O que ler em julho: confira os lançamentos literários
Julho traz lançamentos de peso, com Édouard Louis, Antonio Cicero e Machado de Assis

Julho promete ser um mês excepcional. Para alguns, por causa do frio rigoroso que atinge diferentes regiões do país; para outros, por motivos mais animadores, como o expressivo número de lançamentos literários que chegam às livrarias. Com um volume superior ao dos meses anteriores, o período marca a estreia e o retorno de grandes vozes da literatura contemporânea. Nesta seleção, destacamos alguns títulos de peso, como o novo livro de Édouard Louis, que aprofunda sua investigação sobre identidade e transformação, e a reunião da poesia completa de Antonio Cicero, que consolida a importância de sua obra no cenário literário brasileiro. Também chamam atenção Repatriação, romance vencedor do Prêmio Goncourt de estreia, que traça uma poderosa saga afro-atlântica, e Na arca, uma antologia de textos de Machado de Assis em que os animais são protagonistas, revelando facetas pouco conhecidas do autor.
O desabamento, Édouard Louis (Todavia, 2025)
Neste relato íntimo e sombrio, Édouard Louis reconstrói a vida do irmão mais velho, morto aos 38 anos, por meio de memórias e depoimentos de pessoas próximas. O livro investiga com frieza e sensibilidade a trajetória de um jovem marcado pela fuga e pelo desajuste.

Porrada, Rita Bullwinkel (Todavia, 2025)
Finalista do Pulitzer e semifinalista do Booker, o romance acompanha oito adolescentes em um torneio de boxe nos EUA, revelando conflitos, medos e desejos que vão além do ringue.

Audre Lorde: sobreviver é uma promessa, Alexis Pauline Gumbs (Todavia, 2025)
Fugindo da cronologia tradicional, a biografia destaca os afetos, paixões e a conexão de Audre Lorde com a natureza, celebrando sua trajetória como poeta e ativista do feminismo negro.

Os mujiques: penúltimos contos e novelas, Anton Tchékhov (Todavia, 2025)
Reunindo textos escritos entre 1895 e 1897, a coletânea apresenta contos e novelas da fase final de Tchékhov, marcada pela densidade humana e rigor literário.

A paixão pela mentira: a família e as tiranias, Paulo Schiller (Todavia, 2025)
Paulo Schiller analisa como vivências familiares influenciam escolhas políticas, traçando conexões entre autoritarismo, masculinidade e o uso crescente de psicofármacos.

Frankito em chamas, Matheus Borges (Todavia, 2025)
Matheus Borges acompanha um roteirista em crise criativa no Uruguai e seu encontro com Frankito, um dublê excêntrico, entre humor, melancolia e cinema.

O garoto que seguiu Ripley, Patricia Highsmith (Intrínseca, 2025)
No quarto volume da série, Tom Ripley acolhe um jovem fugitivo envolvido em um crime, e os dois mergulham em uma rede de afetos, mentiras e fraudes no submundo de Berlim.

Ripley debaixo d’água, Patricia Highsmith (Intrínseca, 2025)
No desfecho da série, o passado de Ripley ameaça vir à tona quando vizinhos suspeitos começam a investigar seus crimes. Para escapar, ele precisará agir com astúcia mais uma vez.

Manual das donas de casa caçadoras de vampiros, Grady Hendrix (Intrínseca, 2025)
Grady Hendrix mistura horror e crítica social em um suspense sobre uma dona de casa que desconfia do novo vizinho e descobre estar diante de algo mais sinistro do que imaginava.

A loja de cartas de Seul, Baek Seung-yeon (Intrínseca, 2025)
Ao começar a trabalhar em uma loja de cartas anônimas em Seul, Hyoyeong se reconecta com desconhecidos — e consigo mesma — enquanto enfrenta mágoas familiares e busca um novo recomeço.

O 8 de janeiro que o Brasil não viu, Ricardo Cappelli (Intrínseca, 2025)
Em janeiro de 2023, Ricardo Cappelli assumiu a liderança da segurança para conter a invasão da Praça dos Três Poderes, oferecendo um relato exclusivo dos bastidores dessa crise democrática no Brasil.

De língua a língua: a hospitalidade da tradução, de Souleymane Diagne (Coleção Métodos, 2025)
Souleymane Bachir Diagne explora a tradução como um ato de reciprocidade e transformação, revelando seu papel crucial no diálogo entre culturas e saberes em contextos desiguais.

Estudos Africanos de Gênero, organizado por OYÈRÓNKÉ OYĚWÙMÍ (WMF, 2025)
Com apresentação de Sueli Carneiro e Bianca Santana, o volume reúne textos que discutem o gênero a partir de perspectivas africanas, questionando paradigmas eurocêntricos e destacando a riqueza das experiências locais, com reflexos importantes para o Sul Global.

Um rio sem fim, de Verenilde S. Pereira (Alfaguara, 2025)
A obra narra o impacto devastador da colonização sobre os povos indígenas amazônicos, acompanhando a trajetória de duas meninas indígenas educadas em missão religiosa e sua luta pela liberdade, sob um olhar poético e crítico que desafia o ciclo da opressão histórica.

Filha, de Manoela Sawitzki (Companhia das Letras, 2025)
Em uma pequena cidade do Rio Grande do Sul, Manu, que cresceu em meio a uma masculinidade opressora, precisa enfrentar seu passado e ressignificar laços ao retornar após a notícia da doença do pai.

Te dou minha palavra, de Noemi Jaffe (Companhia das Letras, 2025)
Noemi Jaffe revisita sua infância como filha de sobreviventes da Shoá em um romance que explora memória, identidade e formação cultural em meio a descobertas políticas e pessoais.

Fullgás, de Antonio Cicero (Companhia das Letras, 2025)
Fullgás reúne os três volumes de poesia de Antonio Cicero, que transita entre erudição e cotidiano. Sua obra explora desejo, luz e efemeridade, sempre ambientada no verão do Rio de Janeiro.

Repatriação, de Ève Guerra (Companhia das Letras, 2025)
Repatriação, vencedor do Prêmio Goncourt de primeiro romance, narra a jornada de Annabella Morelli em busca de suas raízes no Congo. Entre abandono, abusos e migrações, o livro retrata a infância marcada pelo colonialismo contemporâneo e o difícil encontro com o passado.

Bestiário, de Julio Cortázar (Companhia das Letras, 2025)
Este livro reúne os primeiros contos de Julio Cortázar, escritos em 1951, quando já se destacava como narrador excepcional. Com prosa precisa e naturalidade, ele mescla o cotidiano ao fantástico.

Salão de escrita e beleza, de Juan Pablo Villalobos (Companhia das Letras, 2025)
Novela breve e divertida, este livro é uma homenagem à escrita. Juan Pablo Villalobos combina reflexões sobre família, ambição e o ato de contar histórias em uma trama repleta de surpresas e humor.

Viagem do recado, de José Miguel Wisnik (Companhia das Letras, 2025)
José Miguel Wisnik, crítico, compositor e pianista, conecta música e literatura em Viagem do recado, reunindo textos que revelam novas perspectivas sobre cultura e política brasileiras.

O ano V da revolução argelina, de Frantz Fanon (Zahar, 2025)
Publicado em meio à Guerra de Independência da Argélia, este clássico de Frantz Fanon analisa a revolução como expressão da voz e da luta de um povo oprimido. Fanon destaca o papel central das mulheres e das pessoas comuns na resistência armada, revelando a complexidade do sofrimento e da revolta contra o colonialismo. Sua prosa contundente convoca colonizados e colonizadores a confrontar suas realidades, oferecendo uma sociologia da revolução e um chamado à transformação social.

A cor da vingança, de Cornelia Funke (Seguinte, 2025)
Mais de quinze anos após a série Mundo de Tinta conquistar milhões de leitores, Cornelia Funke retorna ao universo mágico. Em Ombra, a paz reina, exceto para Orfeu, que vive na amargura e busca vingança contra Dedo Empoeirado, disposto a usar até o feitiço mais sombrio para cumprir seu plano.

Voo breve sob o sol, Ana Costa dos Santos (Círculo de Poemas, 2025)
Escrito antes, durante e após a pandemia, o livro captura a fragilidade da existência, a insegurança dos tempos e o luto profundo, especialmente pela avó. Com versos que revelam momentos fugazes e eternos, Ana nos entrega emoções intensas, onde a busca por luz se mistura à consciência do acaso e da incompletude.

Outras peles, de Lucas Guimaraens (Círculo de Poemas, 2025)
Em Outras peles, o mineiro Lucas Guimaraens explora, em poemas intensos e sensíveis, as camadas que formam nossa identidade. Ao vasculhar os vestígios deixados por quem nos antecedeu e nos atravessa, o poeta desmonta o “eu” para revelar os muitos que habitam em nós.

Laura Lima: Balé literal, de Laura Lima (Cobogó, 2025)
Em coedição entre a editora Cobogó e o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (MACBA), o livro Laura Lima: Balé literal documenta a instalação da artista Laura Lima exibida no museu espanhol. A obra é uma coreografia suspensa no espaço, composta por objetos, fotografias e frases políticas e poéticas, movimentada por um sistema de bicicletas e equipe de manutenção visível aos visitantes. O livro reúne imagens da instalação, desenhos e estudos do projeto, além dos textos exibidos na obra.

Os Anos de Vidro, de Mateus Baldi (Editora Nós, 2025)
Mateus Baldi reúne onze contos que exploram desejos, identidades e tensões na vida urbana, com foco em afetos desviantes e transição de gênero. Com narrativas fragmentadas, o livro revela encontros e conflitos cotidianos, desafiando certezas e binarismos.

Na arca: Machado de Assis e os animais, Machado de Assis (Fósforo, 2025)
A obra reúne contos e crônicas inéditos do escritor sobre bichos do Rio do século 19. Organizado por Fabiane Secches e Maria Esther Maciel, o livro destaca a relação entre humanos e animais, revelando o olhar crítico de Machado sobre crueldade, ciência e vegetarianismo. Aqui, os animais falam com linguagem e pensamento próprios, desafiando a noção de superioridade humana.

O cinema de Walter Hugo Khouri, de Donny Correia (Cosac, 2025)
Primeiro estudo crítico completo sobre Walter Hugo Khouri (1929-2003), cineasta paulista de universo entre o mundano e o metafísico. O livro traz filmografia, pôsteres e fotos, além de uma análise detalhada da carreira, desde seus primeiros filmes noir e aventuras nos anos 1950 até a polêmica maturidade, com destaque para a Trilogia Cinza e o cultuado Noite vazia (1964).
