Por que o Balé da Cidade foi censurado no Festival de Dança de Joinville?
O incômodo com a coreografia contemporânea "Réquiem SP" resultou em uma moção de repúdio aprovada pela Câmara Municipal de Joinville na segunda-feira (28)
O Balé da Cidade de São Paulo gerou grande repercussão no Festival de Dança de Joinville, que ocorre desde 21 de julho. No último domingo (27), o grupo paulista apresentou o espetáculo Réquiem SP durante a Noite de Gala do evento. A estética da montagem, marcada por figurinos pretos, maquiagem carregada e trilha sonora tensa, provocou reações de parte do público e também de autoridades locais.
A comoção foi tanta por uma ala conservadora, que resultou em uma moção de repúdio aprovada pela Câmara Municipal de Joinville na segunda-feira (28), proposta pelo vereador Brandel Junior (PL). Segundo o parlamentar, a coreografia causou “perplexidade e indignação” em parte da plateia, que teria deixado o local antes do término do espetáculo. Em sua justificativa, o vereador alegou que a obra continha “gritos, simbolismos obscuros e um clima de tensão e terror”, destoando do espírito de celebração esperado para a ocasião. Ele também questionou o uso de recursos públicos em manifestações artísticas que, segundo ele, “podem ferir valores familiares, espirituais e sociais”.
O vereador Pastor Ascendino Batista (PSD) reforçou a crítica, afirmando que o público cristão se sentiu ofendido pela apresentação. “Trouxe medo, terror, pânico. No mínimo, deviam abrir o Centro de Eventos para o povo cristão ungir aquele lugar, que está contaminado de má influência. Show de trevas”, declarou.
Criada e dirigida por Alejandro Ahmed, atual diretor artístico do Balé da Cidade, Réquiem SP é inspirada na obra do compositor húngaro György Ligeti. A coreografia de sessenta minutos tem classificação indicativa de 18 anos e propõe um diálogo entre diferentes linhagens de dança – do balé clássico ao jumpstyle e às danças urbanas e populares –, explorando como o movimento pode refletir e tensionar os corpos e os espaços de uma metrópole como São Paulo. A coreografia é carregada de complexidade e navega entre a melancolia e a adrenalina.
A trilha sonora mescla o Réquiem de Ligeti com faixas do produtor canadense Venetian Snares, criando um ambiente sonoro que atravessa o erudito e o eletrônico. A proposta do espetáculo é investigar as potências do corpo contemporâneo e suas conexões com a cidade, o som e o tempo presente.
Leia abaixo a sinopse na íntegra:
Réquiem SP
Alejandro Ahmed | 60 min | 18 anos
Theatro Municipal de São Paulo | 20/3 terça 20h | 23/3 domingo 17h
SINOPSE – O espetáculo estabelece um diálogo entre distintas linhagens de dança, como o balé, o jumpstyle e as danças urbanas populares. A proposta investiga de maneira provocativa as possibilidades de articulação entre corpos, contextos e manifestações culturais, destacando as dinâmicas e a singularidade de uma cidade como São Paulo. Criada, dirigida e coreografada por Alejandro Ahmed, a obra tem participação da Orquestra Sinfônica Municipal e do Coral Paulistano, sob regência de Maíra Ferreira, que interpretarão composições do romeno György Ligeti e do músico eletrônico canadense Venetian Snares (Aeron Funk).
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