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OLÁ,

A curiosa história da composição de “Como Uma Onda” vai te surpreender

Lulu Santos e Nelson Motta nunca encontraram para fazer esta canção que virou sucesso absoluto do disco "O Ritmo do Momento" (1983) e segue como hit atemporal

Por Redação Bravo!
3 fev 2025, 08h00
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Lulu Santos em 1984, já um cantor de sucesso (Ricardo Chaves / divulgação/acervo rede Abril)
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O processo de composição da dupla Lulu Santos e Nelson Motta é marcado por uma peculiaridade: os dois nunca se encontraram para fazer canções. Nelson não gostava, preferia que o parceiro gravasse suas novidades em uma fita cassete para depois, sozinho, ir engendrando versos que se conformassem aos contornos melódicos e às dimensões harmônicas da música.

Um dia, no início dos anos 1980, Lulu ligou para Nelson e anunciou que tinha uma nova música à espera de uma letra. Por coincidência, Nelsinho — como era carinhosamente chamado por Lulu e por outros artistas para os quais havia trabalhado como produtor, entre eles Elis Regina e Tim Maia — também tinha uma letra pronta que queria mostrar a Lulu.

O sincronismo, entretanto, não foi a ponto de resultar numa só canção. Com a letra que Nelson viria a compor, a música de Lulu foi intitulada “Como uma Onda”. Já a letra de Nelson, musicada por Lulu, receberia o nome “Palestina”, canção lançada no primeiro disco de Lulu, Tempos Modernos, de 1982.

Aos 38 anos, Nelson Motta vivia, segundo o próprio relato, o paraíso e o inferno na terra por ser dono da histórica casa de shows Noite Cariocas, no morro da Urca, no Rio de Janeiro. Em meio aos excessos da geração yuppie, o jornalista e produtor musical buscava equilíbrio espiritual, um contraponto ao hedonismo que seduzia os freqüentadores do Posto 9, trecho mais cult da praia de Ipanema.

Nelson fez a letra inspirado no poema O Dia da Criação, de Vinicius de Moraes. Imerso em livros de Jorge Luis Borges e em textos sobre zen-budismo, o letrista produziu versos como “a vida vem em ondas como um mar”, intimamente ligados ao subtítulo pouco lembrado da canção: Zen-surfismo .

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Assim como a letra, a música também tinha características que a distanciavam do que vinham fazendo Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso e outros protagonistas daquela geração do pop-rock nacional. Lulu, que havia despontado como grande revelação do gênero após seu primeiro LP, enveredava por uma musicalidade mais influenciada pela tradição brasileira, um estilo definido por Nelson Motta como “bolero-havaiano-pop”.

Para o lançamento do segundo disco, O Ritmo do Momento, de 1983, a gravadora (WEA-Warner) queria que a música de trabalho fosse “Adivinha o quê”, mas Lulu insistiu em “Como uma Onda” como a faixa que deveria capitanear o álbum, contra a resistência geral, inclusive do produtor Liminha, que achava a canção “muito Roberto Carlos”.

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No dia da decisão sobre qual seria a canção de trabalho, o compositor colocou sua preferida para tocar e teve como resposta o deboche de dois divulgadores, que se abraçaram e dançaram passos de bolero ao som de Como uma Onda.

Mas a performance não tirou de Lulu o direito à palavra final, que passou uma semana ouvindo rádio para acompanhar a execução da canção na qual apostava. No sétimo dia de vigília, deitado na cama e girando o dial, escutou Como uma Onda tocar oito vezes em apenas três horas. Era o ponto de partida para a carreira de uma canção que, somadas as vendagens de O Ritmo do Momento e das coletâneas posteriores, alcançaria a marca de 3 milhões de cópias.

Ouça a música “Como uma Onda” na íntegra, em apresentação Ao Vivo de Lulu Santos, abaixo:

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Qual é a letra completa de Como Uma Onda (Zen-surfismo), de Lulu Santos e Nelson Motta?

Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo no mundo
Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no
Nada do que foi será
(De novo do jeito que já foi um dia)
(Tudo passa, tudo sempre passará)
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo no mundo
(Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar

*Parte do texto acima faz parte do especial da Bravo! 100 Canções Essenciais e foi originalmente publicada em 2008 

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Capa da edição especial de Bravo!: 100 canções essenciais (Bravo!/acervo rede Abril)
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