que se desdobra entre arquivos, pistas históricas e cartões-postais de pequenas cidades europeias.
Conheça as outras obras finalistas deste ano:
Melhor Romance de 2024
Os grandes carnívoros, de Adriana Lisboa — Alfaguara
No muro da nossa casa, de Ana Kiffer — Bazar do Tempo
Guerra I – Ofensiva paraguaia e reação aliada novembro de 1864 a março de 1866, de Beatriz Bracher — Editora 34
Vento vazio, de Marcela Dantés — Companhia das Letras
Escalavra, de Marcelino Freire — Record
A árvore mais sozinha do mundo, de Mariana Salomão Carrara — Todavia
Casa de família, de Paula Fábrio — Companhia das Letras
Rio sangue, de Ronaldo Correia de Brito — Alfaguara
Ressuscitar mamutes, de Silvana Tavano — Autêntica Contemporânea
Krakatoa, de Veronica Stigger — Todavia
Melhor Romance de Estreia de 2024
Neca, de Amara Moira — Companhia das Letras
Lia, de Caetano W. Galindo — Companhia das Letras
Avenida Beberibe, de Claudia Cavalcanti — Fósforo
O embranquecimento, de Evandro Cruz Silva — Patuá
Fora da rota, de Evelyn Blaut — Todavia
O que resta a partir daqui, de Flávia Braz — Aboio
A união das Coreias, de Luiz Gustavo Medeiros — Reformatório
O último dos copistas, de Marcílio França Castro — Companhia das Letras
A infância de Joana, de Mariana Ianelli — Maralto
As fronteiras de Oline, de Rafael Zoehler — Patuá
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