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Escritor Silviano Santiago recebe Prêmio Camões de Literatura

Autor mineiro recebeu o título em solenidade na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (14/11). Confira o discurso

Por Redação Bravo!
Atualizado em 16 nov 2023, 17h43 - Publicado em 15 nov 2023, 14h19

“Se a graça é remédio divino para o pecado original e se o remédio apazigua a crise epiléptica, a arte é o mais eficaz de todos os remédios humanos. O melhor deles” é uma das citações mais célebres de Silviano Santiago e está no livro “Machado”, publicado em 2016 pela Companhia das Letras e vencedor no ano seguinte de melhor romance literário no Jabuti e no Oceanos.

Na última terça-feira (14/11), o escritor mineiro adicionou mais uma conquista de peso no currículo: ele recebeu o prêmio Camões de Literatura 2022 na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, o mais importante da língua portuguesa. “O Prêmio Camões celebra a vitalidade de nosso povo e celebra a língua portuguesa que floresce em nossos países irmãos. No momento em que vivemos, pensar o Prêmio Camões significa abraçarmos uma língua portuguesa que é diversa”, celebrou a ministra Margareth Menezes durante a cerimônia. 

Silviano Santiago dedicou o prêmio ao escritor Mário de Andrade, e falou em discurso sobre os sentimentos ambíguos ao saber da premiação, no segundo semestre de 2002:

“A pandemia tinha instaurado o medo e a infelicidade no planeta. Desaparecem as cenas de multidão e se multiplicam as fotos de covas e de retratos de pessoas tristes e ensimesmadas. O silêncio e o caos tomam conta das famílias e das ruas que, no Brasil, padecem o descaso administrativo do Ministério da Saúde e do próprio governo nacional. Não há clima digno para ambientar e encorajar o fluxo da autoestima e da alegria sentido pelo cidadão brasileiro contemplado. Nosso 2022 não será fácil de ser esquecido. Ao final do ano de 2022, o resultado das eleições trouxe alento. Trouxe de volta ao povo brasileiro a possibilidade de se concretizar no dia a dia a esperança e o sonho duma nação mais igualitária e solidária. Era urgente a reconstrução meticulosa de um país da América do Sul que esteve a perigo de desaparecer no caos. 

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Lanço os olhos para a infinita imensidade desse agora que vivo e vivemos e dedico o Prêmio Camões a Mário de Andrade, meu mestre. Em 1942, proibido pelo Estado Novo de falar no auditório do Itamaraty, Mário lê, na Casa do Estudante do Brasil, o seu sofrido testamento sobre o legado do Modernismo brasileiro. Ao final, a reflexão ensaística do mestre se torna pessoal e se exprime por palavras que roubo no momento em que agradeço a presença ilustre de todas e de todos neste auditório. Repito as palavras de Mário de Andrade: ‘E se agora percorro a minha obra já numerosa e que representa uma vida trabalhada, não me vejo uma só vez pegar a máscara do tempo e esbofeteá-la como ela merece. Quando muito lhe fiz de longe umas caretas. Mas isto, a mim, não me satisfaz.

A literatura brasileira que eu expressei e continuo expressando em língua portuguesa está a ponto de passar por abalos sísmicos que serão duradouros. Foram desejados e esperados, agora são exigidos e concretizados. Bem-vindos sejam os novos protagonistas. Elas e eles ganham palco pela força também secular da resistência e se representam humana e artisticamente por emoções e sentimentos originários e autênticos”, disse o autor durante seu discurso de agradecimento. 

Nascido na cidade de Formiga (MG), em 29 de setembro de 1936, Silviano Santiago é ensaísta, poeta, contistas, romancista e professor. Considerado um dos maiores escritores brasileiros da atualidade, é autor de cerca de 30 obras – entre as quais, os livros “Em liberdade” (1981), “Uma história de família” (1993) e “Keith Jarret no Blue Note” (1996). Sua produção já foi traduzida para o inglês, espanhol, italiano e francês. Entre as premiações já recebidas pelo autor, constam: Prêmio Jabuti (1982, 1993 e 2017); Prêmio ABL de Ficção, Romance, Teatro e Conto (2009); Prêmio Machado de Assis (2013); Prêmio Iberoamericano de Letras José Donoso (2014) e Prêmio Oceanos (2015).

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