Míriam Leitão toma posse na ABL; veja destaques de sua obra
A jornalista passou a ocupar a cadeira 7, que pertencia ao cineasta Cacá Diegues, morto em fevereiro deste ano
Na semana passada, a jornalista e escritora Míriam Leitão tomou posse como uma das “imortais” da Academia Brasileira de Letras (ABL), passando a ocupar a cadeira 7, que pertencia ao cineasta Cacá Diegues, morto em fevereiro deste ano.
Míriam é atualmente uma das cinco mulheres a integrar a ABL e a 12ª em toda a história da instituição. Eleita em 30 de abril, com 20 votos favoráveis, ela recebeu o colar da academia das mãos de Ana Maria Machado e o diploma entregue por Ruy Castro.
“Merecer os que vieram antes de nós é, sobretudo, procurar cada vez mais fazer dela [da ABL] um centro plural do pensamento brasileiro, no qual este país diverso — negro, branco, indígena, multilíngue, formado por homens e mulheres das mais variadas origens e regiões — se veja e se reconheça”, afirmou em seu discurso.
Autora de 16 livros, Míriam foi vencedora do Prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção com “Saga Brasileira: A longa luta de um povo por sua moeda” (2011).
Conheça algumas de suas obras:
Tempos Extremos (Intrínseca, 2024)
Quantos segredos podem estar guardados em uma antiga fazenda esquecida nas serras de Minas Gerais? Para Larissa, esses mistérios surgem de forma inesperada, trazendo à tona histórias que atravessam gerações e revelam feridas abertas em uma família marcada por disputas afetivas e embates políticos. Em sua busca, ela mergulha em uma jornada estranha e intensa, perseguindo sombras e revelações que podem desvendar os próprios sonhos.
Saga brasileira: A longa luta de um povo por sua moeda (Record, 2011)
Míriam Leitão reconstrói a história econômica recente do país, da hiperinflação ao equilíbrio atual. Combinando análise econômica e relatos pessoais, a autora mostra como, em 15 anos, o Brasil acumulou inflação de 13,3 trilhões por cento, trocou de moeda cinco vezes, enfrentou congelamentos, confiscos e planos econômicos que mudaram a vida de milhões.
A perigosa vida dos passarinhos pequenos (Rocco Pequenos Leitores, 2013)
Conhecida por suas análises econômicas, Míriam Leitão estreou na literatura infantil com A perigosa vida dos passarinhos pequenos, inspirado em sua paixão por aves, ecologia e sustentabilidade. A história se passa na fazenda Brejo Novo, em Minas Gerais, onde sabiás, beija-flores, andorinhas, canarinhos e outras espécies vivem soltos na natureza, mas enfrentam desafios como a escassez de árvores e a ação humana que impede a regeneração da mata. Decididos a mudar essa realidade, os passarinhos se unem para um plano ousado: realizar um grande concerto ao redor da casa dos humanos, cantando alto para chamar atenção e conquistar mais áreas verdes.
A verdade é teimosa: Diários da crise que adiou o futuro (Record, 2017)
O livro A verdade é teimosa reúne 118 colunas escritas entre 2010 e novembro de 2016, já sob o governo Temer, em meio à instabilidade política. Com linguagem direta, Míriam analisa os fatores que levaram à recessão, ao desequilíbrio fiscal e à alta da inflação, além de revisitar os momentos mais tensos da turbulência econômica.
Amazônia na encruzilhada: O poder da destruição e o tempo das possibilidades (Intrínseca, 2023)
Mi riam Leitão parte de anos de pesquisas, entrevistas e viagens — incluindo visitas a áreas de conflito e apurações iniciadas durante a pandemia — para analisar o ponto crítico em que a Amazônia se encontra. Ela relembra como o país conseguiu, durante quase uma década, reduzir drasticamente o desmatamento, em um feito comparável ao Plano Real, e como, nos anos recentes, essa vitória foi revertida.
A autora explora a relação entre economia e meio ambiente, mostra como o crime organizado atua na floresta, como agências ambientais resistiram aos ataques e como tecnologias de satélite se tornaram aliadas na proteção.
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