A bíblia mais antiga do mundo e outros tesouros escondidos na Biblioteca do Vaticano
Acervo principal da Igreja Católica guarda documentos raros e uma edição da bíblia de 325 D.C.
Sede mundial da Igreja Católica e também residência oficial do papa, a Biblioteca do Vaticano, localizada na cidade do Vaticano, abriga uma das mais antigas bibliotecas da Europa. Quando foi batizada pelo padre Nicolas 5° (1397-1455), em 1447, não era nem de longe a primeira biblioteca papal e muito menos partilhava de uma estrutura tão gigantesca quanto a que ostenta hoje no Vaticano.
Na época, foi fundada como um acervo para estudos teológicos, dedicada integralmente ao arquivo de manuscritos e artigos religiosos. Sua coleção era basicamente formada por obras herdadas de papas falecidos. Funcionava como uma espécie de única herdeira do conhecimento pontífice, mas a instituição não dispensava as doações de bibliotecas pessoais de outros fiéis.
Codex B: a bíblia mais antiga do mundo e a modernização
Uma década depois de ter sido concebida, o número de volumes ainda continuava modesto, mas o fluxo de doações de obras já começava a aumentar. Até esse momento, as prateleiras só acumulavam 350 obras, escritas em latim, em grego ou em hebraico. Oito anos depois, em 1455, com a morte e a herança de Nicolas 5°, mais documentos foram agregados ao acervo, que nesse ano atingia a marca de 1,5 mil manuscritos. Hoje, as obras colecionadas durante os cinco séculos de existência foram espalhadas pelos vários salões do Vaticano. Somam-se na coleção cerca de 1,6 milhão de obras, entre 75 mil manuscritos, 8,3 mil incunábulos (tipo de livro impresso publicado por volta do século 15), 150 mil códices, 100 mil gravuras e desenhos, 300 mil moedas e medalhas e quase 20 mil objetos de valor artístico, além de artigos de relevância – a maioria voltada para a teologia, mas outros destinados a explorar as áreas das artes e da ciência.
A biblioteca ainda guarda um dos mais valiosos tesouros do Vaticano, o Codex B, uma versão completa da Bíblia que traz na íntegra os dois testamentos impressos na mesma edição. É a mais antiga de que se tem conhecimento, datada de 325 d.C. Acredita- se que esse exemplar seja uma das 50 Bíblias que o imperador romano Constantino mandou compilar.
Em pleno processo de modernização, a biblioteca está se adaptando ao século 21. Uma das medidas visou melhorar a segurança do seu acervo bibliográfico com a implantação de chips rastreadores nas obras. Também iniciou as atividades para a realização de algumas obras de restauro.
Esta matéria faz parte do especial “100 lugares essenciais da cultura” publicado originalmente em 2007 pela Bravo!