5 escritores brasileiros mais lidos de 2024
Diversos autores brasileiros estiveram em destaque neste ano, retratando temas como amor, direito à memória, luta antirracista e solidão

Em 2024, a literatura nacional foi amplamente celebrada, com autores como Itamar Vieira Junior e Socorro Acioli se destacando no Prêmio Jabuti e alcançando grandes números de vendas. Mas eles não foram os únicos: outros escritores e pesquisadores também receberam reconhecimento por obras que exploram temas como amor, direito à memória, luta antirracista e solidão. Confira abaixo alguns dos autores mais lidos deste ano.

Itamar Vieira Junior
Nascido em Salvador em 1979, viveu em Pernambuco e São Luís durante a adolescência. Formou-se em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), sendo o primeiro bolsista da Bolsa Milton Santos, destinada a jovens negros de baixa renda. Completou mestrado e doutorado na UFBA, pesquisando especulação imobiliária em Salvador e a formação de comunidades quilombolas na Chapada Diamantina. Foi vencedor do prêmio Jabuti em 2020 e 2024, ele se tornou um dos autores favoritos dos leitores.
O QUE LER:

Salvar o Fogo (2022)
Salvar o Fogo, de Itamar Vieira Junior, apresenta a trajetória de Luzia do Paraguaçu, uma mulher marcada pela coragem e pelo estigma de supostos poderes sobrenaturais. Lavadeira de um mosteiro, Luzia adota uma vida religiosa rigorosa, criando Moisés, um órfão que encontra nela afeto e disciplina. A narrativa entrelaça dramas familiares e traumas históricos do colonialismo, revelando como as marcas do passado ecoam nas sombras do presente.

Marcelo Rubens Paiva
Marcelo Rubens Paiva, nascido em São Paulo em 1959, é um renomado escritor, dramaturgo e jornalista brasileiro. Filho do deputado federal Rubens Paiva, que foi vítima da ditadura militar, Paiva se destacou no cenário literário com Feliz Ano Velho (1982), uma autobiografia que descreve sua trajetória após se tornar tetraplégico em um acidente. O autor voltou a ganhar destaque, especialmente após o lançamento do filme homônimo “Ainda estou aqui”.
O QUE LER:

Ainda estou aqui (2015)
Obra narra a trajetória de Eunice Paiva, esposa do deputado Rubens Paiva, que, durante anos, buscou o paradeiro do marido, desaparecido e morto pelo regime militar. Eunice esteve ao lado dele durante o exílio em 1964 e enfrentou sozinha a criação de cinco filhos após sua prisão, tortura e morte durante a ditadura militar, em 1971. Apesar das adversidades, Eunice retomou os estudos, tornou-se advogada e se destacou na defesa dos direitos indígenas, sempre mantendo uma postura resiliente, sem demonstrar fragilidade publicamente. Marcelo Rubens Paiva, seu filho, revisita essa história, abordando a luta de Eunice contra o Alzheimer e explorando memórias familiares, enquanto lança luz sobre o trágico desaparecimento de Rubens Paiva.

Ana Suy
A autora é psicanalista, escritora e professora, tendo publicado “Não pise no meu vazio”, “As cabanas que o amor faz em nós”, “A corda que sai do útero” (editora Planeta) e “Amor, desejo e psicanálise” (editora Juruá).
O QUE LER:

A gente mira no amor e acerta na solidão (2022)
Em A Gente Mira no Amor e Acerta na Solidão, a psicanalista Ana Suy propõe uma reflexão sobre o amor e a solidão, explorando como esses dois sentimentos se entrelaçam. Baseado em suas próprias experiências, tanto profissionais quanto pessoais, o livro surge a partir de diálogos informais. Suy convida o leitor a uma conversa íntima sobre o amor, mostrando como, muitas vezes, ele traz consigo a solidão, e como vivemos essas experiências de maneira individual, embora com outros ao nosso redor.

Socorro Acioli
Graduou-se em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará em 2001, período em que lançou a biografia Frei Tito, pela coleção Terra Bárbara. Em 2003, publicou uma biografia de Rachel de Queiroz, fruto de entrevistas e pesquisas. Em 2004, estreou na literatura infantojuvenil com Bia que tanto lia.
O QUE LER:

A cabeça do santo (2014)
Samuel, após a morte da mãe, embarca em uma jornada a pé de Juazeiro do Norte até Candeia, no Ceará, para cumprir seu último desejo: encontrar o pai e a avó que nunca conheceu. Na cidade quase deserta, ele encontra abrigo em uma gigantesca cabeça oca de uma estátua inacabada de Santo Antônio, onde passa a ouvir vozes femininas recitando preces de amor. Com a ajuda de Francisco, um novo amigo, Samuel transforma seu dom da escuta em um fenômeno que atrai fiéis e traz vida à cidade. Em meio ao caos, ele se apaixona por uma voz misteriosa. “A Cabeça do Santo” é o primeiro romance adulto de Socorro Acioli, desenvolvido sob a orientação de Gabriel García Márquez.
Cida Bento

Cida Bento é psicóloga, ativista e diretora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT). Com foco na branquitude, suas pesquisas exploram como privilégios de pessoas brancas moldam a sociedade brasileira e perpetuam violências raciais.
O QUE LER:

O pacto da branquitude (2022)
A partir de suas experiências e pesquisas, a autora expõe o “pacto narcísico da branquitude” ― um acordo tácito de autopreservação que favorece pessoas brancas e sustenta a falácia da meritocracia. Co-fundadora do CEERT, ela apresenta evidências e propõe um olhar crítico sobre as estruturas que perpetuam privilégios e marginalizam outros grupos.