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Pioneirismo no palco com Azira’I

Atriz indígena narra as lembranças de sua mãe, a primeira mulher pajé da reserva de Cana Brava

Por Redação Bravo!
Atualizado em 10 mar 2024, 12h27 - Publicado em 5 mar 2024, 09h00
Zahy-Tentehar-Azira'I
 (Daniel Barboza/divulgação)
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Depois de uma elogiada temporada no Rio de Janeiro e em Recife, o espetáculo Azira‘I chega a São Paulo a partir desta sexta (8) para uma curta temporada que acontece até o fim do mês e tem tudo para repetir o sucesso de público das cidades anteriores. No palco do Sesc Ipiranga, atriz indígena Zahy Tentehar recria as lembranças da mãe, primeira mulher pajé da reserva de Cana Brava, no Maranhão. Zahy quase não utiliza recursos cenográficos e parte do minimalismo, da iluminação e do próprio corpo para recompor as imagens da infância, os trejeitos da mãe e o sentimento da atriz-personagem que lida com o luto.

“Tem sido muito prazeroso poder materializar a minha mãe [através da peça], porque é uma maneira de continuar sentindo ela. Ela existe em mim, não só como referência e admiração pela mulher que ela foi, mas pela mulher que ela continua representando para mim. Ela era muito humana”, conta Zahy em entrevista à Bravo!.

Azira’I faleceu em 2021. Naquele momento, Zahy já havia se reunido com o diretor Duda Rios, da companhia Barca dos Corações Partidos, quem conheceu durante a montagem de Macunaíma, em 2019, para fazer de sua biografia uma peça teatral. Um dia, logo após o ensaio de Macunaíma, decidiram assistir a uma peça juntos. Em seguida, estenderam a noite num bar. Entre conversas e cervejas, Zahy recuperou algumas de suas lembranças com Duda, que ficou muito comovido com o que escutou. Decidiram, ali, construir uma dramaturgia a partir delas. Dirigido por Denise Stutz e Duda Rios, o musical autobiográfico foi indicado a 8 prêmios de teatro, incluindo o Shell e APTR.

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“Desde sempre, tínhamos a noção de que não gostaríamos de criar um discurso panfletário sobre a causa indígena. Queríamos abordar esse espetáculo pela dinâmica do sensível, a partir da relação de mãe e filha, a partir de uma autobiografia, mas que tem um contexto muito específico e ele faz parte de uma causa e de uma luta”, revela o diretor.

O que torna a trajetória de Azira’I ainda mais especial é o fato de ela ter rompido uma linhagem que, até aquele momento, só havia contemplado os homens da aldeia. Antes dela, em sua família, seu avô também havia sido líder espiritual daquela comunidade. “No meu povo não se escolhe o pajé. É um dom que nasce com a pessoa. Falamos que os maíras que decidem, então a pessoa já nasce com aquele dom e no decorrer da sua vida ela vai desenvolvendo. Se esse for o seu desejo”, diz Zahy.

Zahy-Tentehar

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“Ela quebrou uma história ali porque, normalmente, o pajé é um homem. Então se um pajé tem três filhos, ele vai observar se o primeiro ou o último deles têm os dons. Nunca é o filho que está no meio. E se nenhum deles possui essa vocação, então esperam um neto”, explica Zahy. Em tempo, no dia 23/3 haverá uma sessão especial com intérprete de libras. Os ingressos estão à venda no site do Sesc Ipiranga. Confira a matéria completa abaixo:

Zahy-Tentehar-Azira'I
Cenas do espetáculo musical “Azira’I”, protagonizado por Zahy Tentehar (Daniel Barboza/divulgação)

 

Ficha técnica
Com Zahy Tentehar
Criação e dramaturgia: Zahy Tentehar e Duda Rios
Direção: Denise Stutz e Duda Rios
Direção de arte e Design Gráfico: Batman Zavareze
Direção de prod. e Produção artística: Andréa Alves e Leila Maria Moreno
Figurinista: Carol Lobato
Cenógrafa: Mariana Villas-Bôas
Iluminadora: Ana Luzia Molinari de Simoni
Direção musical e trilha sonora original: Elísio Freitas
Designer de som: Gabriel D’angelo
Direção de Cinematografia: Eduardo Chamon
Consultoria: Pedro Kaxaz Guajajara

Espetáculo Azira'I

||| Sesc Ipiranga – Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga, São Paulo – SP | De 8 a 31 de março | Sextas e sábados, às 20h; domingos, às 18h | R$50,00 (inteira), R$25,00 (meia-entrada) e R$15,00 (credencial plena) – Vendas online em sescsp.org.br

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