Vida de Padre Pinto é recontada em peça com Sérgio Marone
O sacerdote ficou conhecido por desafiar a ortodoxia católica ao incorporar elementos da cultura afro-brasileira em celebrações religiosas

Sérgio Marone estreia no teatro em “Padre Pinto: a narrativa (re)inventada”, que chega ao palco do Sesc Pompeia, em São Paulo. O espetáculo explora a trajetória do polêmico Padre Pinto (1947-2019), que desafiou a ortodoxia católica ao incorporar elementos da cultura afro-brasileira em celebrações religiosas, despertando intensas reações na sociedade e no clero.
Dirigida e escrita pelo dramaturgo baiano Luiz Marfuz, a peça reúne um elenco liderado por Ricardo Bittencourt como Padre Pinto e Sérgio Marone no papel de um emissário do Vaticano. Ao lado deles, estão Ágatha Matos, Gabriel Frossard, Luciana Domschke, entre outros. A música ao vivo é criada por Wilson Feitosa, Ito Alves e Moisés Moita Matos.
A narrativa é dividida em três atos: Ascensão e Glória; Queda e Explosão; e O silêncio de Deus. A dramaturgia mescla realidade, ficção e mitologia para retratar temas como intolerância religiosa, sexualidade e preconceitos sociais. Segundo o diretor, o espetáculo não é uma biografia, mas uma reinvenção poética inspirada pela espetacularidade presente na vida cotidiana de Padre Pinto.
“A peça parte da ideia de que o espetáculo humano e cultural, vivenciado por Padre Pinto, se instaurou na sua vida e não no teatro. Isso o aproxima do espírito da etnocenologia – o estudo dos comportamentos humanos espetacularmente organizados no cotidiano -, uma das bases de pesquisa. Em vez de teatralizar a vida no palco, Padre Pinto instaurou a espetacularidade no dia a dia da Paróquia da Lapinha, onde foi pároco por mais 32 anos. Para isso, cantou e dançou ritos inspirados nas manifestações dos povos originários e africanos dentro da igreja e nas tradicionais festas de reis, que ele revitalizou.”, explica Luiz Marfuz.

Nascido em Salvador, José de Souza Pinto foi pároco da Paróquia da Lapinha por 32 anos, onde revitalizou a tradicional Festa de Reis e introduziu práticas artísticas e culturais que dialogavam com as raízes afro-brasileiras. Em 2006, causou polêmica ao celebrar uma missa vestido de Oxum, o que resultou em sua remoção pela Igreja. Após afastar-se do sacerdócio, Padre Pinto assumiu publicamente sua homossexualidade e manteve uma atuação ativa na cena cultural até sua morte.
Sesc Pompeia: R. Clélia, 93 – Água Branca
Quintas, sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 17h
Ingressos: R$ 70 / 35 / 21