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Os maiores lançamentos literários de fevereiro

A literatura ganha novas vozes e perspectivas com lançamentos que desafiam o entendimento sobre identidade, memória e resistência

Por Redação Bravo!
Atualizado em 21 fev 2025, 16h49 - Publicado em 7 fev 2025, 08h00
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 (Arte/Redação Bravo!)
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Em fevereiro, a literatura ganha novas vozes e perspectivas com lançamentos que desafiam o entendimento sobre identidade, memória e resistência. Entre as principais apostas está Eu já te contei?, da atriz Genevieve Kingston, que traz uma reflexão sobre a perda e os legados deixados por uma mãe.

Outro destaque, As Filhas de Safo, de Selby Wynn Schwartz, mergulha em histórias de mulheres que desafiam normas sociais e culturais a partir da poesia de Safo. Pela Companhia das Letras, Oswald de Andrade, de Lira Neto, apresenta uma biografia detalhada do modernista, revelando suas contradições e visões inovadoras.

Em A pele em flor: Contos, Vinícius Neves Mariano explora a complexidade da negritude no Brasil, abordando racismo e resistência. Além disso, A vontade de mudar: homens, masculinidades e amor, de bell hooks, oferece uma análise crítica da masculinidade hegemônica, propondo uma visão de “masculinidade feminista” como caminho para a libertação. Confira nossa curadoria completa a seguir: 

Eu já te contei?, de Genevieve Kingston (Intrínseca, 2025)

Dez dias antes de Gwen Kingston completar doze anos, sua mãe faleceu após uma batalha intensa contra o câncer. Antes de partir, ela deixou dois baús cuidadosamente embalados com presentes e cartas, cada um simbolizando marcos importantes que Gwen e seu irmão viveriam sem ela. Ao longo de vinte anos, o baú de lembranças acompanhou Gwen em suas mudanças, de cidade em cidade, de apartamento em apartamento. Neste livro de memórias, Genevieve compartilha sua jornada de crescimento, sempre sob a sombra da perda, orientada pelo que sua mãe havia deixado.

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(Intrinseca/divulgação)

As Filhas de Safo, Selby Wynn Schwartz (Autêntica, 2025)

Obra indicada ao Booker Prize 2022. Com uma escrita que se fragmenta de maneira evocativa, à semelhança do estilo singular de Anne Carson, Selby Wynn Schwartz toma como ponto de partida a poesia de Safo para tecer uma narrativa revitalizante sobre mulheres cujas histórias se entrelaçam, enquanto constroem identidades queer e reclamam o direito à autonomia sobre suas vidas. As Filhas de Safo resgata e celebra a ancestralidade de artistas pioneiras dos séculos XIX e XX, compondo um catálogo de intimidades, invenções, desejos e aspirações.

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(Autêntica/divulgação)
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Oswald de Andrade: Mau Selvagem, de Lira Neto (Companhia das Letras, 2025)

Lira Neto traça um retrato multifacetado de Oswald de Andrade, explorando suas contradições como escritor, jornalista e pensador. A biografia, fundamentada em vasta pesquisa documental, revela sua atuação no modernismo, sua crítica ao patriarcado e seu olhar pioneiro sobre questões decoloniais. Do sarcasmo feroz à criatividade transgressora, Oswald deixou um legado que influenciou movimentos como a Poesia Concreta, o Teatro Oficina e a Tropicália.

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(Companhia das Letras/divulgação)

A pele em flor: Contos, de Vinícius Neves Mariano (Alfaguara, 2025)

Vinícius Neves Mariano apresenta, em A pele em flor, personagens em busca de identidade e pertencimento, confrontando o passado e as marcas da história racial brasileira. No conto de abertura, o narrador presencia um ato de racismo e parte em uma investigação sobre o “mal do senhor”. Já em Fawohodie, inspirando-se em Borges, questiona o cânone literário e seus critérios de exclusão. Entre realidade e ficção, as narrativas exploram memórias, tradições e o impacto coletivo da negritude, reafirmando a complexidade e singularidade das experiências negras na literatura contemporânea.

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(Alfaguara/divulgação)

Assombrar o mundo com beleza (Cobogó, 2025)

“Assombrar o mundo com beleza” apresenta a produção de Sonia Gomes nos últimos 15 anos, destacando sua arte têxtil e temas como identidade e memória. O livro reúne imagens de obras, registros de exposições e textos de diversos autores, incluindo Paulo Miyada, que organiza a edição.

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(Cobogó/divulgação)

Catorze dias, organizado por Margaret Atwood e Douglas Preston (Editora Rocco, 2025)

Após a primeira semana de isolamento durante a pandemia de covid-19, os moradores de um prédio em Nova York começam a se reunir no terraço, mantendo o distanciamento social, para contar histórias. Aos poucos, esses estranhos se conhecem e refletem sobre a vida e a morte. Inspirado no Decamerão, Catorze Dias, organizado por Margaret Atwood e Douglas Preston, traz uma narrativa misteriosa e reconfortante sobre como, mesmo diante das perdas, algumas comunidades conseguem resistir e se fortalecer.

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(Editora Rocco/divulgação)

Pós poemas, Augusto de Campos (Perspectiva, 2025)

Augusto de Campos, um dos maiores poetas do Brasil, lança Pós-Poema, seu último livro de poemas visuais, completando a tetralogia iniciada com Despoesia, seguida de Não e Outro. Este livro reúne trabalhos de 2005 a 2024, radicalizando a depuração e condensação que definem sua poética. A concisão é usada para transformar palavras e frases comuns, criando intervenções que revelam novos sentidos através do estranhamento, gerando um espanto e alumbramento que ampliam a percepção do cotidiano.

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(Perspectiva/divulgação)
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Freshwater, de Virginia Woolf (Nós, 2025)

Freshwater é a única peça completa de Virginia Woolf, escrita em 1923 e ambientada em 1870. A farsa humorística, inspirada em Julia Margaret Cameron, tia-avó de Woolf, explora conflitos artísticos e amorosos em uma casa de campo na Ilha de Wight. Com um tom lúdico, a peça oferece uma crítica espirituosa às convenções vitorianas. Embora escrita para entreter amigos em Bloomsbury, não é amplamente discutida na análise crítica de Woolf. A primeira montagem ocorreu em 1935, e esta é a primeira tradução brasileira da peça, realizada por Victor Santiago.

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(Nós/divulgação)

Viagens a terras inimagináveis: Histórias sobre demência, cuidadores e os mecanismos da mente, Dasha Kiper (Todavia, 2025)

Dasha Kiper, após concluir o mestrado em psicologia clínica, trabalhou como cuidadora de um sobrevivente do Holocausto com Alzheimer. A experiência a levou a explorar a relação entre pacientes e cuidadores, unindo neurociência, literatura, psicologia e filosofia. Com uma abordagem que lembra a de Oliver Sacks, Kiper investiga os processos mentais dos pacientes e os desafios enfrentados por quem cuida deles.

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Viagens a terras inimagináveis Histórias sobre demência cuidadores e os mecanismos da mente Dasha Kiper 2025 (Todavia/divulgação)

Não me deixe só, Claudia Rankine (Todavia, 2025)

O livro de Claudia Rankine aborda questões centrais da sociedade contemporânea nos Estados Unidos, como tensões raciais, a influência da mídia, a militarização e o uso de medicamentos para alterar estados emocionais. Escrito durante o segundo mandato de George W. Bush, a obra se enquadra no gênero da “poesia documental”, mesclando elementos autobiográficos e crônicas do período.

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(Todavia/divulgação)

Incontornáveis, de Antonio Manuel (BEĨ Editora, 2025)

O volume, bilíngue, explora os recentes experimentos de Manuel em diálogo com sua trajetória artística. Com 208 páginas, a publicação traz imagens da série, incluindo fac-símiles, e textos inéditos dos curadores Ana Maria Maia e Paulo Venancio Filho, além de um ensaio de Décio Pignatari. A obra, que utiliza camadas de jornal rasgado e pintado, reflete sobre a transitoriedade da informação e a relevância da palavra impressa hoje. A série retoma a relação do artista com os jornais, tema presente desde sua exposição de 1973.

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(Editora BEĨ/divulgação)

Caças às bruxas e capital: mulheres, acumulação, reprodução, de Silvia Federici (Elefante, 2025)

Em Caça às bruxas e capital, Silvia Federici apresenta sua visão da guerra contra as mulheres, que começou com a perseguição às “bruxas” na transição do feudalismo para o capitalismo e se perpetua até hoje, por meio da violência de gênero e das políticas neoliberais. Retomando temas de suas obras anteriores, como Calibã e a bruxa e O ponto zero da revolução, a autora oferece uma análise crítica do capital e das estratégias das mulheres para combatê-lo, destacando a imaginação e a construção de novos mundos e relações.

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(Elefante/divulgação)
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A vontade de mudar: homens, masculinidades e amor, de bell hooks (Elefante, 2025)

Em A vontade de mudar, bell hooks faz uma declaração de amor aos homens, mas não deixa de criticar a masculinidade hegemônica, abordando a violência, abuso e dominação exercidos pelos homens. Ao contrário de outras análises, a autora argumenta que o problema não está nos homens em si, mas no patriarcado, especialmente no “patriarcado supremacista branco capitalista imperialista”. Embora implementado por homens, esse sistema é também sustentado por mulheres, prejudicando toda a sociedade. hooks explora temas como infância, trabalho, sexo, cultura e amor, propondo uma “masculinidade feminista” como caminho para a libertação.

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(Elefante/divulgação)

Coleção César Aira –Volume 2, César Aira (Fósforo, 2025)

Este segundo volume da coleção César Aira, que reúne dezesseis títulos ao longo de quatro anos, revela diferentes facetas do escritor argentino, conhecido por desafiar o senso comum literário. O volume inclui uma nova tradução da novelita mais popular entre os leitores brasileiros, além de um ensaio autobiográfico poético, que reflete sobre a vida do autor. Também estão presentes suas tradicionais e caóticas pulp fictions.

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(Fósforo/divulgação)

Lina por Aldo – Afinidades no pensamento dos arquitetos Lina Bo Bardi e Aldo van Eyck, de Isabel Diegues e Jorn Konijn (Cobogó, 2025)

Lina por Aldo é um livro que explora cinco aspectos chave das carreiras de Lina Bo Bardi e Aldo van Eyck, por meio de dez ensaios que analisam convergências e contrastes em suas obras. Os temas abordados incluem sua produção intelectual como escritores e editores de revistas de arquitetura, o lúdico e o brincar, o encontro com outras culturas, o envolvimento com a arte e suas diferentes abordagens para a arquitetura.

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(Cobogó/divulgação)
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