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‘No Meio da Noite’: confira prévia do novo thriller de Riley Sager

Obra mescla coming-of-age com investigação sobrenatural e reafirma Sager como um dos grandes nomes do thriller atual

Por Humberto Maruchel
2 ago 2025, 09h00
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 (Facebook do autor/reprodução)
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E se o maior mistério da sua vida fosse também o único que você não consegue esquecer?  Em seu novo romance, No meio da noite (Intrínseca, 2025), o estadunidense Riley Sager, celebrado pelo New York Times como o “mestre das reviravoltas”, revisita os fantasmas da juventude para construir um suspense psicológico em que o passado nunca descansa. O autor de O massacre da família Hope, retorna com uma trama que mistura memórias borradas, luto e a cultura dos anos 1990.

A trama começa com o desaparecimento inexplicável de Billy, durante um acampamento no quintal de casa. O acontecimento marca para sempre a vida do melhor amigo, Ethan. Trinta anos depois, atormentado por sonhos recorrentes e fragilizado após o fim de seu casamento, ele retorna à antiga vizinhança de Hemlock Circle. O que parecia enterrado começa a emergir em flashes confusos, suspeitas antigas e silêncios carregados, em um romance que alterna presente e passado como um pesadelo que insiste em não acabar.

Com sua narrativa ágil e atmosfera carregada de tensão, Sager oferece um retrato inquietante da dor que não é nomeada e das perdas que acompanham a vida adulta. 

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(Intrínseca/divulgação)

Leia um trecho exclusivo abaixo:

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Sábado, 16 de julho de 1994, 6h37 

A luz do sol penetra na barraca como um vazamento de água, pingando no menino com um brilho suave. A gota de luz em seu rosto o acorda de um sono profundo. Ele abre os olhos, só um pouco, sua visão turva atrás de uma teia de cílios ainda pegajosos de sono. Fitando a luz tingida de laranja pelo tecido da barraca, ele tenta localizar a posição do sol para ver se adivinha que horas são e se sua mãe já está acordada, tomando café na cozinha, esperando-os para o café da manhã. Está abafado dentro da barraca. O calor de julho nunca foi de amenizar durante a noite e agora preenche o ar, espesso e pesado. O menino queria dormir com a porta da barraca aberta, mas seu pai disse que encheria de mosquitos. Então, a porta permanece fechada, prendendo o calor como numa armadilha, que se mistura com os cheiros característicos dos meninos no verão.

Grama e suor, repelente e protetor solar, hálito matinal e odor corporal. Ele franze o nariz por causa do cheiro e sente gotículas de suor na testa enquanto se vira no saco de dormir. Parece seguro. Como um abraço. Embora esteja acordado, ele não quer se levantar ainda. Prefere ficar exatamente onde está, do jeito que está. Um menino numa manhã preguiçosa de sábado, bem no meio de um verão igualmente preguiçoso. Seu nome é Ethan Marsh. Ele tem dez anos. E este é o último momento livre de preocupações que ele terá pelos próximos trinta anos.

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No meio da noite. Porque, quando está prestes a fechar os olhos novamente, ele percebe outra réstia de luz. Um clarão em formato de fenda vertical cintilando na lateral da barraca. Estranho. Estranho o suficiente para fazê-lo se sentar com as costas retas, os olhos arregalados, observando o rasgo no tecido que vai do topo da barraca até o chão. O rasgo é ligeiramente enrugado, feito pele que acabou de ser cortada. Pela abertura, ele avista um pedaço de quintal conhecido. Grama recém-cortada. Céu azul-claro. O brilho do sol que só agora começa a iluminar as árvores distantes.

Ao ver a cena, Ethan de repente se dá conta de algo a que ainda não tinha dado total atenção quando despertou, e só agora está começando a entender. Ele está em uma barraca. No quintal de casa. Completamente sozinho. Porém, quando ele foi dormir na noite anterior, havia outra pessoa naquela barraca. Alguém que agora se foi.

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