Os filmes que estreiam na Mostra de Cinema de Ouro Preto
A mostra inicia nesta semana sua 20ª edição, que acontece de 25 a 30 de junho, trazendo mais de 140 filmes

Um dos festivais de cinema mais charmosos do país, o CineOP (Mostra de Cinema de Ouro Preto) inicia nesta semana sua 20ª edição, que acontece de 25 a 30 de junho. Organizado pela Universo Produções, o evento integra a tradicional tríade de festivais de Minas Gerais, que começa em Tiradentes, segue para Ouro Preto e encerra em Belo Horizonte, cada um com um recorte próprio. Em Ouro Preto, o festival foi criado com foco na preservação audiovisual e no reconhecimento do cinema brasileiro como patrimônio cultural essencial, em sintonia com a própria cidade, um importante patrimônio histórico do país.
Durante cinco dias, serão exibidos 144 filmes, entre 30 longas, 1 média e 116 curtas-metragens, produzidos em 10 estados brasileiros e 5 países: Brasil, Argentina, Colômbia, Chile e Estados Unidos.
A edição de 2025 tem como temática o humor feminino, celebrando a presença e o protagonismo das mulheres no humor do cinema nacional, tanto diante das câmeras quanto nos bastidores. A homenageada é a atriz Marisa Orth, eternizada pela personagem Magda, em Sai de Baixo.
Uma das novidades deste ano é a criação do Prêmio Preservação, que nesta primeira edição será entregue ao professor João Luiz Vieira, coordenador do LUPA e integrante da Rede Universitária de Acervos Audiovisuais. Vieira é reconhecido nacionalmente pela formação de profissionais, fortalecimento de redes colaborativas e pela defesa de políticas públicas voltadas à preservação audiovisual no Brasil.
Neste clima de celebração, selecionamos os principais títulos em destaque, incluindo os que concorrem ao prêmio de melhor filme.
MOSTRA CONTEMPORÂNEA

Brasiliana — O musical negro que apresentou o Brasil ao mundo
De Joel Zito Araújo, o longa conta a história da companhia de teatro Brasiliana, que, ao longo de 25 anos, encantou plateias em mais de 90 países, levando a riqueza da cultura brasileira aos palcos internacionais.

3 Obás de Xangô
De Sérgio Machado, 3 Obás de Xangô narra a amizade e a conexão artística entre Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé — três mestres que ajudaram a construir o imaginário da baianidade. Suas obras celebram a força do povo do candomblé, o protagonismo feminino e a presença do mar, traduzindo, cada um a seu modo, um jeito de ser que marcou a cultura baiana e influenciou gerações.
MOSTRA VALORES

Suçuarana
Dirigido por Clarissa Campolina e Sérgio Borges, o filme acompanha Dora, uma mulher que percorre estradas em busca de uma terra mítica, sonhada por ela e sua mãe, onde acredita poder finalmente pertencer. Guiada por um enigmático cachorro, atravessa paisagens devastadas pela mineração até encontrar abrigo em uma fábrica abandonada, habitada por uma comunidade que reflete o lar que sempre procurou.
MOSTRA COMPETITIVA

Itatira
Dirigido por André Luís Garcia, Itatira acompanha os mistérios que tomam conta de uma escola no sertão cearense após a morte acidental de um jovem. Seu espírito passa a ser visto nos corredores, dando início a uma série de acontecimentos inexplicáveis, onde o sobrenatural se mistura com símbolos ancestrais, crises coletivas e o olhar da mídia.

Meu pai e eu
No documentário dirigido por Thiago Moulin, o cineasta abre, dez anos após a morte do pai, a mala que herdou com memórias e vestígios de uma vida. A partir desse gesto, revisita silêncios, afetos e feridas familiares, na tentativa de romper ciclos de ressentimento que atravessaram gerações.

Os ruminantes
Dirigido por Tarsila Araújo e Marcelo Mello, Os Ruminantes resgata a história de A Hora dos Ruminantes, roteiro escrito em 1967 por Luiz Sergio Person e Jean-Claude Bernardet, que jamais chegou às telas. O filme revisita os bastidores do cinema brasileiro nas décadas de 1960 e 1970, suas tensões políticas e revela documentos confidenciais da Ditadura Militar que dialogam, de forma surpreendente, com Hollywood.

Paraíso
Dirigido por Ana Rieper, o documentário investiga as heranças da condição colonial na vida cotidiana do Brasil atual. Por meio de uma narrativa musical e de arquivos variados, o filme conduz uma viagem sensível e provocadora pelas marcas da posse de terras e de pessoas, compondo uma sinfonia popular sobre violência, resistência, força e afeto.

Um Olhar Inquieto: O cinema de Jorge Bodanzky
Dirigido por Liliane Maia e Jorge Bodanzky, o filme revisita uma imagem capturada em 1973 pelo próprio Bodanzky durante uma filmagem para a TV alemã: uma maloca na floresta amazônica cercada por indígenas isolados que tentam atingir um avião com flechas. Meio século depois, com arquivos recuperados pelo Instituto Moreira Salles, o cineasta retorna a Aripuanã para conectar passado e presente, explorando os mistérios da Amazônia através de seus rolos de super-8.