Letrux explora metáforas de desilusões afetivas em “Louva Deusa”
Vídeoclipe narra história de angústias de uma geração em busca de afetos que se desencontram
![louva-deusa-letruz-clipe](https://bravo.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/02/FSF_5878.jpg?quality=70&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
Uma mulher aberta às possibilidades de afeto, mas não às permanências de uma relação. Esta é a premissa de “Louva Deusa”, novo clipe de Letrux — artista vencedora dos Melhores do Ano 2023 de Bravo! na categoria de melhor álbum.
Afinal, como dizer para alguém que não me apaixonei tanto assim? Esse dilema é esticado por toda a canção, ora em português, ora em inglês, mas sempre em looping, como um pensamento cronometrado e que materializa um sentimento cortante. Um sentimento que perturba e transborda sem pedir licença. “Todo mundo já enganou e já foi enganado nesse aspecto. Se a gente falasse, seria mais fácil”, resume a artista em entrevista à Bravo!.
No curta, Alice Carvalho interpreta uma artista plástica que repete os mesmos ciclos interrompidos em montanha-russa e Letrux interpreta sua psicanalista anotando possíveis motivos para este comportamento: seria abandono do pai? Medo de solidão? Ou tudo isso junto? Andréia Horta, Kika Sena e Pedro Caetano completam o elenco como os pares não correspondidos.
Se louva-deus é considerado um predador veraz na natureza, também simboliza sorte, paz e harmonia para algumas culturas, tudo depende do prisma. Mas na Louva-Deusa de Letrux, saltam também metáforas de mimetismo e de camuflagem que contemplam este animal. “Quis ser simples e direta, fugir da minha prolixidade mas quis trazer uma questão profunda, mesmo com uma pergunta tão simples”, explica a cantora.
A protagonista tenta se encaixar, se moldar nas relações com diferentes pessoas, mas algo lhe escapa e o espectador passeia pelos quase seis minutos de videoclipe como se estivesse em um voo de altos e baixos junto com a personagem. A direção certeira é assinada por Pedro Henrique França e o roteiro bem amarrado foi feito a quatro mãos pelo diretor e por Letrux.
Abaixo, confira uma entrevista com a cantora e compositora sobre os bastidores da composição de “Louva Deusa” e também do processo do clipe da canção, que já está disponível no Youtube:
Qual é a história de composição da faixa “Louva Deusa”?
Em outubro de 2020, peguei o violão e fiquei repetindo dois acordes e me veio essa frase e depois eu traduzi pro inglês, uma brincadeira que faço quando componho. Quis ser simples e direta, fugir da minha prolixidade mas quis trazer uma questão profunda, mesmo com uma pergunta tão simples.
Como foi o processo do roteiro? Quanto tempo ele levou até ficar concluído?
Quando Pedro França me chamou pra fazer o clipe dessa música, eu pensei de cara que queria ser uma psicanalista. Faço análise desde 2019 (já fiz outras vezes mas agora estou firme e forte e fraca também hahaha). Quis brincar de divã. Pedro e eu confabulamos e fomos criando. Acho que demorou uns dois meses.
Qual foi o maior desafio desse projeto audiovisual?
Orquestrar agendas é sempre a parte mais difícil, risos. Estar no set, por maiores que sejam as dificuldades do mundo audiovisual hoje em dia, é sempre muito prazeroso e astral. Todo mundo meio que já se conhece do Rio, já trabalhou junto. Ou desejava trabalhar. Foi uma gravação bem intensa pela carga do enredo, mas também ríamos muito. Demoramos a achar a data ideal, mas ufa! Rolou!
Como foi trabalhar com o Pedro Henrique França e o que ele trouxe de novo para o clipe? E com Alice?
Já tínhamos feito “Ninguém Perguntou Por Você”, e amo trabalhar com ele porque ele sabe o que quer, dirige muito precisamente, é aberto a ideias novas, claro, mas ele tem uma visualização boa, e nos transmite segurança pra realizar aquilo. Alice é um furacão humano, fortíssima, intensa, e ainda assim tímida e crescendo. Foi lindo vê-la no lugar da paciente. Alguns momentos queria sair da personagem da analista e abraçá-la, risos.
A música narra uma mulher aberta às possibilidades de afeto, mas que não consegue permanecer. O quanto isso tem de autobiográfico?
Minhas músicas são e não são autobiográficas. Sendo escritora, é impossível retirar minha vida por completo das minhas criações. Mas ao mesmo tempo, sendo escritora, minha cabeça é fértil e bem esponjinha pra criar historias novas ou absorver causos que ouço por aí.
O que você espera despertar no público com este clipe?
Já estou sentindo um movimento das pessoas achando importante fazer análise e terapia. E também a importância de falar pra alguém que se apaixonou por você, que você não sente o mesmo. Todo mundo já enganou e já foi enganado nesse aspecto. Se a gente falasse, seria mais fácil. A verdade dói mas liberta.