Imersão na pista
Eventos brasileiros de música eletrônica começam a investir na altíssima tecnologia visual para conquistar público
A boa pedida para a noite paulistana neste final de semana é a primeira edição da Mottus, um festival de música eletrônica que acontece na Arca. Na onda das festas mais badaladas atualmente no circuito europeu, a Mottus nasce não somente com uma boa curadoria de artistas de vertentes mais leves do techno, mas também com um pensamento sólido de identidade visual. A intenção, revelam seus criadores Mario Sergio Albuquerque e Mauricio Soares, da M-S Live, é que a rave se internacionalize em pouco tempo.
Com discotecagens e lives de artistas como Big Fett, Booka Shade, Patrice Bäumel, o Mottus ainda terá uma apresentação da dupla italiana Mathame. Os irmãos Matteo e Amedeo Giovanelli serão acompanhados por um visual show, que promete ser o grande diferencial de todas as edições da festa.
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Responsável pela realização de todos os eventos de música eletrônica na Arca, que tem se tornado a venue da vez em São Paulo, a M-S Live já havia realizado edições internacionais de festas como Circoloco e Afterlife no galpão que fica na Zona Oeste. Depois de fechar 2022 trazendo artistas do selo alemão Drumcode, a empresa de Mario Sergio e Mauricio começa 2023 colocando em prática tudo que aprendeu com as exigências dos artistas e licenciados do exterior com a Mottus. “É um projeto que estamos incubando desde o início do ano passado, que agora finalmente sairá do papel”, diz Soares.
Embora a primeira edição do Mottus tenha um line-up dedicado ao techno melódico, vertente mais espacial e cadenciada que está fazendo a cabeça do público, o festival não terá um rótulo sonoro definido para todas suas edições. “Estamos sempre conectados com o que há de mais vanguarda nos gêneros e subgêneros da música eletrônica, como o que observamos que tem melhor desenvolvimento comercial e atratividade perante ao público”, explica Mauricio. “As atenções se voltaram para esse estilo, mas a Mottus é um projeto que não é restrito a um subgênero específico, mas sim que decidiu trazer para essa primeira edição o recorte do techno melódico como a tônica.”
Além do som
Na primeira quinzena de janeiro, um vídeo da edição mexicana da Afterlife correu a internet. O palco filmado de trás aparenta ser colossal. A música diminui a cadência e na mesma hora toda a plateia saca o celular do bolso. Um gigante se levanta na projeção em vídeo, canaliza uma bola de energia e lança ela no ar, levada aos céus pelo jogo cenográfico de luz.
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Poucos dias depois, os ingressos para a edição deste ano em São Paulo praticamente esgotaram em questão de minutos. Chegando a custar R$ 1.500 por dia – será na sexta e sábado, 10 e 11 de março -, a Afterlife é a prova de que o público quer ir além dos clubs apertados e de simples jogos de luz. De repente, o DJ ou o produtor musical deixaram de ser a atração, tornando-se maestros de espetáculos audiovisuais grandiosos.
Mario Sergio fala um pouco essa evolução: “Na música eletrônica, ou você tem um conteúdo visual completamente sincronizado, com um show script definido, ou você parte para uma coisa mais lúdica, com um conteúdo mais refinado”. Para o festival do final de semana, ele conta: “A Mottus tem um mix, com elementos de luz e vídeo muito fortes e um palco abraçando o artista.”
4 de fevereiro
Arca – Av. Manuel Bandeira, 360, Vila Leopoldina
A partir de 22h
Entre R$ 160 e R$ 640