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Rita Lee: “Menos mimimi e mais ação”

Por Bravo
Atualizado em 22 set 2022, 12h39 - Publicado em 24 mar 2017, 14h06

Batemos um papo com Rita Lee sobre sua autobiografia, a legalização das drogas e o machismo na música. A cantora concorre ao Prêmio Bravo! de Artista do Ano.

Detalhe da contracapa de “Rita Lee — Uma Autobiografia” (Foto: Guilherme Samora/Globo Livros)

Por Guilherme Wenerck, Helena Bagnoli e Paula Carvalho

Figura ímpar na música brasileira, Rita Lee percorreu três gerações de ouvintes em uma série quase ininterrupta de produção de hits — seja ao lado d’Os Mutantes, do Tutti Frutti ou em carreira solo — e ajudou a moldar o que chamamos de rock nacional. Aposentada dos palcos, a cantora lançou uma autobiografia no final do ano passado em que repassa sua trajetória a limpo em uma prosa direta e sarcástica, que não recua mesmo em episódios delicados da infância e da carreira. Esta não foi a sua primeira incursão pela literatura. Nos anos 80 e 90, Rita Lee escreveu uma série de livros infantis que tinham como protagonista um rato cientista chamado Dr. Alex. Em 2013, publicou Storyinhas, conjunto de pequenas narrativas ilustradas por Laerte. Para Rita Lee — Uma Autobiografia, dispensou a figura do ghost writer e optou por contar ela mesma sua história. A sensação foi a de “sair curada de uma terapia que já durava 70 anos”, ela descreve.

Rita Lee é uma das finalistas ao Prêmio Bravo! de Artista do Ano ao lado da também cantora Céu, do cineasta Kleber Mendonça Filho, do diretor Luiz Fernando Carvalho e do ator Wagner Moura. O resultado da votação popular será anunciado no dia 29 de março.

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Para as perguntas da Bravo! sobre sua autobiografia e temas em debate na sociedade, como o machismo e a descriminalização das drogas, Rita Lee respondeu de modo curto e bem humorado — como numa boa canção pop. Leia a entrevista completa:

Qual foi o momento mais difícil da sua vida?

Foi quando aprendi a nadar e engolia água pela boca, nariz e ouvidos.

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Mutantes é considerada por muitos a maior banda brasileira de todos os tempos, meio como os Beatles, mas seus discos solo, principalmente os dos anos 80 com Roberto de Carvalho, foram seus maiores sucessos de público. Se pudesse voltar no tempo, voltaria para 1968 ou 1984?

Entre essas duas escolhas sem dúvida voltaria aos anos 80, das melhores épocas da minha vida.

Em seu livro, você fala de uma relação nem sempre tranquila com as drogas. Qual é a sua posição em relação à descriminalização e legalização das drogas?

Sou favorável à descriminalização da cannabis, uma planta bendita que Deus criou e os homens querem descriar. Drogas químicas são malditas porque criadas pelos humanos.

A sua trajetória é de uma mulher que esteve à frente do tempo, em especial se pensarmos na questão da luta das mulheres por igualdade e respeito. Como vê a questão do machismo na música? Acha que avançamos algo se compararmos o seu período de Mutantes, Tutti-Frutti e carreira solo aos tempos mais recentes?

Não se pode dizer que ainda há machismo em música, não é mesmo? As mulheres de hoje andam meio chauvinistas, proponho menos mimimi e mais ação, queremos ganhar igual e sermos donas do nosso corpo, o resto vem junto.

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O jornalismo/a crítica musical foram pouco atentos à sua carreira?

Pouco atentos? Eu era a preferida deles para ser crucificada, hahaha.

Você ouve música? Que tipo? O que você realmente gosta de escutar?

Só tenho ouvido música instrumental, sem discursinhos ególatras, de jazz a música clássica.

Qual foi a sensação de escrever a sua autobiografia?

A sensação de sair curada de uma terapia que já durava 70 anos.

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O que realmente importa nesse momento da sua vida?

Minha família, meus bichos e minhas plantas.

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