Entenda a crítica social do livro “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austin
Livro clássico da literatura inglesa debate papel da mulher na sociedade com ironia refinada de uma das maiores romancistas do século xix
Nada indicava que Jane Austen (1775-1817), filha de um pastor anglicano de província, se tornaria uma das escritoras mais lidas da Inglaterra. Mas o fato é que a observação do ambiente rural serviu de esteio às suas comédias de costumes, em que a descrição social e humana se iguala à dos grandes mestres.
A primeira versão da obra Orgulho e Preconceito (1813) se chamou First Impressions a partir do ditado que diz “first impressions are half of the battle” (as primeiras impressões perfazem metade da conquista). Trata-se de uma ironia. Ao longo da narrativa, a heroína Elizabeth Bennet acaba por rever sua antipatia inicial pelo bem-nascido e egocêntrico Darcy, que a ridicularizara num baile — ocasião em que a família da moça pretendia encontrar pretendentes para as filhas solteiras.
Vários mal-entendidos e histórias paralelas costuram as mudanças de humor de Elizabeth e de Darcy. Os acontecimentos, contudo, têm interesse relativo. A importância da obra reside no estudo minucioso dos personagens na crítica social. De maneira sutil, Jane Austen mostra os danos causados às mulheres inseridas em uma cultura criada por homens e para os homens.
O romancista Walter Scott (1771-1832) escreveu, na ocasião em que relia pela terceira vez o romance, que o talento da autora para a descrição das “ocorrências, sentimentos e personagens da vida comum” era o mais extraordinário que encontrara. Jane Austen morreu quase ignorada aos 43 anos, depois de ter publicado anonimamente algumas das obras-primas da literatura inglesa, entre elas Razão e Sensibilidade (1811) e Mansfield Park (1814).
O texto acima faz parte do especial da Bravo! e foi originalmente publicado em 2007 na revista 100 Livros Essenciais da Literatura Mundial
Sobre a autora
Jane Austen (1775–1817) nasceu em Steventon, vilarejo localizado na área rural da Inglaterra. Sétima dos oito filhos do reverendo George Austen – o dirigente da paróquia local –, a escritora cursou a maior parte de seus estudos em casa. Curiosamente, apesar de suas heroínas românticas estarem sempre às voltas com o matrimônio, Jane Austen não se casou.
A obra da autora reúne os seguintes romances: Razão e sensibilidade (1811), Orgulho e preconceito (1813), Mansfield Park (1814), Emma (1816), A abadia de Northanger e Persuasão – os dois últimos publicados postumamente, em 1818. Precisão da linguagem, o humor e a aguda percepção para tratar do cotidiano da sociedade inglesa da virada do século XVIII para o XIX estão entre as marcas registradas da escritora.