Avatar do usuário logado
OLÁ,

Grupo Invasores celebra 25 anos com peça sobre Carolina Maria de Jesus

A montagem circula por diversos equipamentos culturais de São Paulo até dezembro

Por Redação Bravo!
Atualizado em 22 jul 2025, 10h45 - Publicado em 22 jul 2025, 09h00
teatro-carolina-maria-jesus
Dirce Thomaz em "Eu e ela" (Paulo Pereira/divulgação)
Continua após publicidade

Para celebrar os 25 anos de trajetória, a Invasores Companhia Experimental de Teatro Negro realiza uma ampla temporada com o espetáculo Eu e Ela: visita a Carolina Maria de Jesus, que completa oito anos de criação. A montagem circula por diversos equipamentos culturais da cidade até dezembro, após uma breve passagem pela Galeria Olido. A programação será divulgada em breve.

Idealizado, escrito e interpretado por Dirce Thomaz, o solo tem como ponto de partida duas obras: Quarto de Despejo (1960), livro que revelou ao mundo a contundente escrita de Carolina Maria de Jesus (1914–1977), e o curta-metragem O Papel e o Mar (2010), de Luiz Antonio Pilar, que imagina um encontro simbólico entre Carolina e João Cândido, líder da Revolta da Chibata, no centro do Rio de Janeiro.

carolina-maria-de-jesus-esccritora-exposicao-caixa-cultural
(Acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo/reprodução)

O fio condutor da peça são as palavras e memórias de Carolina, uma das vozes mais potentes da literatura brasileira do século XX. Negra, pobre e moradora de uma favela paulistana, Carolina registrou em cadernos usados o cotidiano brutal da fome, do preconceito e da exclusão. Sua obra, marcada por sensibilidade e lucidez, é um grito por dignidade e justiça social. Embora tenha sido reconhecida nacional e internacionalmente com o sucesso de Quarto de Despejo, Carolina foi muitas vezes reduzida à alcunha de “escritora favelada”, ignorando-se a complexidade de sua escrita e trajetória. “Ela foi uma mulher muito livre: teve três filhos, não foi casada e foi professora. Mas, por ter morado na favela, acabou conhecida apenas como ‘a escritora favelada’. O lugar onde moram os artistas nunca é uma questão. Por que no caso dela é?”, questiona a diretora.

Continua após a publicidade

Dividido em 13 cenas, o espetáculo estabelece um diálogo entre duas mulheres negras de tempos distintos, unidas por experiências de marginalização, mas também pela força criativa, pela palavra e pela resistência.

A programação inclui ainda duas rodas de conversa que ampliam os debates propostos pela peça. No dia 23 de agosto, o tema será “A poética e a estética da fome”, com participação de Pe. José Enes e Iyá Gunã (Dalzira M. Aparecida), mediado por Dirce Thomaz. Já no dia 30, a discussão será “O direito à literatura negra”, com Maria Angélica Ribeiro e Rute Rodrigues Reis, também com mediação da artista.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade