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OLÁ,

Rodrigo França adapta tragédia de Shakespeare em monólogo sobre racismo

Solo "Eu Sou um Hamlet" estreou no Sesc Pinheiros, com direção de Fernando Philbert

Por Redação Bravo!
21 jan 2025, 09h00
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 (Marcio Farias/divulgação)
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A tragédia mais celebrada de William Shakespeare, Hamlet, ganha uma nova adaptação brasileira, com Rodrigo França no papel do príncipe da Dinamarca. O monólogo Eu sou um Hamlet utiliza trechos da peça original para abordar questões contemporâneas como violência, racismo e os desafios enfrentados por um homem negro na sociedade atual. A dramaturgia resulta da colaboração entre Jonathan Raymundo, Fernando Philbert e o próprio Rodrigo França, em um esforço para conectar o clássico shakespeariano à realidade brasileira.

“Queríamos um Hamlet que abordasse o racismo e o dilema do homem comum em uma sociedade que ameaça direitos e liberdades. Nosso Hamlet reflete sobre a tensão do mundo e busca entender como chegamos aqui. A peça coloca o ser humano no centro do pensamento, mostrando como enfrentar um sistema que oprime negros, LGBTs, pobres e quem luta por justiça. Em cena, Rodrigo enfrenta essa batalha solitária, mas encontra coragem nas vozes dos ancestrais para desafiar as regras do poder”, explica o diretor Fernando Philbert.

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(Marcio Farias/divulgação)

O espetáculo recupera uma característica fundamental das obras de Shakespeare: a capacidade de dialogar com públicos diversos. Embora muitas vezes considerada inacessível, Hamlet era originalmente uma peça popular que transcendia classes sociais. “Shakespeare foi popular em sua época ao encenar peças que se comunicavam com os mais diferentes tipos de pessoas, de nobres aos populares. Não será diferente em nossa montagem. Não gosto da arte para poucos, com muros. Quero que a tia do Complexo do Alemão saia do teatro contemplada, assim como a madame do Leblon”, afirma Rodrigo França.

Apesar da atualização temática para discutir questões do Brasil contemporâneo, a peça preserva o conflito central: a luta de um filho para expor o assassino de seu pai. Aqui, porém, essa busca ganha novas camadas, ao retratar um homem negro em uma sociedade que historicamente o desumanizou.

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“Só é tratado como humano aqueles que têm dignidade em suas estruturas. Estamos longe de uma equidade para existir uma reparação de nossas mazelas causadas pela escravização. Contextualizando ‘Hamlet’, os nossos fantasmas (ancestrais) ainda clamam. O Hamlet de Shakespeare quer vingança; no Brasil, os diversos ‘Hamlets’ só querem justiça. Imagina se quisessem vingança? Não posso dispersar, pois os meninos estão morrendo lá fora. E temos muito o que fazer”, conclui França.

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(Marcio Farias/divulgação)

 

Eu sou um Hamlet

Sesc Pinheiros – Auditório – R. Pais Leme, 195 – Pinheiros
Até 22 de fevereiro de 2025. Quinta a sábado, às 20h; feriado (25/01), às 18h.
Ingressos: R$50 (inteira) / R$25 (meia entrada) / R$15 (credencial plena)

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