Zezé Motta estreia peça inspirada em obra de Maya Angelou

Nesta quinta-feira, 15 de maio, Zezé Motta retorna aos palcos com a peça Vou fazer de mim um mundo, para celebrar seus 80 anos, com a estreia de seu primeiro monólogo, em uma curta temporada no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. O espetáculo é uma adaptação da obra autobiográfica mais célebre de Maya Angelou, Eu sei por que o pássaro canta na gaiola, publicada em 1969 nos Estados Unidos. A encenação tem adaptação e direção de Elissandro de Aquino. A volta ao teatro acontece após uma década desde sua última participação em um espetáculo teatral, quando integrou o elenco de Intocáveis, com adaptação de José Rubens Siqueira.

Reconhecida como uma das autoras mais importantes dos Estados Unidos, Maya Angelou entrelaça, em seu livro de estreia, memórias da infância, traumas de violência, o amor pelas artes — em especial a dança — e o contexto político de um país mergulhado na segregação racial dos anos 1960. Além de escritora, Angelou foi dançarina, poeta, roteirista, professora e ativista dos direitos civis.

O título da autobiografia se inspira no verso “I know why the caged bird sings”, do poema Sympathy, de Paul Laurence Dunbar. A imagem do pássaro enjaulado tornou-se símbolo da experiência negra frente à opressão racial, representando o anseio por liberdade, a luta por voz e o desejo de existir plenamente diante da discriminação.

No palco, Zezé recita os textos em um ambiente intimista criado pelo artista plástico Claudio Partes, composto por uma plantação de algodão, nuvens e um livro do qual emergem as palavras. A iluminação de Aurélio de Simoni remete à luz de lampião, evocando memórias e afetos ancestrais. O figurino, assinado por Margo Margot, traz uma paleta amarela em referência a Oxum, orixá de Zezé, e ganha significado especial ao longo da encenação.

A trilha sonora é executada ao vivo pelos músicos Mila Moura e Pedro Leal David, que expandem a cena com arranjos especialmente criados para o espetáculo. Inspirada nas raízes do blues e suas variações, a música é inspirada pela sonoridade dos anos 1930 e 1940 do sul dos Estados Unidos. E se entrelaça com elementos da cultura brasileira, incorporando composições de artistas como Dorival Caymmi, Luiz Melodia, Luiz Gonzaga, Milton Nascimento, Caetano Veloso e Seu Jorge.

Após a temporada em Brasília, o espetáculo seguirá para os centros culturais do Banco do Brasil em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.

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