Antigo Teatro Alfa irá reinaugurar em 2025: Hair e Vozes Negras serão os primeiros espetáculos
O local será reaberto em outubro deste ano e fará parte do conglomerado Beyond The Club São Paulo

Um dos maiores teatros do Brasil, o antigo Teatro Alfa, reabrirá suas portas em outubro deste ano, após dois anos fechado. O espaço, que promete uma estrutura mais moderna, será reinaugurado com dois grandes espetáculos: Hair e Vozes Negras, ambos produzidos pela Aventura.
A reforma teve o apoio do banco de investimentos BTG Pactual, que também batizou o local. Além dos musicais, o teatro será palco de uma programação diversificada, com shows, concertos, ballets e peças de teatro. O BTG Pactual Hall contará com 1.100 lugares e estará integrado ao clube Beyond The Club São Paulo, que oferecerá uma variedade de serviços, como quadras esportivas, restaurantes, hospedagem, academia, spa, pet club e lojas. Embora faça parte do clube, o teatro permanecerá aberto ao público. Em 2026, uma segunda sala de apresentações, com capacidade para 200 lugares, será inaugurada, voltada para uma programação dedicada ao público infanto-juvenil.
Sobre os espetáculos
Hair, o icônico musical dos anos 1960, será revivido por um elenco de trinta atores. A peça, que simboliza o auge do movimento hippie, aborda temas como liberdade, rebeldia e os conflitos sociais da época. Por meio de canções imortalizadas, como Aquarius e Let the Sunshine In, Hair não apenas marcou uma geração, mas também ultrapassou as fronteiras do teatro para se tornar um verdadeiro hino de resistência e mudança social. A encenação promete capturar a revolução cultural e política do movimento hippie, oferecendo uma visão fiel de um período de intensas transformações sociais e culturais.
Já Vozes Negras coloca em destaque a relevância e a força das mulheres negras na música brasileira. O espetáculo presta homenagem a grandes cantoras e compositoras negras, celebrando seu legado e a profunda influência que exerceram na música nacional. A cada semana, o repertório, a direção e o texto do espetáculo são adaptados para refletir as particularidades da homenageada, criando uma experiência única a cada apresentação. O formato permite que o público se conecte com o legado dessas artistas de uma maneira envolvente e emocional.
A Bravo! conversou com os gestores da produtora cultural Aventura, Aniela Jordan e Luiz Calainho, que compartilharam mais detalhes sobre a reabertura do teatro e os espetáculos que marcam este novo momento.
Bravo: Como vocês definem o legado do Teatro Alfa para a cultura de São Paulo?
Aniela Jordan: O antigo Teatro Alfa é um equipamento cultural emblemático, que sempre se destacou como um espaço de liberdade e expressão artística. Ao longo dos anos, tornou-se um ambiente onde produtores e artistas se sentiam genuinamente acolhidos para criar com plenitude. Quando o teatro encerrou suas atividades em 2022, mantive viva a vontade de que, um dia, pudéssemos reocupar esse palco tão significativo, preservando seu legado com o mesmo cuidado e excelência que a Aventura dedica aos teatros e espaços culturais gere e produções que realiza.
Acredito que o BTG Pactual compartilha desse entusiasmo, e a escolha de confiarmos a gestão dessa nova fase reflete a sinergia de propósitos. Retornar ao palco onde nossa jornada paulistana começou, em 2009, com o musical A Noviça Rebelde, é mais do que simbólico: é a afirmação da presença da Aventura em São Paulo, aliando excelência artística a uma visão que inspira e transforma o mercado cultural — revelando a força de uma produtora que não teme ultrapassar fronteiras e redefinir possibilidades.
Bravo: Além de Hair e Vozes Negras, quais espetáculos e/ou companhias de teatro/dança já estão previstos no calendário do teatro?
Aniela Jordan: Hair e Vozes Negras seguirão em cartaz até o final deste ano, proporcionando ao público experiências artísticas de grande relevância. A programação para 2026 está em fase de curadoria e, como nossa prioridade é apresentar espetáculos de altíssimo nível, estamos analisando cuidadosamente diversas opções. As produções selecionadas serão anunciadas no início de 2026, com a abertura oficial da agenda prevista para março. Posso garantir que o BTG Pactual Hall se consolidará como uma multiplataforma de conteúdos artísticos de excelência, abraçando produções que inspiram, transformam e enriquecem a cena cultural.
Poderiam citar quais foram as principais melhorias feitas durante a obra nesses últimos 2 anos?
Luiz Calainho: As obras no BTG Pactual Hall estão em andamento, e o que estamos criando é muito mais do que um teatro — será um verdadeiro destino cultural. Preservar a arquitetura original, que já é icônica, foi uma decisão estratégica, mas estamos trazendo um olhar de futuro ao equipamento. As melhorias são de alto impacto: modernização completa da iluminação, poltronas renovadas, bares reestruturados, banheiros e camarins atualizados, além da substituição de parte do piso de mármore por madeira para dar um toque contemporâneo. No foyer, um novo tapete será instalado, e o grande destaque será a transformação da varanda — que nunca foi utilizada — em um lounge extraordinário, criando uma área de convivência para o público curtir antes e depois dos espetáculos.
Nosso objetivo é posicionar o BTG Pactual Hall como uma multiplataforma de experiências artísticas de excelência, onde tecnologia, acessibilidade e conforto se encontram para surpreender o público. Cada visita será uma experiência marcante, conectando as pessoas à força da arte e às grandes marcas que estarão ao nosso lado. Estamos construindo um palco para o futuro — um ambiente inovador que redefine o entretenimento e eleva o mercado cultural brasileiro a um novo patamar.
O que o novo teatro Alfa tem de melhor? E qual será o diferencial da curadoria em relação a outros teatros da capital?
Aniela Jordan: O BTG Pactual Hall surge como um palco reimaginado, onde a arte se encontra com a inovação em sua forma mais pura. Este teatro, com sua arquitetura grandiosa e versátil, é um espaço que acolhe não apenas espetáculos, mas experiências imersivas que transcendem o comum. O tamanho do palco e sua flexibilidade nos permitem uma programação audaciosa — grandes musicais, concertos de música clássica, jazz, e até a dança, que sempre teve um lugar de destaque aqui. Este retorno ao movimento é, para nós, uma celebração de sua história, com a promessa de um futuro onde novas linguagens artísticas florescerão.
A curadoria será um convite à descoberta, buscando sempre a excelência e a diversidade em cada produção. A proposta é que o BTG Pactual Hall se torne um ponto de convergência para artistas e públicos que buscam uma experiência que vai além do espetáculo, uma verdadeira imersão no que a arte pode provocar de mais visceral e transformador. Nossa missão é criar um espaço vivo, que pulsa ao ritmo das mais variadas expressões culturais, e que inspire todos que o atravessam a pensar o presente e o futuro da arte com novos olhos.