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‘Heliogábalo’, obra inédita de Jean Genet, é publicada no Brasil

A obra, escrita em 1942 durante sua prisão na França, foi recém-descoberta em uma biblioteca de Harvard

Por Redação Bravo!
29 jul 2025, 07h00
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 (Editora Ercolano/divulgação)
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Uma peça inédita de Jean Genet (1910–86), escrita em 1942 durante sua prisão na França e recém-descoberta em uma biblioteca de Harvard, chega agora ao Brasil em sua primeira edição traduzida. Intitulada Heliogábalo, a publicação retrata o jovem imperador romano que desafiou normas políticas, familiares e religiosas. A obra, que ficou esquecida por décadas, foi publicada pela primeira vez na França em 2024 e traz uma visão crítica do poder, do gênero e do teatro.

Jean Genet é considerado um dos dramaturgos mais provocadores do século XX. Sua obra explora temas como identidade, poder, sexualidade, desejo e marginalidade, sempre desafiando normas sociais e morais estabelecidas. Autor de peças emblemáticas como As Criadas, O Balcão e Os Negros, Genet misturava linguagem poética com crítica social, transformando o palco em território de embates políticos e existenciais.

Em Heliogábalo, Genet revisita a história de um imperador romano que subiu ao trono ainda adolescente e teve um reinado marcado por escândalos e rupturas. Retratado como uma figura andrógina e mística, o jovem imperador desafia as normas de gênero e poder enquanto seu império se desintegra. A trama mostra sua entrega a rituais, seu amor por um cocheiro e as intrigas de familiares que planejam sua morte.

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(Editora Ercolano/divulgação)

Genet teve uma vida marcada por episódios de marginalização e prisões, experiências que influenciaram profundamente sua obra. Abandonado ainda criança, passou parte da juventude nas ruas e no sistema penitenciário francês, onde começou a escrever. Sua trajetória pessoal permeia suas peças, que exploram temas como exclusão, poder e identidade, sempre desafiando as normas sociais vigentes. Jean-Paul Sartre foi uma das principais figuras a reconhecer e valorizar o talento de Genet. Em seu ensaio Saint Genet, comedien et martyr (1952), Sartre analisa a vida e a obra do dramaturgo sob a perspectiva existencialista, destacando sua transformação da marginalidade em potência artística e política.

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A influência de Jean Genet ultrapassou seu próprio tempo, reverberando entre autores contemporâneos que buscaram no teatro e na literatura um espaço para explorar a complexidade da identidade, como Harold Pinter e Bernard-Marie Koltès. Além disso, sua voz foi importante para movimentos culturais como o queer e para o desenvolvimento de práticas artísticas que desafiam convenções e reafirmam o poder do teatro como espaço de resistência.

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Heliogábalo – Editora Ercolano (Editora Ercolano/divulgação)
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