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Letrux explora metáforas de desilusões afetivas em “Louva Deusa”

Vídeoclipe narra história de angústias de uma geração em busca de afetos que se desencontram

Por Laís Franklin
Atualizado em 27 fev 2024, 11h43 - Publicado em 27 fev 2024, 11h06
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Cena de "Louva Deusa", novo clipe de Letrux, com Alice Carvalho no papel de protagonista  (Fernando Schlaepfer/divulgação)
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Uma mulher aberta às possibilidades de afeto, mas não às permanências de uma relação. Esta é a premissa de “Louva Deusa”, novo clipe de Letrux — artista vencedora dos Melhores do Ano 2023 de Bravo! na categoria de melhor álbum. 

Afinal, como dizer para alguém que não me apaixonei tanto assim? Esse dilema é esticado por toda a canção, ora  em português, ora em inglês, mas sempre em looping, como um pensamento cronometrado e que materializa um sentimento cortante. Um sentimento que perturba e transborda sem pedir licença. “Todo mundo já enganou e já foi enganado nesse aspecto. Se a gente falasse, seria mais fácil”, resume a artista em entrevista à Bravo!. 

No curta, Alice Carvalho interpreta uma artista plástica que repete os mesmos ciclos interrompidos em montanha-russa e Letrux interpreta sua psicanalista anotando possíveis motivos para este comportamento: seria abandono do pai? Medo de solidão? Ou tudo isso junto? Andréia Horta, Kika Sena e Pedro Caetano completam o elenco como os pares não correspondidos. 

Se louva-deus é considerado um predador veraz na natureza, também simboliza sorte, paz e harmonia para algumas culturas, tudo depende do prisma. Mas na Louva-Deusa de Letrux, saltam também metáforas de mimetismo e de camuflagem que contemplam este animal. “Quis ser simples e direta, fugir da minha prolixidade mas quis trazer uma questão profunda, mesmo com uma pergunta tão simples”, explica a cantora. 

A protagonista tenta se encaixar, se moldar nas relações com diferentes pessoas, mas algo lhe escapa e o espectador passeia pelos quase seis minutos de videoclipe como se estivesse em um voo de altos e baixos junto com a personagem. A direção certeira é assinada por Pedro Henrique França e o roteiro bem amarrado foi feito a quatro mãos pelo diretor e por Letrux.

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Abaixo, confira uma entrevista com a cantora e compositora sobre os bastidores da composição de “Louva Deusa” e também do processo do clipe da canção, que já está disponível no Youtube:

Qual é a história de composição da faixa “Louva Deusa”?
Em outubro de 2020, peguei o violão e fiquei repetindo dois acordes e me veio essa frase e depois eu traduzi pro inglês, uma brincadeira que faço quando componho. Quis ser simples e direta, fugir da minha prolixidade mas quis trazer uma questão profunda, mesmo com uma pergunta tão simples.

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Como foi o processo do roteiro? Quanto tempo ele levou até ficar concluído?
Quando Pedro França me chamou pra fazer o clipe dessa música, eu pensei de cara que queria ser uma psicanalista. Faço análise desde 2019 (já fiz outras vezes mas agora estou firme e forte e fraca também hahaha). Quis brincar de divã. Pedro e eu confabulamos e fomos criando. Acho que demorou uns dois meses.

Qual foi o maior desafio desse projeto audiovisual?
Orquestrar agendas é sempre a parte mais difícil, risos. Estar no set, por maiores que sejam as dificuldades do mundo audiovisual hoje em dia, é sempre muito prazeroso e astral. Todo mundo meio que já se conhece do Rio, já trabalhou junto. Ou desejava trabalhar. Foi uma gravação bem intensa pela carga do enredo, mas também ríamos muito. Demoramos a achar a data ideal, mas ufa! Rolou!

Como foi trabalhar com o Pedro Henrique França e o que ele trouxe de novo para o clipe? E com Alice?
Já tínhamos feito “Ninguém Perguntou Por Você”, e amo trabalhar com ele porque ele sabe o que quer, dirige muito precisamente, é aberto a ideias novas, claro, mas ele tem uma visualização boa, e nos transmite segurança pra realizar aquilo. Alice é um furacão humano, fortíssima, intensa, e ainda assim tímida e crescendo. Foi lindo vê-la no lugar da paciente. Alguns momentos queria sair da personagem da analista e abraçá-la, risos.

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A música narra uma mulher aberta às possibilidades de afeto, mas que não consegue permanecer. O quanto isso tem de autobiográfico?
Minhas músicas são e não são autobiográficas. Sendo escritora, é impossível retirar minha vida por completo das minhas criações. Mas ao mesmo tempo, sendo escritora, minha cabeça é fértil e bem esponjinha pra criar historias novas ou absorver causos que ouço por aí.

O que você espera despertar no público com este clipe?
Já estou sentindo um movimento das pessoas achando importante fazer análise e terapia. E também a importância de falar pra alguém que se apaixonou por você, que você não sente o mesmo. Todo mundo já enganou e já foi enganado nesse aspecto. Se a gente falasse, seria mais fácil. A verdade dói mas liberta.

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