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Retorno da Quasar Cia. de Dança exalta resiliência do elenco: “Encontro das nossas verdades”, diz Rodovalho

Saiba os detalhes de “Céu de Pêssego”, que estreou na Semana Paulista de Dança, e marca um novo momento do grupo após de 2 anos de hiato

Por Rafael Ventuna
Atualizado em 28 ago 2025, 08h22 - Publicado em 27 ago 2025, 14h21
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Quasar Cia de Dança retorna aos palcos com "Céu de Pêssego" (Jorge Sato / @jorgesato/divulgação)
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O mundo não gira mais. Apenas capota. E, nessa coreografia dos absurdos, a arte parece nem querer mais imitar a vida. “Céu de Pêssego”, a mais recente criação da Quasar Cia. de Dança, é um exemplo, dentro e fora do palco, de como a beleza pode vencer a brutalidade. E traz em destaque a raridade dos (re)encontros. A coreografia será apresentada pela primeira vez nesta quarta (27),  abrindo a Semana Paulista de Dança de 2025, no auditório do Masp, em duas aguardadas sessões: às 19h e às 21h.

Após perder o patrocínio da Petrobras em 2016, que garantia a manutenção de suas atividades, a companhia reinventou modos de trabalho, compondo elencos para projetos específicos. Desta vez, reúne oito experientes intérpretes, que têm diferentes graus de proximidade com o repertório dos espetáculos quasarianos.

Falando em distâncias, São Paulo tornou-se o lugar viável para reunir a equipe criativa e, pela primeira vez, a Quasar desenvolveu um projeto fora de Goiânia. O projeto, que enfrentou inúmeras dificuldades, levou quase sete anos para se concretizar.

O coreógrafo é diretor criativo Henrique Rodovalho, que ao lado da produtora cultural Vera Bicalho fundou a Quasar, falou com exclusividade à Bravo! às vésperas da estreia de “Céu de Pêssego”. E também revelou seus desejos e planos para os rumos da companhia.

Que céu de pêssego é esse que a Quasar irá dançar no palco?
É aquele instante que não acontece todo fim de tarde. É uma conjunção de fatores da natureza para fazer acontecer aquela cor de pêssego no céu. É sobre esse nosso encontro.

Isso já antecipa o desenho de luz do espetáculo.

Sim, essa luz cor de pêssego também será um instante. O espetáculo é praticamente todo azul. Como é o céu de Goiânia: sempre azul.

Quando começou o projeto?

Em 2018, logo depois que ficamos sem nosso espaço, a [bailarina] Vívian Navega me incentivou a criar um projeto com bailarinos de São Paulo que tinham em comum a vontade de experimentar o estilo da Quasar. Na mesma ocasião, encontrei o Samuel Kavalerski, que já tinha dançado na Quasar, e outros encontros foram acontecendo.

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Até que em 2019, com a parcela de patrocínio da CSN, começamos a trabalhar. Já tínhamos a Lavínia Bizzotto, que dançou com a Quasar até 2008, a Luciane Fontanella que tinha voltado de Israel, a Irupê Sarmiento e a Carolina Amares. Mas aí veio a pandemia e parou tudo.

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Quasar Cia de Dança retorna aos palcos com “Céu de Pêssego” (Jorge Sato / @jorgesato/divulgação)

Por que o elenco inicial mudou?

Quando a gente decidiu retomar, o Rafael Abreu e a Vívian tinham ido para a Alemanha, a Irupê foi trabalhar no Studio 3 e o Gleysson Moreira precisou se dedicar a terminar a faculdade.

Conseguimos trazer para o elenco o Jorge Garcia e o Luiz Oliveira, com quem eu já tinha trabalho no Balé da Cidade de São Paulo, e a Fabiana Nunes, que conheci no Balé de Niterói. A exceção é a Daniela Moraes com quem eu tinha vontade de trabalhar e ainda não tínhamos trabalhado juntos.

Por que entrar em cartaz só em 2025?

Conseguimos o patrocínio do Santander e, como contrapartida, oferecemos a estreia no Farol Santander, em Porto Alegre. Mas, ano passado teve a tragédia da chuva e a temporada foi cancelada. Agora vai! Fazemos essas apresentações no Masp e vamos nos apresentar em Porto Alegre, até que outras cidades sejam agendadas.

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Esse modo de trabalho de reunir elenco diferente para um projeto específico era uma alternativa para contornar a dissolução da companhia. A exceção virou regra. De lá pra cá, os cinco processos criativos da Quasar se deram assim.

Você acha que é uma condição própria da Quasar ou alguma tendência na produção em dança?

Faz tempo que converso com a Vera sobre isso. Desde o início do primeiro Governo Lula, percebo que os editais não priorizam a manutenção. A prioridade são para projetos pequenos e inéditos. Uma companhia permite o desenvolvimento de um estilo específico. Mas agora as coisas são quase todas avulsas. Eu quero voltar como era.

Quais as vantagens e desvantagens desse modelo de trabalho?

Economicamente, é uma vantagem não ter custos fixos. Hoje, uma produção como essa é muito cara. Antigamente, a gente viajava para o Nordeste só com custeio de bilheteria. Para o elenco, isso tem muitas desvantagens pois ele recebe durante o projeto, mas no mês seguinte nada garante como pagar os boletos. Quando o bailarino recebe salário fixo, pode se concentrar no trabalho. Pra Vera, na produção, tem a dificuldade de fechar as agendas e também os valores. Sem elenco fixo, quando fechamos uma apresentação, precisamos considerar o valor de ensaios e de apresentações no mesmo cachê.

Mas em “Céu de Pêssego” encontraremos o estilo Quasar como conhecemos?

Não tem personagens. Minha proposta era “bailarinos dançando eles mesmos”, para cada um mostrar como está sua dança. Engraçado é que nunca coreografei tanto. Porque todo mundo quis ser coreografado. E tem a assinatura Rodovalho sim. Apesar do elenco ser praticamente todo 40+, o virtuosismo, de zero a 10, chegou a 8. Esse espetáculo é um encontro das nossas verdades.

Henrique Rodovalho, da quasar cia de dança
(Jorge Sato / @jorgesato/divulgação)
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Falando em 40+, faltam três anos para os quarenta anos da Quasar. O que está vindo por aí?

Verdade! Faltam três anos. Goiânia é minha casa. A cidade está muito careta. E acho que é justamente por isso que precisamos continuar. Quero remontar a Quasar, porque isso traz estabilidade financeira e emocional para o elenco. Mas quero ir para o centro da cidade, que precisa ser revitalizado. Também quero retomar o princípio da Quasar, que era reunir pessoas dançantes. Ou seja, bailarinos sem a rigidez da formação acadêmica. Quero experimentar isso dentro da Quasar. E não a convite de outras companhias. No começo era assim: era só o corpo em ação. Não sei se vai ser revolucionário. Revisitar o começo é o que quero para os nossos quarenta anos.

Além de reunir artistas que em momentos diferentes integraram o elenco da Quasar, há espaço para retomada da parceria de longa data com Cassio Brasil, que assina o figurino e cenário, e também a inédita colaboração musical da dupla Fred Ferreira e Lívia Nestrovski. Uma coisa é certa: Seguimos em movimento! 

Céu de Pêssego

Quasar Cia de Dança

7ª Semana Paulista de Dança, no MASP

27 de agosto, em duas sessões, 19h e 21h

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MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista

50 minutos

Livre

328 lugares 

 

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