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Hamlet e Ofélia ganham leituras negras e contemporâneas em “Black Machine”

Nova peça retoma personagens clássicos sob lente de temas atuais e questiona cânones do teatro ocidental a partir de outras vozes

Por Redação Bravo!
18 nov 2025, 09h00
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Apresentação do espetáculo Black Machine na Casa do Povo em São Paulo.  (Sérgio Silva./divulgação)
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Personagens que atravessam séculos voltam à cena para discutir as urgências do presente. É essa a premissa de BLACK MACHINE, espetáculo que estreia no Itaú Cultural no Dia da Consciência Negra. A montagem parte de um encontro entre o Hamlet de William Shakespeare e a Ofélia criada por Heiner Müller em Hamlet Machine (1972), agora reencarnados em corpos negros do século 21.

Com dramaturgia de Dione Carlos e concepção de Fernando Lufer e Eugênio Lima, a peça propõe um confronto entre esses dois marcos do teatro ocidental, usando o embate como ponto de partida para discutir raça, gênero, necropolítica, masculinidade e desejo.

A estrutura é dividida em duas partes e coloca os personagens em chave pós-colonial. Hamlet é reconstruído a partir de referências como Frantz Fanon, Jean-Michel Basquiat, Aimé Césaire e Mano Brown; Ofélia se apoia em vozes e pensamentos de Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro e Erykah Badu. A montagem investiga as consequências de fazer esses personagens atravessarem o tempo e incorporarem perspectivas que não existiam em seus contextos originais.

A encenação alterna momentos de delírio, manifesto e performance. Em determinado ponto, Ofélia convoca Hamlet a assumir outras posições, deslocando seu eixo narrativo e ampliando o campo de debate. Em cena, Fernando Lufer e Marina Esteves trabalham com registros próximos do spoken word e da recitação poética.
A encenação combina trechos poéticos, análises críticas e citações políticas para conectar diferentes camadas históricas. A narrativa coloca lado a lado heranças coloniais, impactos da globalização e experiências subjetivas marcadas por formas diversas de violência.

Nesse ambiente de tensão, Hamlet e Ofélia ocupam o palco como figuras que se cruzam e se confrontam, revelando como seus conflitos individuais dialogam com questões coletivas. À medida que avançam no embate, os dois reposicionam seus discursos e deixam visível, no choque entre eles, um retrato das forças sociais que moldam o presente.

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Serviço — Black Machine
Itaú Cultural — Av. Paulista, 149, Bela Vista, São Paulo.
Quando: 20 de novembro a 14 de dezembro de 2025.
Quintas a sábados, às 20h; domingos e feriados, às 19h. No feriado de 20 de novembro, a sessão é às 19h.
Classificação: 12 anos
Entrada: gratuita

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