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Vale Tudo: o que os livros lidos por Tia Celina revelam sobre a trama

Iinterpretada por Malu Galli, a personagem revela sua personalidade e valores por meio de sua paixão pela leitura

Por Humberto Maruchel
11 set 2025, 09h00
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Malu Galli interpreta Tia Celina em Vale Tudo (Marcos Serra Lima/Divulgação/Globo/reprodução)
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No audiovisual, muitas vezes são os detalhes que constroem uma personagem: a direção de arte, o figurino e, às vezes, até mesmo os livros que ela escolhe ler. Em Vale Tudo, novela da Globo escrita por Manuela Dias, Tia Celina, interpretada por Malu Galli, revela sua personalidade e valores por meio de sua paixão pela leitura. Leitora voraz e cuidadosa curadora de bons livros, ela nos mostra que as escolhas literárias podem ser tão reveladoras quanto gestos e palavras.

Entre as obras que Tia Celina aprecia, cada uma reflete um aspecto de sua sensibilidade e visão de mundo, e também projetam elementos da trama. 

As intermitências da morte – José Saramago (Companhia das Letras, 2020)

Cansada de ser odiada pela humanidade, a morte decide abandonar seu ofício. O que inicialmente parece uma bênção logo revela complicadas conexões entre Igreja, Estado e a vida cotidiana. No romance, José Saramago mostra um país onde ninguém mais morre. O efeito imediato é entusiasmo, mas rapidamente surgem problemas: idosos e doentes permanecem agonizando, hospitais e asilos lotam, funerárias e companhias de seguro entram em crise, e líderes políticos e religiosos se veem impotentes diante do impasse. Sem morte, não há ressurreição, e sem ressurreição, a Igreja perde sentido.

Assim como em As Intermitências da Morte, a novela lida com dilemas éticos, relações de poder e impactos das decisões individuais na coletividade, mostrando que ações humanas têm consequências profundas.

A mulher desiludida, Simone de Beauvoir (Nova Fronteira, 2021)

Em A Mulher Desiludida, Simone de Beauvoir explora a vida de três mulheres maduras, cada uma enfrentando perdas, traições e solidão. Uma intelectual distante da família; outra, marcada por casamentos fracassados e a morte da filha; e Monique, confrontando a traição do marido e a desestruturação de sua vida. Tal como em A Mulher Desiludida, a trama explora experiências de mulheres em diferentes contextos, suas escolhas, sofrimentos, frustrações e superações.

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Com elementos autobiográficos e um subtexto filosófico, Beauvoir constrói narrativas breves e impactantes, refletindo sobre a condição feminina e a existência.

A amiga genial, Elena Ferrante (Biblioteca Azul, 2015)

A Série Napolitana, composta por quatro romances, acompanha a amizade entre Elena Greco e Raffaella Cerullo desde a infância em um bairro pobre de Nápoles, nos anos 1950. Entre rivalidades, cumplicidade e sonhos de um futuro melhor, a educação se torna o divisor de caminhos: Elena se dedica aos estudos, enquanto Raffaella assume responsabilidades familiares. Como em A Amiga Genial, as relações entre personagens centrais da novela são complexas, marcadas por competição, cumplicidade e desejos de ascensão social.

Becos da Memória, Conceição Evaristo (Pallas, 2017)

Por meio de seus personagens, a autora revela a complexidade humana e os sentimentos de quem enfrenta diariamente desamparo, preconceito, fome e miséria. Com lirismo e sensibilidade, a obra aborda questões profundas da sociedade brasileira. O enredo mostra conflitos ligados a pobreza, exclusão e discriminação, revelando que as escolhas dos personagens não acontecem em um vácuo, mas dentro de uma sociedade desigual, assim como em Vale Tudo.

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