5 curiosidades de “Vitória”, novo filme de Fernanda Montenegro

cinema e tv

Cinebiografia dirigida por Andrucha Waddington estreia nesta quinta (13/3) e resgata a história real da senhora de 80 anos que desafiou o crime no Rio. 

1. A denúncia que começou com um desafio

Em 2004, Joana já havia entregue cópias das fitas à polícia, mas foi ignorada. Revoltada com a acusação de um delegado de que “mentia”, ela intensificou as gravações, documentando até conversas entre milicianos e agentes públicos. As imagens, entregues ao repórter Fábio Gusmão por um policial anônimo, resultaram na reportagem do Extra em 24 de agosto de 2005, um marco no jornalismo investigativo brasileiro.

 2. “Dona Vitória”: um nome para proteger uma vida

O pseudônimo foi criado por Gusmão para preservar Joana, que ingressou no programa de proteção à testemunha após as ameaças de morte. Nos 17 anos seguintes, ela viveu sob identidade falsa, longe do Rio. Sua verdadeira história só veio à tona com o lançamento da biografia “Dona Vitória Joana da Paz” (Ed. Planeta, 2023), escrita pelo próprio jornalista, que detalha sua infância em Alagoas, a mudança para o Rio e os anos de exílio. 

3. As fitas que abalaram o crime organizado

Joana usou oito fitas VHS para registrar a venda de drogas, o armamento de menores e a presença de policiais em esquemas ilegais. Parte desse material hoje está no acervo do Museu da Imagem e do Som do Rio, e trechos foram recriados no filme com ajuda de atores que recriam diálogos reais capturados por Joana. 

4. Fernanda Montenegro e o debate racial

A escolha da atriz gerou discussões sobre representatividade, já que Joana era negra. O diretor Breno Silveira afirmou que, durante as pesquisas, não havia registros públicos sobre a etnia de Joana — sua identidade só foi divulgada após o início das filmagens. A equipe optou por incluir uma nota no crédito final do filme, homenageando Joana e reconhecendo a complexidade da discussão. 

5. Um legado além das telas

Joana faleceu sem ver o filme pronto, mas deixou claro em entrevistas ao jornalista Gusmão seu desejo: ser lembrada como alguém que usou a cidadania como arma contra arma contra a impunidade. Hoje, a Ladeira dos Tabajaras, ainda que mais segura, carrega nas paredes pichações de “Vida Longa a Dona Vitória” — prova de que sua coragem ecoa além do cinema.