Feliz Ano Velho, clássico de Marcelo Rubens Paiva, é adaptado para ópera
A montagem celebra os 25 anos da Orquestra Ouro Preto e será apresentada em 22 e 23 de agosto no Palácio das Artes, em BH

Após estrear no Rio de Janeiro em uma apresentação única, a Orquestra Ouro Preto leva a Belo Horizonte a montagem da ópera adaptada da obra literária Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva. As apresentações acontecem nos dias 22 e 23 de agosto, no Palácio das Artes, e integram as comemorações pelos 25 anos da Orquestra.
A adaptação é fruto de uma ideia inusitada, surgida em uma conversa entre o escritor e o maestro Rodrigo Toffolo em 2023. “Desde a primeira vez que li o livro, fiquei impressionado com a força de uma obra em que a amizade, as relações familiares e o afeto são capazes de mobilizar uma pessoa em busca de uma reabilitação tão profunda. É um livro que relata uma história de coragem e superação, com uma narrativa impregnada de juventude”.
Publicado em 1982, Feliz Ano Velho é um dos marcos da literatura autobiográfica brasileira. A obra relata, em primeira pessoa, a experiência do autor após um acidente que o deixou tetraplégico aos 20 anos. Com humor ácido e extrema franqueza, Marcelo Rubens Paiva reconstrói seu cotidiano de reabilitação enquanto relembra a juventude, os conflitos familiares, o ambiente universitário e o trauma do desaparecimento de seu pai, o deputado Rubens Paiva, durante a ditadura militar. O livro mistura memória pessoal, crítica política e um retrato íntimo da geração dos anos 1980.
Com música e libreto de Tim Rescala, responsável por montagens como O Auto da Compadecida e Hilda Furacão, o espetáculo reafirma a proposta da Orquestra de aproximar a música erudita do grande público. “Entendemos que a ópera é uma forma de arte essencialmente popular, pois foi com esse perfil que ela nasceu. Refletir sobre o Brasil e sobre assuntos caros a nós é necessário e mais que oportuno, não só para nós, criadores, como também para o público. Podemos e devemos falar e pensar criticamente sobre o Brasil. E não há nada melhor para isso do que a música, ainda mais quando está aliada às artes cênicas, como na ópera”, declara Rescala.
O elenco conta com Johny França no papel de Marcelo, Jabez Lima como Rubens Paiva e Marília Vargas como Eunice Paiva. A direção cênica é assinada por Julliano Mendes.
O espetáculo acompanha o sucesso do filme Ainda Estou Aqui, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional, inspirado na obra de Marcelo Rubens Paiva e centrado no desaparecimento de seu pai durante o regime militar.
Quando: 22 e 23 de agosto, sexta e sábado
Horário: 20h
Onde: Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1537, Centro – BH)
Ingressos: No site Eventim e na bilheteria do teatro