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Retrospectiva percorre trajetória artística de Carlos Zilio

A exposição Carlos Zilio – A Querela do Brasil, no Itaú Cultura, destaca sua evolução técnica, linguística e de suportes ao longo do tempo

Por Redação Bravo!
Atualizado em 25 mar 2025, 11h13 - Publicado em 25 mar 2025, 10h55
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 (Murilo Alvesso/divulgação)
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Carlos Zilio, um dos principais nomes do movimento neoconcreto no Brasil, ganha sua primeira retrospectiva, exibida no Itaú Cultural, em São Paulo. A exposição Carlos Zilio – A Querela do Brasil, que foi inaugurada ontem (25 de março), tem curadoria de Paulo Miyada e projeto de Fernanda Bárbara. A mostra apresenta a trajetória do artista carioca, com 100 obras produzidas entre 1960 e 2022, divididas em três andares do Itaú Cultural, e destaca sua evolução técnica, linguística e de suportes ao longo do tempo. Entre os destaques estão os cadernos de trabalho inéditos, que oferecem uma visão inédita e mais profunda do processo criativo de Zilio.

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Caderno de artista (1978) de Carlos Zilio (Thales Leite/divulgação)

A primeira fase de sua carreira é marcada por um forte engajamento político, com obras influenciadas pela ditadura militar, período no qual Zilio foi alvo do regime, sendo preso e posteriormente exilado. A exposição percorre as mudanças de estilo e interesses do artista, que, ao longo dos anos, explorou a abstração geométrica, a experimentação e refletiu sobre questões como identidade nacional e o modernismo brasileiro. O percurso artístico de Zilio culmina em uma reflexão sobre o vazio, a ausência e o luto. Além da carreira nas artes, Zilio lecionou na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e na Faculdade de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

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(Daniel Mansur/divulgação)

Sofia Fan, gerente de Artes Visuais e Acervos do Itaú Cultural, destaca que a retrospectiva permite uma conexão com a história recente do país. “Esta exposição é uma oportunidade para que as pessoas possam se aprofundar em sua produção, tornando-a mais acessível para um público amplo e diverso. Os visitantes poderão compreender como ela se relaciona com a história recente do país e conhecer mais os diferentes movimentos artísticos com os quais o seu trabalho dialoga, da década de 1960 até hoje.”

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Zilio iniciou seus estudos de pintura no Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro, sob a orientação de Iberê Camargo (1914-1994). Durante a ditadura militar, ele cursou psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nos anos 1970, exilado político, mudou-se para Paris, onde concluiu seu doutorado em Artes na Universidade de Paris VIII. Reconhecido por suas obras que combinam abstração geométrica e arte figurativa, Zilio foi um dos representantes do movimento neoconcreto, que buscava romper com a rigidez da arte concreta, incorporando mais expressão e subjetividade ao seu trabalho.

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Lute (1967) de Carlos Zilio (Renato Parada/divulgação)
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Entre as obras mais representativas da exposição, estão Atensão (1976), uma instalação que usa materiais de construção, como pedras, tijolos e cabos de aço, para explorar a tensão e a suspensão e criar uma experiência sensorial para o público. A Querela do Brasil (1979-1980) é uma pintura que critica o modernismo e os estereótipos da brasilidade, abordando as influências culturais europeias, negras e indígenas na formação da arte brasileira. Lute (1967) é uma serigrafia sobre filme plástico, com a palavra “Lute” escrita em vermelho sobre um rosto amarelo, que foi criada com o intuito de mobilizar trabalhadores contra o autoritarismo durante a ditadura militar.

Exposição Carlos Zilio – a querela do Brasil

Itaú Cultural | Avenida Paulista, 149 – próximo à estação de metrô Brigadeiro
De 25 de março (terça-feira) até 6 de julho de 2025 | Terça-feira a sábado, das 11h às 20h; domingos e feriados das 11h às 19h
Entrada: gratuita

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