Livros de Édouard Louis são adaptados para os palcos no Brasil
EDDY — violência & metamorfose, da companhia Polifônica, estreia em 19 de junho, no Sesc Copacabana

Um dos autores mais relevantes da atualidade, o francês Édouard Louis, 32, terá sua trajetória adaptada para os palcos brasileiros. O espetáculo “EDDY — violência & metamorfose”, criado pela companhia Polifônica, de Julia Lund e Luiz Felipe Reis, reconstrói a vida do escritor a partir de três de suas obras: “O Fim de Eddy”, “História da Violência” e “Mudar: Método”.

Dirigida por Luiz Felipe Reis e Marcelo Grabowsky, a peça estreia em 19 de junho no Sesc Copacabana. A montagem percorre a vida do autor, nascido em Hallencourt, na região da Picardia, no norte da França, desde a infância marcada por homofobia, violência doméstica e pobreza. Em seus livros de caráter autobiográfico, Édouard narra como rompeu com esse ambiente na adolescência e, a partir dos estudos, conseguiu transformar sua realidade, tornando-se um dos nomes mais expressivos da cena intelectual francesa. Sua literatura é frequentemente associada ao estilo de Annie Ernaux e Didier Eribon, autores que também fazem de suas próprias vidas matéria-prima de suas obras.
“Meu interesse pela obra do Édouard surge como desdobramento dessa investigação contínua que venho realizando sobre diferentes modos de violência, sobretudo os que constituem o mundo masculino — seu ethos e psiquismo, as regras e normas das sociedades patriarcais e, sobretudo, do regime totalitário do capital sob o qual estamos todos subjugados”, explica Luiz Felipe Reis.
A estreia acontece no ano em que a companhia celebra seu décimo aniversário. “Ao longo desses dez anos, buscamos, através de cada trabalho, propor uma reflexão coletiva sobre as consequências da desmedida ânsia masculina por poder, controle, dominação e submissão; sobre como isso produz danos nos mais diferentes corpos — humanos, além de humanos e de toda a Terra —, mas, sobretudo, em tudo aquilo que se aproxima ou é identificado como feminino”, afirma o diretor.

Entre os momentos mais impactantes da montagem está o episódio de violência sexual sofrido por Édouard em 2012, pouco depois de sua chegada a Paris. O escritor foi roubado, violentado e quase morto. A experiência foi elaborada no livro “História da Violência”, estruturado como um intenso diálogo com sua irmã, Clara. Em 2020, o acusado foi absolvido da acusação de estupro, apesar das provas que corroboravam o relato do escritor. A obra já havia sido levada aos palcos na França, em uma montagem dirigida por Thomas Ostermeier.
“Há uma importância em encenar dilemas e vivências de corpos e subjetividades gays e, assim, fazer a gente se reconhecer em cena. Mesmo com o avanço e a legitimação de muitas vozes LGBTQIAP+ no Brasil, o conservadorismo e o preconceito insistem em revelar e exercer a sua violência. Édouard elabora de forma muito instigante seu olhar sobre o terror e, por mais duras que possam ser as complexidades, consegue transformar suas próprias experiências”, reflete Marcelo Grabowsky.
Mezanino do Sesc Copacabana
Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana – (21) 31805226
De 19 de junho a 13 de julho de 2025 (de quinta a domingo)
Horário: 20h30
Ingressos: R$ 10 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30 (inteira)