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Os melhores lançamentos literários de maio

Entre as publicações, estão as obras de Djaimilia Pereira de Almeida, Natalia Timerman, Ian Fraser e Antonio Candido

Por Redação Bravo!
10 Maio 2025, 08h00

Os lançamentos de maio trazem uma seleção diversificada de livros nacionais e internacionais, que navegam por temas como a perda, a migração e crítica social. Entre os autores brasileiros, destacam-se Djaimilia Pereira de Almeida, Natalia Timerman, Dom Phillips, Ian Fraser e Antonio Candido, que exploram desde reflexões pessoais e históricas; da crítica ao sistema penitenciário à crise ambiental.

Do lado internacional, os leitores encontrarão obras como Só um pouco aqui, de María Ospina Pizano, que examina a migração e a sobrevivência, e James, de Percival Everett, uma releitura do clássico As Aventuras de Huckleberry Finn pela perspectiva de Jim. Outros lançamentos de peso incluem Proclamem nas montanhas, livro de estreia de James Baldwin, e Sobre a loucura de uma mulher, de Cynthia McLeod, que desafiam normas sociais e culturais. 

Nacionais

O livro do meu pai (Todavia, 2025), Djaimilia Pereira de Almeida

Movida pelo luto após a morte do pai durante a pandemia, Djaimilia Pereira de Almeida parte em busca de um romance inacabado que ele teria escrito ao longo da vida — uma obra mais mítica do que real. A partir dessa ausência, a narradora constrói uma profunda reflexão sobre o que fica por dizer: memórias familiares, dores silenciosas, rastros da perda e a persistência da imaginação como forma de resistência. Em linguagem híbrida e delicada, o livro transforma o inacabado em força vital e literária.

Desterros (Todavia, 2025), Natalia Timerman

A partir de sua experiência como psiquiatra no sistema penitenciário, Natalia Timerman mergulha nos limites entre loucura, violência e vulnerabilidade. Neste relato potente, ela acompanha pacientes em sofrimento psíquico e revela como nem a medicina nem o direito são suficientes para dar conta do que encontra. É a literatura — com sua escuta sensível e sem julgamentos — que permite compreender o absurdo. Ao narrar os outros, a autora também se expõe, tornando-se parte daquilo que observa.

Como salvar a Amazônia (Companhia das Letras, 2025), Dom Phillips e colaboradores

Como salvar a Amazônia é o livro póstumo do jornalista Dom Phillips, assassinado em 2022 ao lado do indigenista Bruno Pereira no Vale do Javari. Combinando diário de viagem, reportagem e manifesto, a obra reúne os relatos que Dom deixou sobre a floresta e seus povos, revelando os desafios impostos pelo desmatamento, pela violência e pelo descaso político. Concluído por amigos e colegas após sua morte, o livro mantém viva a mensagem do autor: proteger a Amazônia é urgente — e possível — se ouvirmos quem a habita e a conhece profundamente.

Brigada ligeira (Todavia, 2025), Antonio Candido 

Brigada ligeira, publicado em 1945, marca o início da trajetória crítica de Antonio Candido, reunindo textos escritos para a Folha da Manhã entre 1943 e 1944. Ainda jovem, Candido já demonstrava fôlego intelectual ao comentar obras de autores como Clarice Lispector, Jorge Amado, Erico Verissimo, Fernando Sabino e José Lins do Rego. O livro antecipa o olhar agudo e generoso que moldaria sua atuação como um dos maiores críticos literários do país.

Cartografia para caminhos incertos (Intrínseca, 2025), Ian Fraser

Finalista do Prêmio Jabuti em 2023, a obra explora a jornada emocional e física de Mané, um jovem poeta de Redenção. Ao tentar impressionar seu namorado, Mané se perde da cidade e começa uma longa viagem pela Bahia em busca de sua casa. No caminho, ele passa por cenários inusitados, como uma torre construída de cima para baixo, os dois palcos de uma guerra sem explicação e um vilarejo imerso em um eterno espetáculo teatral. Ao encontrar um palhaço, Mané é confrontado com novos sentimentos, enquanto descobre que o maior mistério de sua jornada está dentro de si mesmo.

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Horas azuis (Companhia das Letras, 2025), Bruna Dantas Lobato

Horas azuis, romance de estreia da premiada tradutora Bruna Dantas Lobato, narra a delicada adaptação de uma jovem brasileira que se muda para Vermont, nos Estados Unidos, para estudar literatura. Entre o frio do campus e as conversas por Skype com a mãe no Brasil, a protagonista mergulha em uma rotina de descobertas, silêncios e afeto à distância. Com uma prosa sensível, o livro revela como a solidão pode transformar vínculos e moldar identidades, traçando um retrato íntimo das mudanças sutis que marcam a vida longe de casa.

Tempo Fechado: Capitalismo e Colapso Ecológico (Boitempo, 2025), vários autores

Organizado por Laura Luedy, a obra reúne dez ensaios inéditos que encaram a crise climática em sua raiz: o próprio capitalismo. Com vozes de lideranças indígenas, pensadores marxistas, feministas e ecossocialistas, o livro propõe uma crítica contundente ao ambientalismo dominante e lança luz sobre alternativas radicais para o enfrentamento do colapso ecológico. Da resistência dos Munduruku à financeirização da natureza, passando por soberania alimentar, negacionismo climático e a atualidade do pensamento de Marx, os textos revelam que não haverá justiça ambiental sem transformação social profunda.

Ana Lívia e outras mulheres (Cobogó, 2025), Caetano W. Galindo

Ana Lívia e outras mulheres marca a estreia de Caetano W. Galindo na dramaturgia com duas peças teatrais — Ana Lívia e Leonora — acompanhadas por um dossiê que revela bastidores e transformações do processo criativo. Em Ana Lívia, duas atrizes orbitam em torno do que não conseguem dizer, compondo um jogo de espelhos entre o fim de uma trajetória e a vontade de seguir em cena. Já Leonora inspira-se nos escritos de Leonora Carrington para criar um poema cênico sobre morte, sonho e reinvenção.

Internacionais

Sem despedidas (Todavia, 2025), Han Kang

Misturando realidade e ficção, a trama acompanha Kyung-ha, uma escritora que deixa Seul rumo à ilha de Jeju para cuidar do pássaro de estimação de uma amiga hospitalizada. Lá, ela se depara com memórias enterradas, arquivos sobre o massacre ocorrido entre 1948 e 1949 e a história da família da amiga. Com lirismo, Han Kang transforma esse passado violento em um delicado tributo à vida e à memória.

James (Todavia, 2025), Percival Everett

Vencedor do National Book Award 2024, James, de Percival Everett, reconta As aventuras de Huckleberry Finn pela perspectiva de Jim, o homem escravizado que acompanha o garoto pelo Mississippi. Agora chamado James, ele surge como um sujeito culto e perspicaz, que esconde sua inteligência para sobreviver num mundo brutal. Ao inverter o ponto de vista do clássico de Mark Twain, Everett questiona as versões oficiais da história e repara o apagamento de vozes negras na literatura americana.

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Proclamem nas montanhas (Companhia das Letras, 2025), James Baldwin

Lançado em 1953, este é o livro de estreia de James Baldwin, ambientado em Harlem, na década de 1930. A história segue John Grimes, um jovem de catorze anos que, ao perceber o desinteresse dos outros por seu aniversário, embarca em uma jornada espiritual. O romance de formação, semi autobiográfico, explora temas como fé, autoconhecimento e redenção, além de abordar a experiência da população negra na sociedade americana. Considerado por Roxane Gay um “libelo contra a hipocrisia”, o livro critica o uso indevido da fé e os dilemas morais que conectam e separam os personagens.

Terra Partida (Intrínseca, 2025), Clare Leslie Hall

Ambientada nas décadas de 1960 e 1970, a obra acompanha a vida de Beth, que, apesar de levar uma existência pacata com seu marido Frank em uma fazenda no interior da Inglaterra, carrega o peso de uma dor profunda: a perda de seu filho Bobby. A rotina tranquila de Beth é interrompida com a chegada de Gabriel, seu primeiro amor, agora um escritor de sucesso, acompanhado do filho. O reencontro traz à tona um passado doloroso que Beth tentava esquecer, colocando à prova as frágeis estruturas de sua família e desencadeando consequências fatais para todos os envolvidos.

Sobre a loucura de uma mulher (Companhia das Letras, 2025), Astrid Roemer

Em Sobre a loucura de uma mulher, a autora surinamesa Cynthia McLeod entrega um romance queer de linguagem poética e estrutura fragmentada que desafia normas sociais, sexuais e coloniais. Após apenas nove dias de casamento, Noenka abandona o marido abusivo e parte para Paramaribo, onde inicia uma trajetória marcada por dor, descoberta e paixões — incluindo um amor arrebatador por uma mulher. Ambientado no Suriname pós-colonial, o livro revela feridas deixadas pela colonização holandesa em meio a orquídeas raras, memórias de plantações escravistas e violências cotidianas. 

Tokyo noir (Companhia das Letras, 2025), Jake Adelstein

Sequência do livro que inspirou a série Tokyo Vice da HBO, a obra leva o leitor a uma jornada tensa pelos salões de pachinko e empresas fachada da yakuza. Após deixar o jornalismo, Adelstein se torna detetive particular, especializado em desvendar relações entre empresas japonesas e criminosos. A narrativa revela como a yakuza infiltra-se em todos os aspectos da sociedade japonesa, desde as Olimpíadas até a ajuda pós-terremoto, sempre com violência e manipulação. Adelstein se vê como alvo da máfia, mas sua história também traz momentos de ternura e reflexão sobre a cultura budista, oferecendo um retrato literário e realista de um Japão obscuro.

A escravidão contada à minha filha (Todavia, 2025), Christiane Taubira

Neste ensaio vigoroso, Christiane Taubira investiga como o tráfico transatlântico de pessoas escravizadas foi sustentado por argumentos filosóficos, jurídicos e econômicos ao longo de quase quatro séculos. Com linguagem acessível e profunda, a autora desmonta essas construções e defende a urgência de transmitir a memória desse crime histórico como um gesto de justiça e consciência coletiva.

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O que eu comi em um ano (Intrínseca, 2025), Stanley Tucci

O livro é um diário sensível em que o ator Stanley Tucci compartilha suas impressões sobre refeições feitas ao longo de um ano, em casa e no exterior, com amigos, familiares, desconhecidos e até mesmo sozinho. Cada refeição registrada carrega uma memória pessoal: a sopa stracciatella em Roma, o molho marinara preparado durante as filmagens de Conclave e a pizza caseira compartilhada com seus filhos. A obra mistura humor e reflexões profundas, com descrições sensoriais e momentos de prazer vividos à mesa. Além disso, o livro traz menções a nomes icônicos de Hollywood, adicionando um toque especial à narrativa.

Não Pisque (Suma, 2025), Stephen King

Em Não pisque, Stephen King retoma a personagem Holly Gibney em um suspense que combina duas tramas paralelas: uma investigação sobre ameaças anônimas que culminam em assassinatos e a proteção de uma celebridade feminista perseguida por um justiceiro. Entre cartas enigmáticas, mortes aleatórias e perseguições sombrias, Holly precisa agir rápido antes que o pior aconteça. Com tensão crescente e crítica social, o livro reafirma a maestria de King na construção de thrillers envolventes e perturbadores.

Território da luz (Alfaguara, 2025), Yuko Tsushima

Vencedor do prêmio Noma, de Tsushima Yuko, é um romance que acompanha a vida de uma jovem mãe solo em Tóquio, após sua separação. Vivendo com sua filha em um apartamento iluminado por luz constante, ela enfrenta a solidão, a reconstrução de sua identidade e as contradições internas. Com uma escrita crua e sensível, Tsushima explora as lutas de sua protagonista, oferecendo uma reflexão profunda sobre a experiência feminina e a solidão.

Pornotopia (Zahar, 2025), Paul B. Preciado

Em Pornotopia, Paul B. Preciado investiga o papel da revista Playboy na construção de uma nova masculinidade no pós-guerra. Longe de ser apenas um símbolo de nudez feminina, a publicação ajudou a moldar o ideal do homem branco, moderno e consumista, que desejava prazer e autonomia longe dos compromissos familiares. Com sua análise afiada, Preciado revela como Playboy arquitetou um imaginário onde a intimidade virou espetáculo — lógica que persiste hoje, das redes sociais aos reality shows.

Só um pouco aqui (Instante, 2025), María Ospina Pizano

Só um pouco aqui, romance de estreia da colombiana María Ospina Pizano, entrelaça histórias de animais em deslocamento forçado para refletir sobre migração, perda e sobrevivência. Com lirismo e precisão, a autora revela como a experiência não humana espelha as feridas humanas. Aclamado internacionalmente, o livro venceu o Prêmio Sor Juana Inés de la Cruz (2023) e o Prêmio Nacional de Novela da Colômbia (2024).

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Infanto-juvenil

Preto é lindo! (Baião, 2025), Ashley Bryan

Preto é lindo!, de Ashley Bryan, é um livro ilustrado profundamente poderoso que celebra a beleza ancestral. Baseado em um conto tradicional da Zâmbia, o premiado autor afro-americano cria uma obra que valoriza a herança cultural e a identidade negra. Com ilustrações vibrantes e uma narrativa envolvente, o livro convida os leitores a reconhecer e a celebrar a beleza do preto, reafirmando o poder da ancestralidade e a riqueza das tradições africanas.

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