Quem foi Quincy Jones e como ele fez uma revolução no mercado
O artista morreu aos 91 anos e foi um dos maiores produtores de todos os tempos, colaborando com lendas como Frank Sinatra, Ray Charles e Michael Jackson
Quincy Jones, conhecido como um dos maiores produtores e empresários musicais dos Estados Unidos, morreu ontem (3), aos 91 anos, em sua residência em Los Angeles, cercado por sua família. A causa do óbito ainda não foi divulgada.
A família emitiu uma nota, expressando tristeza e, ao mesmo tempo, celebrando seu legado musical: “Ele foi verdadeiramente único e sentiremos sua falta; encontramos conforto e imenso orgulho em saber que o amor e a alegria, que eram a essência de seu ser, foram compartilhados com o mundo através de tudo o que ele criou. Através de sua música e de seu amor infinito, o coração de Quincy Jones vai pulsar pela eternidade.”
Quincy nasceu em Chicago, em 14 de março de 1933, em uma época e região marcadas pela violência e pobreza. Em um documentário da Netflix, ele refletiu: “Eu queria ser um gangster até os 11 anos. Você quer ser o que você vê, e era isso que a gente via o tempo todo.” Ele deixou sua casa cedo devido a uma relação abusiva com sua mãe, Sarah Frances, chegando a mentir sobre sua idade para tentar se juntar ao exército.
Entretanto, a influência musical na vida de Quincy veio de sua mãe, que costumava cantarolar canções gospel. A marca definitiva em sua formação ocorreu quando ele ouviu a música que vinha do apartamento ao lado. “Quando eu tinha cinco ou seis anos, lá em Chicago, havia uma senhora chamada Lucy Jackson que tocava piano stride no apartamento ao lado, e eu a ouvia o tempo todo através das paredes”, contou Jones em uma entrevista à PBS.
Ainda na infância, sua mãe foi internada em uma instituição psiquiátrica, e seu pai, também chamado Quincy, incapaz de cuidar dos filhos, enviou-os para viver com a avó em Louisville. Lá, enfrentaram sérias dificuldades, chegando a caçar ratos para fugir da fome.
Na música, Quincy aprendeu primeiramente os arranjos, compreendendo a estruturação das partes musicais antes de começar a tocar trompete. Aos 14 anos, ele teve um encontro que marcaria sua trajetória: conheceu Ray Charles, que na época tinha apenas 16 anos. “Ele dizia: ‘Toda música tem sua própria alma, Quincy. Não importa o estilo, seja fiel a ela.’ Ele se recusava a impor limites a si mesmo”, declarou em sua biografia.
Na adolescência, Quincy sofreu um acidente grave que quase lhe custou a vida. Ele estava em um carro com quatro amigos, a caminho de um rodeio em Yakima, Washington, quando um ônibus colidiu com o automóvel. Todos os ocupantes do carro morreram, exceto Quincy, que nunca conseguiu dirigir após o acidente.
Na década de 1950, ele recebeu uma bolsa de estudos para a Seattle University. Logo depois, transferiu-se para o prestigiado Berklee College of Music, mas não chegou a se formar, pois recebeu uma oportunidade de acompanhar a turnê do jazzista Lionel Hampton, atuando como trompetista e pianista pela Europa.
Durante sua carreira, Quincy Jones recebeu 80 indicações ao Grammy, vencendo 28 vezes. Ele é um dos poucos artistas a conquistar o EGOT — Emmy, Globo de Ouro, Oscar e Tony Awards. Quincy tornou-se conhecido também por seus arranjos para trilhas sonoras, como In the Heat of the Night (1967) e a produção de The Color Purple (1985).
Entre seus trabalhos mais famosos estão suas colaborações com Michael Jackson, para quem produziu três álbuns: Off the Wall (1979), Thriller (1982) e Bad (1987). Além de Jackson, Quincy trabalhou com grandes nomes da música, incluindo Frank Sinatra, Aretha Franklin e Donna Summer, entre muitos outros.
Quincy era também um grande entusiasta da Bossa Nova. Em 1962, ele lançou o disco Big Band Bossa Nova, com a sua banda, trazendo canções brasileiras, como “Desafinado”, “Samba de uma nota só”, “Manhã de carnaval”, entre outras.