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OLÁ,

Espetáculo teatral explora as marcas de violência deixadas pelo garimpo

"Serra Pelada", do coletivo Tablado SP, surge a partir de um laboratório na região amazônica, onde prevaleceu o garimpo predatório

Por Redação Bravo!
17 fev 2025, 09h00
alexandre-dal-farra-diretor-grupo-tablado-sp-teatro-oficina-serra-pelada-peca-espetaculo-garimpo
 (Mayra Azzi/divulgação)
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O garimpo predatório gera diversas consequências que vão além da destruição ambiental, abrangendo também um universo de violências. Escrita e dirigida por Alexandre Dal Farra, a peça teatral “Serra Pelada”, do coletivo Tablado SP, busca investigar as marcas sociais deixadas por essa prática.

O espetáculo reflete sobre a violência do garimpo na Amazônia, explorando suas conexões com a modernidade e a história política do Brasil. Fruto de mais de dois anos de pesquisa, a peça tem como ponto de partida viagens realizadas por Dal Farra e pelo cineasta Joaquim Castro à região, onde registraram imagens e depoimentos de moradores.

“Eu tinha estudado bastante o assunto, mas eu quis ir pra lá entrar em contato com esse universo. A Serra Pelada não é apenas onde foi o maior garimpo a céu aberto do mundo, mas fica na mesma região onde aconteceu a Guerrilha do Araguaia, o movimento de resistência contra a Ditadura Militar, e depois onde se deu o massacre de Eldorado dos Carajás, quando foram mortos 21 integrantes do MST. Então, conhecer essa região sempre me interessou muito”

explica Dal Farra
alexandre-dal-farra-diretor-grupo-tablado-sp-teatro-oficina-serra-pelada-peca-espetaculo-garimpo
(Mayra Azzi/divulgação)

Com um elenco diverso, o espetáculo não delimita quem são os personagens, já que eles escondem seus rostos com balaclavas. A trama é dividida em dois momentos, como detalha o autor. “A primeira é um pouco essa tentativa de imaginar as pessoas vivendo naquele lugar. De pensar como era aquela região nessa época, desde o confronto entre os guerrilheiros do Araguaia e do Major Curió, até a criação do garimpo, o que significava estar ali no passado e o que eu consigo captar disso tudo hoje.”

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Já o segundo momento busca um retrato das transformações causadas pelo garimpo nesses territórios. “Isso se desdobra na segunda parte, que é uma ficcionalização dessa viagem de pesquisa. Essas pessoas decidem não voltar e subir mais na direção dos garimpos atuais. É uma tentativa de se aproximar do que está rolando agora e do que vemos nas notícias atuais do garimpo no rio Xingu, em cidades que não são distantes da Serra Pelada”, acrescenta.

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