Relembre os sucessos de Arlindo Cruz, ícone do samba brasileiro, que morreu aos aos 66 anos
O compositor vinha lidando com as sequelas de um AVC hemorrágico sofrido em 2017

Morreu nesta sexta-feira (8) o grande sambista carioca Arlindo Cruz, aos 66 anos, informou sua esposa, Bárbara Cruz. Ele estava internado no hospital Barra D’Or, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, e vinha lidando com as sequelas de um AVC hemorrágico sofrido em 2017.
Compositor, cantor e multi-instrumentista, Arlindo ganhou destaque nos anos 1980 ao substituir Jorge Aragão no grupo Fundo de Quintal — já existente desde a década de 1970 —, onde permaneceu até o início dos anos 1990. O grupo nasceu das rodas de samba realizadas no bloco carnavalesco Cacique de Ramos e tornou-se um dos precursores do pagode moderno.
A paixão pela música veio de família, herdada do pai e do tio. Aos 7 anos, Arlindo ganhou seu primeiro cavaquinho; aos 12, já tirava músicas de ouvido. Mais tarde, estudou violão clássico na Escola Flor do Méier, no Rio. Aos 15 anos, mudou-se para Barbacena (MG) para ingressar na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAr), instituição militar de ensino da Força Aérea Brasileira voltada à formação equivalente ao ensino médio e à preparação para a Academia da Força Aérea. Mesmo ali, sua inclinação musical falou mais alto: participou do coral da escola, compôs suas primeiras músicas e se apresentou em festivais em Barbacena e Poços de Caldas.
De volta ao Rio de Janeiro após concluir os estudos militares, mergulhou nas rodas de samba do Cacique de Ramos, convivendo com nomes como Jorge Aragão, Beth Carvalho, Beto Sem Braço, Sombrinha, Zeca Pagodinho e Almir Guineto. Suas composições rapidamente começaram a ser gravadas por outros artistas, inaugurando uma trajetória que resultaria em mais de 500 canções registradas por intérpretes do samba e da MPB.
Entre seus maiores sucessos estão Lição de Malandragem, Novo Amor, Só Pra Contrariar, É Sempre Assim e Casal Sem Vergonha. Também assinou sambas-enredo memoráveis, como E Verás que um Filho Teu Não Foge à Luta (Império Serrano, 1996). Na discografia, destacam-se álbuns como Arlindinho (1993), Pra Ser Feliz (1998), Batuques e Romances (2011) e Batuques do Meu Lugar (2012), que contou com participações de Zeca Pagodinho, Alcione, Caetano Veloso, Seu Jorge e Marcelo D2.
Em 1993, deixou o Fundo de Quintal para seguir carreira solo, lançando no mesmo ano o álbum Arlindinho. Em 1996, gravou Da Música, sucesso de vendas. Ao longo dos anos 2000 e 2010, manteve o “Pagode do Arlindo” e colaborou com artistas de diferentes estilos, popularizando as rodas de samba entre as novas gerações.
Em março de 2017, pouco antes de viajar para um show em Osasco (SP) do projeto “2 Arlindos” — ao lado do filho Arlindo Neto —, sofreu um AVC hemorrágico que comprometeu sua fala e mobilidade. Desde então, passou por longo tratamento, cercado pelo carinho da família e de fãs.
Sua morte gerou grande comoção. Artistas, personalidades políticas e seu time do coração, o Flamengo, prestaram homenagens. Em nota oficial, o clube destacou o orgulho de tê-lo como torcedor ilustre e exaltou sua contribuição para a música brasileira e para a cultura popular.
“O Clube de Regatas do Flamengo lamenta profundamente o falecimento do ilustre rubro-negro e Sambista Perfeito, Arlindo Cruz, nesta sexta-feira (08), aos 66 anos.
Ícone do samba, multi-instrumentista, compositor genial e voz marcante da cultura brasileira, Arlindo sempre levou o nome do Flamengo com orgulho, embalando gerações com seu talento e sua paixão pelo Mais Querido.
Nossos sentimentos aos familiares, amigos, fãs e a toda a nação do samba. Seu legado permanecerá vivo nas arquibancadas, nas rodas de samba e no coração da Nação Rubro-Negra.”
Relembre alguns de seus maiores sucessos:
Meu Lugar
Será que é amor