Os 25 romances mais viciantes do mundo segundo a Bravo!
A curadoria a seguir reúne obras várias partes do mundo, incluindo clássicos a produções premiadas contemporâneas

Selecionar algumas das obras literárias mais impactantes e difíceis de largar não é nada fácil e pode gerar debates calorosos. Mas se esses debates estimularem a literatura, são bem-vindos. A curadoria a seguir reúne mais de 20 obras de várias partes do mundo, incluindo clássicos, obras que exploram o existencialismo dos anos 1920, o regionalismo social brasileiro e produções contemporâneas de autores como R.F. Kuang e Mohamed Mbougar Sarr.

Orgulho e preconceito (1813), Jane Austen
Na Inglaterra do final do século XVIII, Elizabeth Bennet, uma jovem inteligente e determinada, desafia os padrões sociais de sua época ao não se submeter aos estereótipos femininos para conquistar o respeitável Fitzwilliam Darcy. Com uma visão crítica sobre a futilidade feminina, Jane Austen constrói uma heroína iluminista e protofeminista que encontra a felicidade além das limitações impostas por sua classe social.

Grandes Esperanças (1861), Charles Dickens
No último romance de Charles Dickens, a história narra a vida de Pip, um órfão criado em um ambiente humilde e rígido, que, ao herdar inesperadamente uma fortuna, se afasta de sua origem, desprezando a família e os amigos. No início da obra, Pip vive sob a severa disciplina de sua irmã, que o cria com mão de ferro, e com o bom e simples ferreiro Joe Gargery, que representa a única figura de afeto em sua vida. Tudo começa a mudar quando Pip é convidado a visitar a excêntrica Miss Havisham, uma mulher rica, e sua bela, mas fria filha adotiva, Estella. Desde o início, Pip se apaixona por Estella, mas seu amor platônico logo se transforma em obsessão, levando-o a desprezar sua própria origem e a desejar outra realidade.

O Alienista (1882), Machado de Assis
Em Itaguaí, o ambicioso Dr. Simão Bacamarte dedica-se a estudar a loucura, explorando os limites entre sanidade e delírio enquanto utiliza seu poder social e político para internar moradores na Casa Verde. Através dessa experiência científica, ele revela as virtudes e fraquezas humanas, expondo a complexidade da sociedade local e questionando a verdadeira natureza da razão e da loucura.

Dom Casmurro (1899), Machado de Assis
Narrada por Bento Santiago, conhecido como Dom Casmurro, a história gira em torno de seu relacionamento com Capitu, sua amiga de infância e, mais tarde, sua esposa. Ao longo do romance, Bento relata sua vida e o complicado vínculo com Capitu, marcada por ciúmes, inseguranças e uma constante dúvida sobre a fidelidade de sua esposa. A trama é permeada por suspeitas de traição, principalmente devido à figura de Escobar, amigo de Bento, o que coloca em dúvida a veracidade dos relatos do protagonista.

Triste fim de Policarpo Quaresma (1915), Lima Barreto
Policarpo Quaresma é um patriota fervoroso que idolatra o Brasil por sua natureza exuberante, cultura rica e povo encantador. Funcionário público e estudioso da cultura indígena, ele sonha em tornar o tupi a língua oficial do país e valoriza as modinhas de violão como a verdadeira música nacional. Como um Dom Quixote brasileiro, enfrenta desafios para defender seus ideais e provar seu amor pela pátria. O romance de Lima Barreto é uma crítica irônica e comovente à realidade brasileira do fim do século XIX, abordando temas como idealismo, patriotismo e transformações sociais.

Um, nenhum e cem mil (1926), Luigi Pirandello
O último romance de Luigi Pirandello examina a crise identitária do sujeito moderno e desafia a noção de uma essência fixa que define quem somos. Publicado pouco antes de Pirandello receber o Nobel de Literatura, o livro é uma reflexão filosófica e existencial sobre a multiplicidade do eu e as máscaras que usamos na vida cotidiana. A trama acompanha Vitangelo Moscarda, um homem comum cuja existência tranquila é abalada por um comentário casual de sua esposa: seu nariz parece inclinado para a direita. Essa observação aparentemente banal desencadeia uma crise profunda, levando Moscarda a perceber que cada pessoa o enxerga de maneira diferente, revelando que sua identidade é fragmentada e construída a partir das percepções alheias.

O apanhador no campo de centeio (1951), J.D. Salinger
J.D. Salinger nos apresenta Holden Caulfield, um adolescente problemático e cheio de inquietações, que, após ser expulso de mais uma escola, decide fugir para Nova York. Armado apenas com uns trocados da venda de uma máquina de escrever e seu inconfundível boné vermelho de caçador, Holden embarca em uma jornada solitária pela cidade, onde pretende adiar o inevitável retorno à casa dos pais, que logo receberão a notícia de sua expulsão. Durante os três dias em que vagueia pela cidade, Holden se depara com encontros confusos, e por vezes emocionantes, com estranhos, brigas com figuras desprezíveis, conversas com ex-namoradas e visitas à sua irmã Phoebe, a única pessoa que parece realmente compreendê-lo. Em meio a essas experiências, ele se vê consumido por questionamentos existenciais, sendo um dos mais recorrentes a dúvida sobre para onde vão os patos do Central Park no inverno, uma metáfora que simboliza a busca de Holden por respostas para o sentido de sua vida.

Gabriela, Cravo e Canela (1958), Jorge Amado
Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado, se passa na Ilhéus dos anos 1920, uma cidade dividida entre o progresso urbano e o poder conservador dos coronéis do cacau. Nesse cenário de disputas políticas e sociais, nasce o romance entre Nacib, um taberneiro sírio, e Gabriela, uma jovem sensual e inocente que chega do sertão em busca de uma vida melhor. A personagem cativa a todos com sua simplicidade e charme, enquanto a cidade enfrenta mudanças profundas.

O sol é para todos (1960), Harper Lee
O sol é para todos é uma história comovente situada no Sul dos Estados Unidos, na década de 1930, marcada pelo preconceito racial. A trama é contada através dos olhos de Scout, uma menina inteligente e questionadora, enquanto seu pai, o advogado Atticus Finch, defende um homem negro injustamente acusado de um crime. O romance explora temas como raça, classe, inocência, justiça, hipocrisia e heroísmo, sendo considerado uma das obras mais importantes do século XX. A narrativa, cheia de sensibilidade e esperança, retrata as tensões de uma cidade do Alabama e permanece relevante até hoje.

O iluminado (1977), Stephen King
O Iluminado, de Stephen King, conta a história de Danny Torrance, um menino com poderes sobrenaturais, incluindo a capacidade de ouvir pensamentos e se transportar no tempo. Sua família se muda para o hotel Overlook, onde Jack Torrance, seu pai, assume o cargo de zelador. Embora inicialmente pareça ser uma oportunidade de recomeço, o hotel é assombrado por espíritos malignos e um passado sombrio, e Danny é a única esperança de impedir o mal crescente.

As alegrias da maternidade (1979), Buchi Emecheta
O romance narra a trajetória de Nnu Ego, uma mulher igbo cuja vida é marcada pela luta incessante para se afirmar como mãe em meio a condições adversas. Filha de um influente líder africano, Nnu Ego é enviada para Lagos, a capital da Nigéria, como esposa de um homem modesto. Movida pelo desejo profundo de ser mãe e alcançar a plenitude que sua cultura atribui à maternidade, ela enfrenta a dura realidade da vida urbana, tentando sustentar e educar os filhos praticamente sozinha. Sua existência é dividida entre o trabalho árduo na lavoura e as dificuldades da vida na cidade, enquanto navega pelos conflitos entre as tradições dos igbos e as influências cada vez mais presentes dos colonizadores britânicos.

A casa dos espíritos (1982), Isabel Allende
No centro da história está Esteban Trueba, um patriarca autoritário e ambicioso, cuja obsessão por poder e riqueza o leva a acumular terras e consolidar sua posição como senhor absoluto de sua propriedade. Ao mesmo tempo, é profundamente marcado por sua paixão possessiva por Clara, sua esposa enigmática e dotada de dons sobrenaturais, capaz de prever o futuro e se comunicar com espíritos. O conflito de gerações se intensifica com Blanca, a filha do casal, que desafia a autoridade de Esteban ao se apaixonar por Pedro Tercero, o filho do capataz revolucionário. Essa relação proibido alimenta o ódio do pai e lança uma sombra sobre o futuro da família. A narrativa se estende até Alba, a neta de Esteban e Clara, uma jovem idealista que herda o legado de seus antepassados enquanto enfrenta a brutalidade de um regime opressor.

As Brumas de Avalon (1982), Marion Zimmer Bradley
A série As Brumas de Avalon reimagina a lenda do Rei Arthur sob a perspectiva das mulheres que moldaram seu destino. Narrado principalmente por Morgana, meia-irmã de Arthur e poderosa sacerdotisa, o enredo explora a luta entre o cristianismo emergente e as antigas religiões pagãs de Avalon. A série retrata os conflitos de poder, fé e identidade, enquanto personagens como Guinevere, Viviane e Morgause desempenham papéis fundamentais na construção e queda de Camelot.

O castelo branco (1985), Orhan Pamuk
O castelo branco, primeiro romance de Orhan Pamuk, conta a história de um acadêmico veneziano que, no século XVII, é aprisionado pelos turcos. Após ser comprado e dado de presente a Hoja, um estudioso turco, ambos descobrem uma semelhança impressionante entre si, tanto física quanto intelectual. Juntos, eles exploram fenômenos científicos e se aprofundam em questões existenciais, especialmente sobre identidade e o que nos torna quem somos. A história segue a complexa relação entre amo e escravo, investigando temas como sonhos, pecados e a busca por autoconhecimento, além de refletir sobre as relações entre a Europa e a Turquia.

O evangelho segundo Jesus Cristo (1991), José Saramago
José Saramago reinterpreta a história bíblica de Jesus Cristo, apresentando uma versão mais humana e questionadora de sua jornada. Através de uma narrativa irreverente e filosófica, Saramago explora as dúvidas, conflitos internos e dilemas morais de Jesus, desafiando a visão tradicional da religião. O romance aborda temas como a fé, o destino e a liberdade, enquanto Jesus luta com sua identidade e seu papel divino. Com uma escrita provocadora, o autor questiona os dogmas religiosos e oferece uma reflexão profunda sobre o poder e as escolhas do ser humano.

Sonhos de Einstein (1992), Alan Lightman
O autor nos leva a uma viagem pela mente do jovem Albert Einstein, em Berna, no fim da primavera de 1905. O romance se passa em uma cidade suíça tranquila, onde Einstein, um simples funcionário do Escritório Suíço de Patentes, se vê atormentado por sonhos estranhos e desconcertantes que o conectam aos mistérios do tempo e do espaço. Cada um dos trinta sonhos de Einstein é uma reflexão poética e filosófica sobre a existência humana, questionando conceitos fundamentais como a relação entre causa e efeito, o fluxo do tempo e a linearidade da vida. Em seus sonhos, o tempo se apresenta de formas inesperadas, com momentos que condensam nascimento, vida e morte em um único dia, e realidades em que as consequências das ações se tornam imprevisíveis.

Saga Harry Potter (1997), J. K. Rowling
Não tem como fugir, a série Harry Potter, criada por J.K. Rowling, é uma das maiores e mais queridas sagas da literatura mundial, que cativou gerações de leitores e se tornou um ícone cultural. Ao longo de sete livros, acompanhamos a jornada de Harry Potter, um jovem bruxo que descobre, no seu 11º aniversário, que é famoso no mundo da magia, mas desconhece até então o porquê. Ele é marcado por um destino único e, ao longo dos anos, enfrenta desafios, encontra novos amigos e inimigos que o conduzem a uma luta épica contra as forças das trevas. A história começa em Harry Potter e a Pedra Filosofal, quando Harry chega à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde faz amigos leais, como Ron Weasley e Hermione Granger, e descobre o verdadeiro significado de sua origem.

As Horas (1998), Michael Cunningham
As Horas, vencedor do Prêmio Pulitzer de 1999, acompanha um dia na vida de três mulheres interligadas pela presença marcante de Virginia Woolf e seu romance Mrs. Dalloway. Woolf, em 1923, luta contra a loucura enquanto escreve sua obra icônica. Em 1949, Laura Brown, uma dona de casa insatisfeita, busca consolo na leitura de Mrs. Dalloway enquanto tenta se adaptar ao papel de mãe e esposa em um subúrbio de Los Angeles. Já na Nova York contemporânea, Clarissa Vaughn, uma editora bem-sucedida, organiza uma festa para Richard, seu amigo próximo e escritor gay em estado terminal. Michael Cunningham constrói um elo poderoso entre essas mulheres, revelando suas angústias e desejos com sensibilidade e profundidade.

Minha querida Sputnik (1999), Haruki Murakami
O livro nos apresenta K., um jovem professor que, apesar de sua vida aparentemente tranquila, guarda uma paixão não correspondida por sua melhor amiga, Sumire. Sumire, por sua vez, é uma jovem que abandonou a faculdade para se dedicar inteiramente à sua paixão pelos livros, um interesse que permeia todos os aspectos de sua vida, desde o vestuário até os pensamentos. A vida dos três personagens muda com a chegada de Miu, uma empresária bem-sucedida e casada, que exerce um magnetismo irresistível sobre Sumire. A atração de Sumire por Miu é arrebatadora, e ela se vê seguindo a mulher por onde quer que ela vá, entrando em uma jornada emocional complexa e, aos poucos, criando uma armadilha sem saída para si mesma. K., que sempre amou Sumire, se vê diante de uma escolha difícil: tentar salvar sua amiga de sua obsessão ou permanecer à margem, observando o desastre iminente.

A artista do corpo (2001), Don DeLillo
A narrativa acompanha Lauren Hartke, uma artista performática que combina teatro e mímica, utilizando o corpo como seu principal meio de expressão — um território plástico e vivo, especialmente vulnerável após a morte recente de seu marido. Refugiada em uma casa alugada à beira-mar, em meio a quartos vazios e ao isolamento, Lauren se entrega ao luto e à tentativa de reconstruir sua identidade. A reclusão de Lauren é interrompida por um visitante enigmático, um homem de idade e origem indefinidas que parece ter uma conexão sobrenatural com sua dor. Esse intruso misterioso é capaz de imitá-la e até mesmo reproduzir com precisão os gestos e comportamentos de seu marido morto. Juntos, eles exploram os recônditos da memória, do corpo e do tempo — uma jornada que desafia as fronteiras entre realidade e ilusão.

Um defeito de cor (2006), Ana Maria Gonçalves
O romance narra a saga de Kehinde, uma mulher negra sequestrada no Reino do Daomé e trazida como escravizada para a Bahia. Através de sua história, o livro revela os traumas da captura, os sofrimentos da escravidão, seus amores e sua busca pela liberdade e pela religiosidade. Inspirada em Luísa Mahin, a personagem se torna uma empresária bem-sucedida após conquistar sua liberdade. Com uma pesquisa histórica profunda, a obra é um retrato pungente da luta dos africanos na diáspora e da formação da sociedade brasileira.

O Homem que Amava os Cachorros (2009), Leonardo Padura
A obra mistura realidade e ficção para reconstituir os eventos que culminaram no assassinato de Leon Trotski, revelando o drama de seu algoz, Ramón Mercader. Narrado por Iván, um veterinário frustrado que sonhava ser escritor, o romance é ambientado na Cuba de 2004 e se desdobra a partir de um misterioso encontro com um homem que passeava com cães e compartilha histórias sobre Mercader, amigo próximo cujo passado sombrio é detalhadamente revelado. Padura explora com maestria a trajetória de Trotski — líder revolucionário russo, fundador do Exército Vermelho e teórico brilhante, perseguido e exilado por Stalin — e de Mercader, um militante comunista treinado em Moscou e enviado para eliminar o revolucionário.

The Underground Railroad: Os caminhos para a Liberdade (2017), Colson Whitehead
A história segue Cora, uma jovem escravizada que vive na Geórgia, imersa na brutalidade da escravidão. Ela não conhece nada além da fazenda de algodão em que trabalha, onde a violência e a opressão moldam sua realidade. No entanto, quando Caesar, outro escravo da fazenda, lhe fala sobre a ferrovia subterrânea, um mundo de liberdade e possibilidades além das cercas da plantação se revela. Cora decide escapar, iniciando uma jornada perigosa e repleta de adversidades, onde a busca por liberdade se entrelaça com a luta pela dignidade e pela vida. À medida que ela atravessa os estados do sul, cada novo lugar apresenta desafios aterradores e inimigos implacáveis.

Impostora (2023), R.F. Kuang
A trama acompanha June Hayward, uma escritora branca cuja carreira ficou estagnada enquanto sua colega de Yale, Athena Liu, alcançou o estrelato. Quando Athena morre em circunstâncias misteriosas, June aproveita a oportunidade para roubar o manuscrito inédito da amiga — uma obra brilhante sobre os trabalhadores chineses na Primeira Guerra Mundial. Rebatizada como Juniper Song, ela desfruta do sucesso comercial que sempre desejou. No entanto, a ascensão de June é ameaçada por suspeitas de plágio e debates acalorados sobre apropriação cultural, forçando-a a confrontar as consequências de seus atos e os limites de sua ambição.

A mais recôndita memória dos homens (2023), Mohamed Mbougar Sarr
Vencedor do prêmio Goncourt, o livro narra a jornada de Diégane Latyr Faye, um jovem escritor senegalês que, em 2018, descobre em Paris um enigmático romance publicado em 1938: O Labirinto do Inumano. Seu autor, o misterioso T.C. Elimane, desapareceu após uma polêmica acusação de plágio que abalou a cena literária francesa na década de 1940. Intrigado pela história do “Rimbaud negro”, Diégane embarca em uma busca obsessiva pela verdade por trás do desaparecimento de Elimane. Essa investigação o leva por diversos lugares — de Dakar a Paris, Amsterdam e Buenos Aires —, revelando as cicatrizes do colonialismo, os horrores do holocausto e as contradições de uma literatura nascida do exílio.