Macarena de Star Wars, o retorno do universo da saga às pistas de dança
Andor revitaliza a conexão da franquia Star Wars com a música

Os três primeiros episódios da segunda temporada de Andor (Disney+) foram intensos e cheios de cenas e diálogos memoráveis, mas nada que supere a imagem mais comentada da semana: Mon Mothma (Geneviève O’Reilly) se deixando levar em uma dança frenética no casamento de sua filha ao som do DJ Disco Droid que toca um dos grandes sucessos da Galáxia: Niamos Remix.
Desde então, só se fala da cena, da música, do momento. O curioso é que o tema, que o showrunner Tony Gilroy define como “a Macarena de Star Wars” estava na trilha sonora o tempo todo: ela é a primeira melodia de toda a série Andor e toca no bordel decadente que Cassian Andor (Diego Luna) é abordado por policiais na busca por sua irmã, e, onde mais tarde, volta a visitar antes de ser preso na Temporada 1.Também estava tocando no fundo da festa da Embaixada de Chandrilan, em Coruscant. Mega hit galáctico! É a música conectando a galáxia, algo que, pasmem, não é novidade no universo de Star Wars.
Niamos, de Andor, rapidamente se tornou um hit galáctico e segue a tradição de Star Wars conquistando as pistas de dança, mas agora com sonoridade eletrônica e dançante, que se encaixa perfeitamente no tom contemporâneo e intimista de Andor. O sucesso mostra como a franquia sempre soube adaptar suas trilhas sonoras a diferentes estilos e tempos. A origem dessa tradição remonta à década de 1970, quando a fusão entre Star Wars e a música disco foi um dos maiores sucessos da época.

O Tema da Cantina e a Disco Music: O Álbum de Meco Monardo
Em 1977, no auge da era disco, o álbum Star Wars and Other Galactic Funk de Meco Monardo reinventou a trilha sonora de Star Wars, transformando-a em uma aparência dançante. O álbum, inspirado pela música de John Williams, pegou os temas épicos do filme e os adaptou para o ritmo contagiante da disco music. A famosa Cantina Band, que apareceu no filme como uma das músicas mais animadas, foi transformada em uma versão dançante, tornando-se um verdadeiro hit nas discotecas da época. Não apenas um sucesso de vendas, mas também um marco cultural, o álbum foi o responsável por levar a galáxia de Star Wars diretamente às pistas de dança.
Meco foi o produtor do clássico de Gloria Gaynor, Never Can Say Goodbye e ficou obcecado por Star Wars desde que viu o primeiro filme nos cinemas, em 1977. Fã da música de John Williams, ele lamentou que por ser orquestrada estivesse longe das rádios e contatou o dono de sua gravadora, Casablanca, para tentar regravá-la em versão disco.
Quando teve a autorização, Meco se uniu ao produtor da Broadway, Harold Wheeler e os dois reorganizaram os temas principalmente como um medley, “Star Wars Theme/Cantina Band“, que foi um sucesso arrebatador. Alcançou o topo das paradas de sucesso da Billboard, permanecendo por duas semanas em primeiro lugar e se tornando o único single instrumental da história a receber o certificado de platina pela RIAA, vendendo mais de um milhão de cópias. Além disso, o álbum Star Wars and Other Galactic Funk se tornou um grande sucesso comercial, alcançando o 13º lugar na Billboard 200.
Esse álbum de Meco não só fez parte da febre disco, mas também mostrou como a música de Star Wars poderia ser moldada e reinterpretada de maneiras inesperadas, além de criar uma ponte entre o cinema e a cultura popular da época. Ele se tornou um símbolo de fusão entre a música orquestral de John Williams e o movimento musical mais pulsante da década de 1970.

O tema do Império
Outro tema icônico é o que ficou conhecido como a Imperial March, tema icônico associado a Darth Vader e ao Império Galáctico, é uma das composições mais reconhecíveis de John Williams, e, ao longo dos anos, tem sido reinterpretado e remixado de várias formas, tanto dentro quanto fora do universo de Star Wars.
A música, que originalmente evoca a grandiosidade e a ameaça do Império, tem sido utilizada de maneiras criativas e inesperadas em muitos contextos. Remixes e versões eletrônicas da peça já foram criadas por DJs e produtores musicais, levando o tema para as pistas de dança com um toque moderno e pulsante.
Além disso, a Marcha Imperial foi usada em comerciais, programas de televisão, e até mesmo em eventos esportivos, onde sua melodia imponente transmite uma sensação de poder e domínio. Em muitas dessas versões remixadas, o tema é alterado para criar uma atmosfera mais leve ou cômica, como foi o caso de sua adaptação em paródias ou em competições esportivas, onde sua carga dramática é suavizada para gerar humor ou ironia.
Essa flexibilidade do tema é um testemunho do seu impacto cultural e de como a música de Star Wars se tornou parte do vocabulário sonoro global, cruzando os limites do cinema e se infiltrando em diversas formas de entretenimento e mídia popular.

Andor alinha música com a política e os dilemas pessoais dos personagens
Com o impacto do remix de Niamos, podemos ver que a relação de Star Wars com a música de dança está longe de ser algo do passado. Ao contrário, ela continua se renovando e se adaptando.
Com sua batida eletrônica a e sua produção minimalista, o sucesso atual faz uma releitura moderna dessa tradição e se conecta com a ideia de resistência, sofisticação e a luta silenciosa que permeia a série, como o antídoto perfeito para os temas épicos de guerra e celebra que tradicionalmente marcam o universo de Star Wars, estabelecendo a fusão entre a música dos filmes e das séries como uma evolução contínua.
Da Cantina Band na disco music até a batida eletrônica de Niamos, Star Wars continua a se reinventar, refletindo não apenas a evolução da própria franquia, mas também o fluxo das tendências musicais e culturais. É a musicalidade do universo de Star Wars ouvida (literalmente) de maneiras novas, empolgantes e inesperadas.
Não importa o ritmo, seja disco ou eletrônico, a trilha sonora de Star Wars continua através de gerações, ligando a galáxia a novas formas de expressão e a uma nova audiência, sempre mantendo a magia da música.