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O legado de Richard Serra no Brasil

Artista morreu de pneumonia aos 85 anos; Conheça os detalhes da escultura "Echo",

Por Laís Franklin
Atualizado em 28 mar 2024, 13h19 - Publicado em 27 mar 2024, 07h50

Richard Serra, um dos escultores mais importantes do séculos XX, nos deixou nesta terça (26) aos 85 anos. O artista morreu em casa, em Nova York, em decorrência de uma pneumonia. Conhecido como o “poeta de ferro”, Serra fez uma revolução na história da arte tendo o material como base para criar obras monumentais. Sua marca registrada são os blocos e espirais em grande escala.

Quem foi o escultor Richard Serra?

Richard Serra nasceu em São Francisco em 1938. Ele estudou literatura Berkeley e Santa Barbara (ambas na Universidade da Califórnia) e depois Artes Plásticas em Yale. Foi na Europa que tomou gosto pela escultura. Ele teve o romeno Constantin Brancusi como grande mentor em Paris. 

Sua primeira exposição individual foi em 1966 na Galeria La Salita, em Roma, e, três anos depois, expôs na galeria Castelli Warehouse, em Nova York. O artista morou em Nova York desde o fim da década de 1960 e chegou a criar uma empresa de limpeza de móveis na qual empregou o compositor Philip Glass como assistente para pagar as contas.

Uma de duas obras mais emblemáticas é “One ton prop (House of cards)” (1969), composta quatro placas quadradas de chumbo de 122 cm que permanecem equilibradas com o próprio peso, semelhante a um castelo de cartas de baralho. A guinada na carreira veio em 1981, por conta da instalação “Tilted Arc”, que era composta por uma parede curva de aço com mais de 35 metros de largura e 3,6 de altura localizada na Federal Plaza, em Nova York. Ela foi desmontada oito anos depois gerando uma das grandes polêmicas das artes daquela época. “O peso é um valor para mim. Não que ele seja mais expressivo que a leveza, mas simplesmente eu sei mais sobre o peso do que sobre a leveza e tenho, portanto, mais a dizer sobre ele”, escreveu o artista em 1988. 

Serra esteve em edições importantes da Documenta em Kassel, na Alemanha (1972, 1977, 1982 e 1987) e na Bienal de Veneza (1984, 2001 e 2013), e rodou o mundo com mostras individuais a partir dos anos 1980 em espaços como Centre Georges Pompidou, Paris (1984) e Museu de Arte Moderna de Nova York. Em 2005, oito obras de grande escala foram instaladas permanentemente no Museu Guggenheim de Bilbao. Entre 2011 e 2012, o Museu Metropolitan de Nova York realizou uma grande retrospectiva de seus desenhos. Em 2013, seus desenhos foram expostos na Courtauld Gallery, em Londres.

Considero o espaço um material. A articulação do espaço passou a ter precedência sobre outras preocupações. Tento usar a forma escultural para tornar o espaço distinto.

Richard Serra
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Echo (2019), de Richard Serra, no IMS Paulista (Maria Clara Villas / IMS/divulgação)
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Echo (2019), de Richard Serra, no IMS Paulista (Maria Clara Villas / IMS/divulgação)

Richard Serra no Brasil 

Por aqui, sua primeira obra permanente veio somente em 2019 em um trabalho comissionado para o IMS Paulista. “Echo” foi inaugurada no dia 23 de fevereiro daquele ano e segue em visitação gratuita na Avenida Paulista. Primeira escultura do artista americano aberta à visitação pública permanente na América Latina, a obra soma-se a outros trabalhos monumentais do artista espalhados em diversas partes do mundo, como “East-West/West-East”,  no deserto da reserva natural de Brouq, no Qatar. Sempre com a premissa se integrar a espaços urbanos ou à natureza.

Composta por duas placas de aço de 18,6m de altura, cada uma pesando 70,5 toneladas – refletindo a equilibrada tensão entre peso e leveza que marca o trabalho de Serra –, Echo está instalada no jardim externo do centro cultural, atrás do restaurante Balaio, do chef Rodrigo Oliveira.

A obra começou a ser construída em uma aciaira na França, em 2016. No ano seguinte, foi levada até a Alemanha para receber ajustes técnicos. De lá, foi levada para o porto de Antuérpia, na Bélgica para atravessar o Oceano e chegar ao Brasil. Antes de ser exposta no IMS, ela ficou guardada por dois anos em um galpão na capital paulista.

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Em 2014, o IMS já tinha iniciado uma relação com o artista através da exposição Richard Serra: desenhos na casa da Gávea. “Acho que o que define bem o trabalho de Serra é que ele tirou a escultura do pedestal. O que ele faz é uma intervenção espacial”, definiu o célebre fotógrafo brasileiro Cristiano Mascaro, que registrou por anos algumas das principais obras de Serra, a convite do próprio artista.  

 

Entrada gratuita
Terça a domingo e feriados das 10h às 20h (fechado às segundas).

IMS Paulista
Jardim externo – térreo
Avenida Paulista, 2424
São Paulo/SP

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