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OLÁ,

Morre o escritor Mario Vargas Llosa aos 89 anos

Autor de "A Cidade e os Cachorros" e "A Casa Verde", o escritor tornou-se uma das vozes mais influentes da literatura latino-americana

Por Redação Bravo!
Atualizado em 15 abr 2025, 17h03 - Publicado em 14 abr 2025, 09h00
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O escritor peruano Mario Vargas Llosa (PABLO BALBONTIN/GRAZIA NERI/BRAINPIX/Bravo 117 - maio 2007/acervo rede Abril)
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Morreu no último domingo (13), em Lima, o escritor peruano Mario Vargas Llosa, aos 89 anos, uma das vozes mais influentes da literatura latino-americana. A notícia foi confirmada por seu filho, Álvaro Vargas Llosa, em uma postagem na rede social X (antigo Twitter). Em comunicado assinado por Álvaro, Gonzalo e Morgana, os três filhos expressaram: “Sua partida entristece seus parentes, amigos e leitores ao redor do mundo, mas nos consola saber que ele teve uma vida longa, múltipla e frutífera, e deixa atrás de si uma obra que o sobreviverá.” A causa da morte não foi divulgada, e a família informou que não haverá cerimônias públicas, optando pela cremação dos restos mortais. ​

 

Ao longo de uma carreira literária que se estendeu por mais de seis décadas, Vargas Llosa construiu um legado raro. Em suas obras, explorou temas como poder, liberdade, corrupção e identidade cultural. Ele frequentemente refletia sobre a sociedade peruana e latino-americana, utilizando a literatura como meio para explorar questões como autoritarismo, violência e desigualdade social. ​

Entre seus livros mais conhecidos estão “A Cidade e os Cachorros” (1963), “A Casa Verde” (1966), “Conversa na Catedral” (1969) e “A Festa do Bode” (2000).

Reconhecido internacionalmente, Vargas Llosa recebeu diversos prêmios durante a vida, incluindo o Nobel de Literatura em 2010, o Prêmio Miguel de Cervantes em 1994 e o Prêmio Príncipe de Astúrias das Letras em 1986. Em 2023, tornou-se o primeiro autor não francófono a ingressar na Academia Francesa.

Sua trajetória também foi marcada por mudanças ideológicas e envolvimento em polêmicas políticas. Inicialmente simpatizante do socialismo e apoiador da Revolução Cubana, rompeu com o regime de Fidel Castro após o caso do poeta Heberto Padilla em 1971, quando ele foi preso e forçado a uma autocrítica pública. O episódio marcou sua transição para o liberalismo, tornando-se um crítico severo de regimes autoritários de esquerda na América Latina. Mais recentemente, ele manifestou apoio a líderes da extrema-direita, como Jair Bolsonaro no Brasil e José Antonio Kast no Chile. E passou a ser visto como um desertor por parte da esquerda. 

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Em 1990, Vargas Llosa candidatou-se à presidência do Peru pela coalizão liberal Frente Democrático (FREDEMO), composta pelo Movimiento Libertad, Partido Popular Cristiano e Acción Popular. Mas foi derrotado por Alberto Fujimori, do partido Cambio 90. Posteriormente, declarou que nunca deveria ter deixado a literatura pela política. ​

Apesar das controvérsias, ele conseguiu manter sua literatura intacta. Críticos e leitores frequentemente distinguem suas posições ideológicas de sua produção artística. A jornalista espanhola Mercedes Milà, por exemplo, afirmou: “Não estou de acordo com o caminho que ele seguiu, mas fico com seus livros”, destacando “A Festa do Bode” como uma das obras que mais a marcaram. 

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