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O boom do vinil em SP: a experiência tátil que desafia o streaming

O fenômeno reflete a busca por música que se vive e toca, em um tempo de consumo acelerado (e solitário) na tela do celular

Por Humberto Maruchel
14 ago 2025, 09h00
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Música em formato tátil (blackeditors / Pexels/fotografia)
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São Paulo vive um momento curioso, difícil de definir: enquanto o streaming domina o consumo de música e cinema e nos aprisiona em nossas bolhas digitais, cresce na cidade a febre de bares, lojas e casas que celebram o vinil. Justamente, aquele tipo de material que pede pela experiência coletiva. Jovens que nasceram em meio a playlists digitais e talvez nunca tenham comprado um disco buscam nele uma vivência mais lenta e sensorial da música, impossível de replicar no arquivo digital. Aqui, cada detalhe conta: o som cheio, as imperfeições que tornam cada reprodução única, junto ao ritual de colocar a agulha no disco e ouvir cada faixa na ordem original, controlando o impulso de pular as canções. Quase como exercício para a nossa ansiedade, que cresce cada vez mais no mundo contemporâneo. É como se o tempo ralentasse, oferecendo um contraponto ao ritmo acelerado do consumo digital.

O disco de vinil surgiu por volta dos anos 1940 nos EUA, mas foi nos anos 1950 e 1960 que se consolidou como principal meio de gravação musical, com singles e LPs transformando a forma como ouvimos e colecionamos música. Nessa época que ele passou a ser comercializado também no Brasil. Com a popularização da fita cassete, nos anos 1980 e, depois, do CD, o vinil perdeu espaço, tornou-se grande e caro demais, mas nunca desapareceu por total. Nas últimas duas décadas, vivemos um ressurgimento global: lojas especializadas, feiras de discos e clubes de vinil espalham-se pelo mundo, incluindo São Paulo, refletindo um interesse renovado por esse formato analógico.

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(Kekremsi / Pexels/fotografia)

O vinil também seduz os artistas. Bandas independentes e músicos consagrados têm investido na venda de discos, transformando-os em testemunhos concretos do valor de suas criações. Um pouco parecido com o livro ou revista impressos para o mercado editorial, que ama o papel. 

Mas é importante estar atento a esse material. Apesar de seu charme, o vinil apresenta desafios: é mais caro, exige cuidados no manuseio e armazenamento, e possui um impacto ambiental significativamente maior que os formatos digitais. Sua produção demanda muita energia, gera emissões de CO₂, depende do PVC derivado do petróleo e seu descarte inadequado pode levar séculos para se decompor.

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Se São Paulo se torna um reduto de casas dedicadas ao vinil, o fenômeno reflete algo maior: a busca por música que se vive, se toca e se sente, num tempo em que tudo corre rápido demais na tela do celular. E que nos sentimos cada vez mais solitários em busca de conexões reais, distante das telas. 

Onde ir?

Espaços como o Anexo Godê (R. Conselheiro Nébias, 1517), em Campos Elíseos, transformam as noites em experiências sonoras e táteis, permitindo que os clientes manuseiem seus próprios discos. Já o elogiado Dōmo (R. Maj. Sertório, 452), na República, especializado na culinária do Sudeste Asiático, e o charmoso Conceição Discos & Comes (R. Imac. Conceição, 151), na Vila Buarque, unem boas refeições a trilhas sonoras cuidadosamente selecionadas, sempre reproduzidas em vinil. O intimista Sala Bar (Rua Fernão Dias, 767), em Pinheiros, permite relaxar, tomar bons drinques e ouvir um som, que vai do jazz a brasilidades.

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