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OLÁ,

Grammy 2025 tem vitória histórica de Beyoncé e exclusão de Milton Nascimento

Discursos políticos e protestos marcaram a 67ª edição da premiação de música

Por Humberto Maruchel
Atualizado em 3 fev 2025, 12h44 - Publicado em 3 fev 2025, 09h00
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 (colagens com imagens do Instagram Academia Recording Arts/Redação Bravo!)
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A 67ª edição do Grammy Awards, realizada no último domingo (2), representou um marco importante na carreira de Beyoncé. A artista, que detém o recorde de maior número de indicações na história da premiação — 99 no total —, conquistou pela primeira vez o prêmio de Álbum do Ano.

Após anos de críticas à Academia por deixá-la de fora da principal categoria, Beyoncé foi premiada por Cowboy Carter, seu primeiro álbum de country. “Foram muitos anos”, afirmou a cantora, emocionada, ao agradecer pelo reconhecimento. A artista — que já havia sido indicada outras quatro vezes nesta mesma categoria por I Am…Sasha Fierce, Beyoncé, Lemonade e Renaissance — quebrou um hiato de 26 anos desde que uma artista negra venceu o prêmio. Lauryn Hill havia conquistado o Álbum do Ano, em 1999, com The Miseducation of Lauryn Hill.

Além deste, Beyoncé venceu na categoria Melhor Performance de Duo/Grupo Country, com a música II Most Wanted, parceria com Miley Cyrus. A maior surpresa da noite, no entanto, foi Cowboy Carter ter sido eleito o Melhor Álbum Country, tornando Beyoncé a primeira artista negra a receber tal prêmio. O gênero, tradicionalmente associado a um público predominantemente branco e conservador, torna essa conquista ainda mais simbólica, especialmente no contexto político atual, durante o primeiro ano do segundo mandato de Donald Trump, um governo marcado por políticas consideradas retrógradas e excludentes.

A produção de Cowboy Carter contou com a participação do engenheiro de som brasileiro Matheus Braz, artista carioca que também foi premiado pela Academia.

A conjuntura política também foi mencionada pela cantora colombiana Shakira, que conquistou o prêmio de Melhor Álbum de Pop Latino, superando artistas como Anitta e Kali Uchis. “Quero dedicar este prêmio a todos os meus irmãos e irmãs imigrantes neste país. Vocês são amados, vocês têm valor, e eu sempre lutarei com vocês”, declarou, fazendo uma referência direta às deportações em massa ocorrendo nos primeiros dias da gestão de Trump.

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O clima da premiação foi mais sério este ano. Embora tenha sido apresentada pelo comediante Trevor Noah, que também foi anfitrião no ano anterior, a cerimônia deixou de lado o tom humorístico para dedicar boa parte de sua narrativa à arrecadação de fundos para a campanha MusiCares Fire Relief, que visa ajudar as vítimas dos incêndios que atingiram Los Angeles no mês passado. Ao final da noite, o Grammy Awards arrecadou 7 milhões de dólares.

O evento também teve um tom de reconciliação. Além do esperado prêmio de Beyoncé, o produtor musical Harvey Mason Jr., CEO da Academia Nacional de Artes e Ciências de Gravação, subiu ao palco e fez um discurso de mea culpa sobre as críticas que o Grammy tem recebido nos últimos anos em relação à falta de transparência e à legitimidade do processo de escolha dos premiados. Um dos maiores críticos foi o cantor e compositor canadense The Weeknd, que decidiu boicotar a premiação e parou de inscrever suas músicas desde 2022.

Foi, portanto, uma surpresa quando, ao final do discurso de Harvey, The Weeknd apareceu para cantar um medley das canções Cry For Me e Timeless.

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“Nos últimos anos, ouvimos. Agimos. E mudamos. Lançamos iniciativas como o Black Music Collective, Women in the Mix, Academy Proud, entre outras. Reformulamos completamente nosso quadro de membros, adicionando mais de 3.000 mulheres como votantes. O corpo eleitoral do GRAMMY agora é mais jovem, com quase 40% de pessoas não brancas, e 66% dos nossos membros ingressaram desde o início dessa transformação. Neste ano, os 13.000 membros votantes da Academia indicaram seus colegas e escolheram os vencedores que vocês estão vendo neste palco hoje à noite”, declarou Harvey Mason Jr.

Lady Gaga também surpreendeu seus fãs ao lançar, durante o intervalo da premiação, o single Abracadabra e seu videoclipe. A música, que retoma o estilo vibrante que marcou sua carreira, remete à sua fase mais voltada para o pop, antes de ela se dedicar de forma mais intensa ao cinema.

O lançamento, uma surpresa para muitos, traz a artista de volta às suas raízes no gênero, com uma batida e letras animadas. Sua estética remete a canções como Bad Romance e Born This Way, criando uma conexão com os fãs que a acompanham desde o início de sua trajetória. Gaga também anunciou que lançará seu próximo álbum, Mayhem, em 7 de março deste ano.

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No entanto, nem tudo foi festa, especialmente para os brasileiros. Uma das maiores gafes da noite envolveu um dos maiores músicos do país, Milton Nascimento. Indicado ao prêmio de Melhor Álbum de Jazz com Vocal, ao lado da estadunidense Esperanza Spalding, pelo disco Milton + Esperanza, Milton não teve um assento reservado no salão principal, enquanto sua colega teve o seu. Em protesto, Esperanza manteve exposto um cartaz com a inscrição “Esta lenda viva deveria estar sentada aqui”. Não há justificativa para a falta de respeito com o músico, especialmente considerando que o álbum foi fruto do trabalho conjunto dos dois artistas. Milton Nascimento já venceu o Grammy de Melhor Álbum de World Music em 1998, com o disco Nascimento

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